quinta-feira, 5 de outubro de 2023

JUVENTUDE TEATRAL LAJENSE

O grupo Juventude Teatral Lajense tem se mostrado importante no cenário artístico do município de Lajes no Rio Grande do Norte. Como estou a frente do projeto, gostaria de divulgar nessa página virtual um pouco do retrospecto do grupo até a corrente data desta publicação. 

Leitura do experimento Alzira Mulher 

Em agosto de 2020 em meio ao contexto de pandemia do Covid-19, a gestão municipal de Lajes por intermédio da secretaria municipal de esporte e cultura promovia uma volta de jovens às praticas artísticas, visando reestabelecer os processos artísticos e também reestruturar as artes cênicas em Lajes, reaproveitando jovens e adolescentes aluno-atores que antes compuseram um coletivo teatral escolar iniciado em 2013 na Escola Municipal Dr. Eloy de Souza e finalizada em 2018 justamente com a peça Alzira Mulher, que foi apresentada no Festival de teatro escolar da UERN (FESTUERN).

Debate sobre algumas propostas do grupo

A princípio, debater sobre o fazer teatral visava perceber a importância da arte no cotidiano de jovens e adolescentes que até então se viam num processo de redescoberta e de mudanças na vida social. Deste modo iniciou-se um processo autônomo e de grande importância na arte cênica local, quando jovens resolveram criar um novo coletivo artístico, o Juventude Teatral Lajense. A peça tema do grupo estava mirado em Alzira Soriano, por isso, o texto base para ser trabalhado na sua primeira montagem, foi Alzira Mulher (2008), sendo apresentado de forma bem modesta no programa da web tv em Natal e depois na FEMPTUR do ano de 2021, daí então o grupo não parou de receber convites para se apresentar em natal, mostrando também o talento de seus jovens na Mostra Cultural Brasil Mostra Brasil do mesmo ano.

A história do surgimento de Lajes contada no inicio do espetáculo Alzira Mulher.


Alzira Mulher (2023)

Ainda em 2021, surge a primeira parceria com outro coletivo cultural, a junina sensação da cidade de Fernando Pedroza, e a partir dessa parceria, a Juventude Teatral Lajense apresenta de forma grandiosa dentro da programação da festa da padroeira, o espetáculo temático à padroeira do município lajense, com a peça Oratório de Conceição. Desafio esse que teve duas apresentações no total, durante as festividades religiosas e também na edição do festival literário de Lajes (Flilajes). Já em 2022, o grupo retoma suas atividades com a proposta de ampliar o espetáculo Alzira Mulher, dessa vez, ganhando o status de espetáculo de médio porte. Inicia-se os ensaios do espetáculo, juntando a história de Alzira Soriano com um pouco do surgimento de Lajes aliado à teatro e dança, daí resulta num espetáculo relevante dentro da programação de Uma noite no palácio, e no dia 29 de Abril estreia o grandioso espetáculo, sendo reapresentado no dia seguinte, sendo visto por autoridades da política estadual como a própria governadora do estado do Rio Grande do Norte e também familiares da própria anfitriã.

Experimentos em áudio visual - Gravação de videoclipe

Após essa meteórica apresentação, na qual o grupo foi o primeiro que abriu portas pra contar essa história num espetáculo de tamanha relevância. Seguiu-se a programação junina, em que  na ocasião, o grupo divaga na tradição popular dos festejos juninos e cria a encenação O Casamento de Xitinha e Zé Quadriculado, abrilhantando a programação junina do município e de cidades vizinhas, além de se apresentar também na FEMPTUR pela segunda vez consecutiva juntamente de outra nova montagem que contava um pouco da cultura lajense, o espetáculo Lajes: No Meio de Tudo, montagem essa que permeava o imaginário popular e promovia o turismo em Lajes. Ainda no mesmo ano, o grupo encerra o ano com mais uma montagem teatral, no qual contava a historia do nascimento de Cristo no contexto local, essa era a peça O Auto do menino Deus e Lajes a Cidade Escolhida.



Lajes: No meio de tudo (2022)

Em 2023,  o grupo ainda ativo apresenta uma dança popular alusiva ao Boi de reis do Rio Grande do Norte, trazendo para a festa de reis, um folguedo popular de grande relevância para a efervescência de nossa cultura. Logo após a CIA de jovens atores de Lajes se prepara para a viagem mais longa que um grupo teatral lajense já percorreu. O grupo de jovens atores ganha o Brasil e vai até Brasilia-DF representar a cultura lajense e divulgar Alzira Soriano na Marcha dos prefeitos, dando uma visibilidade ainda maior às praticas teatrais do grupo. A Juventude teatral Lajense inicia a montagem do segundo espetáculo Alzira Mulheres, agora com um figurino novo, investido pela gestão municipal, equipando o acervo do grupo e dando possibilidade de ter material físico para trabalhar. Atualmente o grupo encontra-se em reconstrução de elenco, devido à muitos componentes terem se evadido, para atuar em outros projetos pessoais, de estudo e profissionais, culminando com um coletivo aberto à toda a comunidade que anseia em fazer teatro.

