segunda-feira, 18 de julho de 2016

Sobre meu reflexo. - Fábio Fernandes


Sei que muito se fala "o que vale é o caráter".
Pois bem, o caráter é algo que subsiste de si mesmo, ou seja, se tem ou não. Porém atinge-se um determinado momento em que chegamos a cair no senso comum de acreditar que precisamos ser narcisistas, se amar acima de tudo e não ver nossos defeitos e imperfeições físicas, externas e  socializadas; tanto, que exageramos nessa divagação adoradora de nós mesmos. Vale a pena vivermos o que somos, nossa essência, bla, bla, bla e muitos textos prontinhos... Mas e se nossa essência “apenas” não preencher nosso ego? Não há como negar que nos achamos sempre especiais nesse território vitalício, que atribuímos valores a nossas ações, que gostamos de elogios a uma crítica perversa e necessária, mesmo que essa venha ser de natureza produtiva. Nos escondemos muitas vezes em sorrisos amarelados, mecânicos e hipocritamente afirmamos uma real felicidade.

Será mesmo que estamos satisfeitos com nosso corpo, nossa aparência exteriorizada? Porventura não seria melhor emergir das nossas zonas de conforto e tentar reagir ao descaso e ao suvenir sedentário? Será mesmo que se nos despirmos dos nossos egos infláveis vamos ser mesmo felizes e realizados apenas por sermos portadores de caráter incontestável?  Será que nossa autoestima está em alta? Será que cultuar nossas carcaças nos torna fúteis? São dilemas que queremos de certo modo ignorar.


Creio que se soubermos dosar nosso intelecto e externar um contentamento de nós mesmos, sem estar sendo artificiais pode nos ajudar a afirmar nossas incapacidades e dificuldades de aceitar o plano mutável. Eu não penso estar bem por certos momentos, a imagem relaxada e de certo modo esquecida torna-me um ser pensante e que aceita o conceito de “beleza” apenas teoria filosófica e como uma forma emergente de consolo. Até onde devemos buscar o caráter da beleza? Será mesmo que somos seres felizes? Enquanto isso, seguimos a divagar.

Nenhum comentário: