Ao estudarmos as linguagens artisticas e sua trajetoria, notaremos que o século XX caracterizou-se pelo surgimento de novas formas de compreendermos o fenômeno teatral. Em meio a varias dessas maneiras de compreensão da arte teatral, é possivel destacar a teoria de Antonin Artaud, que foi totalmente desenvolvida na obra "O Teatro e seu Duplo" (Le Théâtre et son Double) . Configura-se numa filosofia teatral, uma revolução na forma de conceber essa manifestação artística.
Esta é possivelmente, uma reação diante de fórmulas teatrais esquemáticas e ultrapassadas, Artaud afirmava que o teatro deveria ser considerado como um Duplo, não da realidade cotidiana e direta da qual foi reduzido a ser uma cópia inerte, mas de uma realidade perigosa e arquetípica.
Para tornar-se essencial, o teatro deve nos dar tudo o que pode ser encontrado no amor, no crime, na guerra ou na loucura. Tem que ser desenvolvida a idéia de um teatro sério que ultrapasse todos os nossos preconceitos, que implique uma crueldade, uma ação extrema levada aos últimos limites, sem, portanto, deixar de ser uma realidade verossímil. Artaud concebe um espetáculo dirigido ao organismo inteiro (orgânico), no qual haja uma mobilidade intensiva de objetos, gestos, signos, que seriam utilizados em um novo sentido, já que o teatro requer uma expressão no espaço.
Antonin Artaud acredita que é de fato importante acabar com a sujeição do teatro ao texto. A linguagem teria que ir mais além das palavras, ser também uma linguagem de sons, luzes, onomatopéias, incluir música, dança, pantomima, mímica, efeitos de toda espécie. Na obra é proposta toda uma revolução dos elementos teatrais, a ruptura com a noção tradicional: a concepção do espaço, da cenografia, da indumentária, entre outros. Artaud portanto reitera, que o ator é um elemento de fundamental importância (pois o êxito do espetáculo depende de sua interpretação eficaz), uma espécie de elemento passivo e neutro, já que é negada a ele toda a iniciativa pessoal.
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