Juventude Teatral Lajense em Brasília - DF (2023)


 




quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

FABIO FERNANDES - Biografia em forma de cordel

 

BIOGRAFIA

Trinta de Janeiro de 1986, No hospital maternidade Aluízio Alves. Oito horas da manhã. Vem ao mundo Fábio Fernandes.


Na terra do cabugi
Onde todos nós vivemos
Um lajense apareceu
E nós o agradecemos
Pra fazer arte e poesia
Com carinho o recebemos.

Seu nome é Fabio Luiz
Da família dos Fernandes
Neto de seu Ludonias
Homem forte e incessante
Lá da fazenda Barreiras
Um lugar aconchegante

Filho de dona Raimunda
E de Francisco das Chagas
Viveram anos de seca
Tomando aguas salgadas
Pois não tinha adutora
pra cessar a sede amarga.


 

Com três anos de idade

Segue o destino comum

Pois a vida complicava

Emprego não tinha um

Seu pai na dificuldade

Foi embora pra Assu

 

Já na terra da poesia

Sustentou bem a família

Vendendo artesanato

E outras especiarias

Não tinha uma formação

Mas havia alegria

 

 

Observando seu pai

Vivendo a cada dia

Aprendeu a desenhar

E outras alegorias

Se expressava livremente

E até mesmo na poesia

 

Mesmo o pai sem formação

Foi quem o alfabetizou

Toda tarde rotineira

Ensinando dedicou

Pois o gosto de estudar

Foi seu pai que incentivou

 

No quintal de sua casa

Circo era a brincadeira

Vivia de palhaçada

Não havia outra maneira

De se descobrir que a arte

Era sua companheira

 

Na escola estadual

Conheceu a arte cênica

Um palquinho pequenino

Mas com grande eficiência

Interpretou um esquilo

Com tamanha eloquência

 

Uma infância dividida

Entre Lajes e Assu

Na terra do cabugi

Num apego incomum

Não esqueceu a origem

Chão querido só tem um

 

Já com 19 anos

Resolve ir estudar

Foi embora pra Natal

E queria se formar

Resolveu cursar teatro

Pra sua terra regressar

 

26 anos depois

Regressa a sua terra

Pra ensinar sua arte

À cidade que o carrega

Um lajense inovador

Com a arte em sua cela

 

Na escola Eloy de Souza

Criou grupo teatral

Ajudou a ganhar prêmios

E escola deu moral

Conquistou o festuern

Viajou até Natal

 

Ensinando a arte pura

Se encontrou na docência

Capacita cidadãos

A buscar a consciência

Lecionando todo dia

Cultivando a paciência

 

Hoje na nossa cidade

Olha lá o professor

É grato por todo mundo

Que e ele confiou

Regressar à sua terrinha

Que pra sempre o conquistou.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

RELATOS DE MINHA INFANCIA - (DIVAGAÇÕES)



Me chamo Fabio Fernandes, em 30/02 de 1986 eu nasci em Lajes no RN. Meus pais se chamam Raimunda e Francisco. Com relação a minha infância, logo pequeno vivenciei um pouco a minha família na cidade de origem, vivi em Lajes por pouco mais de 3 anos de idade, lembro de brincar na praça, nos canteiros floridos e de assistir TV na praça em frente a minha casa, na época era comum ter uma televisão nas praças, onde se reuniam pessoas pra assistir jornais, filmes e novelas. Isso era normal, uma vez que naquela época (década de 80) ter um aparelho de televisão a cores era artigo de luxo, o mais básico assistia em tv preto e branco.

No inicio dos anos 90 fui com minha família pra Assu. Meus pais sem qualificação e estudos pendentes e incompletos nos sustentavam com o que aparecia pra fazer, minha mãe sempre foi mulher do lar e meu pai fazia de tudo um pouco... Lembro que ele tinha um cachorro que se chamava Lupe, e era domesticado, fazia coisas que é atípico para um cachorro normal, coisas como rolar no chão seguindo comandos do dono, fazer compras com o dinheiro na boca, rodava, andava com duas patas, fingia de morto... E uma memoria que me marcou foi quando esse cachorro morreu, meu pai sempre o soltava com a corrente amarrada no pescoço pra passear na noite, certa vez ele pulou o muro do vizinho, a corrente enganchou e ele morreu enforcado no lado do vizinho, lembro de ver meu pai triste, cabisbaixo enterrando o cachorro. Isso me fez sentir afeto pelos animais. Também era normal na minha infância brincar de circo no fundo do quintal, fazer palhaçada, brincar de esconde-esconde, jogar bola na lama, tomar banho de chuva com os amigos e vivenciar uma infância sem muita violência, drogas explicitas e também sem celulares. Certo que não tínhamos tanta informação como as crianças de hoje tem, porém vivíamos num nível de inocência maior. A vida era mais palpável, real e menos virtual.

Na TV era comum assistir desenhos animados e ir pra escola e comentar sobre os episódios e personagens, meu sonho era poder assistir animes na TV Manchete, pois só podia acessar esses canais se tivessem antena parabólica, outro objeto disputadíssimo, o rádio era nosso relógio e telefone mantinha-se como artigo de luxo. Conforme o tempo passou aprendi que hoje em dia as crianças não respeitam mais a hierarquia, não chama os mais velhos de senhor e senhora, não dizem obrigado, bom dia, boa tarde e boa noite e acima de tudo, não vivem na coletividade pois estão presas na ilusão da virtualidade, vivendo numa grande solidão.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

ARTE CRISTÃ PRIMITIVA

A Arte Primitiva Cristã divide-se em dois períodos: antes e depois do reconhecimento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano.
O reconhecimento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano foi feito pelo imperador Constantino, no Édito de Milão no ano 330 da nossa era.
- A Fase Catacumbária
A fase anterior ao reconhecimento chama-se Catacumbária, porque as suas principais manifestações ocorreram nas catacumbas, cemitérios subterrâneos, verdadeiros hipogeus, nos quais os primeiros cristãos sepultavam seus mortos e mártires.
A fase catacumbária estende-se do I século ao início do IV século, precisamente ao Édito de Milão.
- A Fase Cristã Primitiva
A fase posterior ao reconhecimento, quando o Cristianismo deixou de ser perseguido e substituiu, oficialmente, entre os romanos, as crenças do paganismo, tem sido determinada Arte Latina por alguns historiadores. Deve ser chamada, porém, de modo mais adequado, Arte Cristã Primitiva propriamente dita.
Essa fase, Arte primitiva Cristã, desenvolve-se dos anos de 330 ao de 500, quando as artes do Cristianismo começam a dividir-se em dois grandes ramos - um oriental e outro ocidental.

A Fase Catacumbária

Estende-se do século I ao início do século IV. Corresponde, portanto, à época das perseguições movidas aos cristãos, com maior ou menor intolerância e crueldade, por imperadores romanos. A perseguição desenvolvia-se praticamente em todo o Império, em algumas partes com mais brandura, especialmente em certas regiões da Ásia Menor, nas quais houve mesmo tolerância com a nova religião, que se misturava com velhos cultos pagãos locais, vindos dos egípcios e caldeus. Por isso mesmo, ali são mais precoces as transformações da primitiva arte cristã.

domingo, 12 de abril de 2020

PAPA SEBO DO SERTÃO - TRAILER



Trailer do filme Papa Sebo do Sertão. Projeto cinematográfico do Ator e diretor Fabio Fernandes. Nesse trabalho, a questão da solidão na velhice é abordada de forma dramática num conflito entre pai e filho.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

LAJEDOS DE MIM



Aqui entre os rochedos
Planto uma nova história.
Numa terra tão deserta
Que é digna de glória
Dou inicio a uma fazenda
Que ficará na memória.

Abro então o meu terreno
Ao povo necessitado
Gente brava, lutadora.
De presente e passado
O Rio Grande do Norte
É o chão presenteado

Entre as pedras e lajedos
Inicia a empreitada
Adentrando a caatinga
Por nós admirada
Será Lajes, a querida.
Uma terra encantada.

Bem próximo ao cabugi
Referencia importante
A cidade foi crescendo
E ficando elegante
Região localizada
Na barriga do elefante



A terra do Cabugi
Pro caixeiro viajante
Abrigava com carinho
Esse povo tão marcante
No inicio da historia
Se torna bem importante

Na união caixeiral
No caminhão da cobal
Nos trilhos desse progresso
O crescimento é geral
Aqui passa BR
Chegando lá em até Natal

Lá no mercado central
Tem muita mercadoria
Tem bebo chato roendo
Meiota de noite e dia
Pode até não ter dinheiro
Mas não falta alegria

Por aqui também viveu
Homens de grande valor
Como Raul Capitão
Papa Sebo, aboiador
E coronel Juvenal
Outro grande morador

Dona Nonosa, Carolina
Totó de Sebo e Paixão
Como o brilhante Beluca
Que é sem comparação
Vou citar até mais gente
Quelé e Chico Pilão

Minha terra tem idoso
Com grande desenvoltura
Que preserva a família
Popular e com bravura
O Senhor e a senhora
Fazem parte da cultura

Itaretama, lugar de pedras.
Bem na região central
Nas trilhas da ferrovia
Levava pedras de sal
Para vários os lugares
Saindo lá de Macau

Politicamente séria
A cidade aumentando
Crescendo pra  todo lado
De vagar se completando
Pois a mulher pioneira
Foi Alzira Soriano

Arrebentou o machismo
Mostrou que a mulher podia
Ter voz em meio a todos
Com grande sabedoria
Representou nossa terra
Com tamanha maestria.

Primeira prefeita eleita
Mostrou que a mulher é forte
Também pode se mostrar
Competência sem ser sorte
Nas paginas de nossa historia
Honra o Rio Grande do Norte

Desse tempo para cá
Muita coisa aconteceu
Os trilhos da ferrovia
A ferrugem envelheceu
Não há mais pedras de sal
Mas ninguém se esqueceu

Aqui as vezes faz sol
Aqui as vezes cai chuva
Aqui é uma terra árida
Montanha de bico pontuda
E o povo sempre clamando
Pedindo a deus que acuda

A serra do feiticeiro
O pico do cabugi
Bico torto e Caraúbas
São terras que tem aqui
Barreiras e salgadinho
Lembranças de que vivi

Uma infância diferente
Celular não tinha não
Brincadeira lá na praça
Com uma televisão
Chico Pereira vigia
Com um chicote na mão

Na cidade do lajedo
Agua veio com fartura
Deixando de ser salobra
Para toda criatura
Viva aquela adutora
E também a água pura

A cidade enfim cresceu
Muita coisa acontece
Pessoas aqui visitam
Alguns até com prece
Agradecem por viver
Nessa terra do Nordeste

Quem diria que a terrinha
Seria lugar querido
É solo abençoado
Um povo forte e amigo
Sou feliz em ser lajenses
Isso eu digo e repito.

Lajes e sua grandeza
Não cabem aqui no cordel
Transcrevi com poucos versos
O que sinto pro papel
Essa terra é poesia
É o ouro do anel

E se acaso me encontrar
E eu negar o meu lugar
Eu vou ter que te falar
Pra você memorizar
Lajes é a poesia
É riqueza potiguar.

SOL CABOCLO - FÁBIO FERNANDES


SOL CABOCLO

Desde que me tenho por gente
Vou buscando a minha razão
Era um caboclo inocente
Que bem prestava atenção
As coisas que se mostravam
Na vida do meu sertão.

Observando a jurema
Sentindo o cheiro da terra
Passando o fervor da urtiga
Que arde na pele e na serra
O cacto e a umburana
Algaroba de baje amarela

Caminhando pela terra
O sol castiga o lugar
Causticando corpo franzino
Que a fome insiste em tocar
Respiro o orvalho febril
Que a noite vem nos mostrar

Dia nasce e sol retoma
Outrora no grande sertão
Calejado fico tenso
Aumentando o amarelão
Rei do fogo sagrado!
Ilumina meu torrão.
A vazante da lavoura
Já não armazena água
É que a chuva viajante
Vez a gente se esbarra
Ela molha e logo some
Na penumbra se espalha

O carneiro só o osso
Apresenta seu martírio
Mato seco não encontra
Procurar é o principio
Mesmo assim sacrificado
Nele pesa seu oficio

Nosso olhar sobre essa dor
Refrigera o coração
Já cansado do labor
Que permeia esse chão
Estiou o corpo inteiro
E ventou no coração

Olho a geografia
Percebendo sua essência
Busco ser um resistente
Nessa grande penitencia
Calejando os meus dedos
Me sobrando paciência


Tarde quente sol acima
Castigando a labuta
No caminho que partilha
Todos vêm na sua culpa
Ignorando o desejo
Esse caboclo reluta

A pretensa mansidão
Já se foi sertão a dentro
Rebentando o coração
Hoje sem contentamento
Vejo fé se acabar
Só não cessa meu lamento

Em meio a essa penumbra
Meu martírio continua
Todos os meus devaneios
Não se encontram, criatura
Meu anseio é esperança
Que a dor breve recua...

E o sol?
Ah! Esse é rei
Sabe ser trono
Sabe ser forte
Sabe ser dia
Sabe ser morte.