segunda-feira, 17 de março de 2025

Olhar sensível fotográfico sobre o inicio de uma vida nos entornos da caatinga nordestina


Desafiando-me sempre nas possibilidades de expressar o olhar sensível da arte sobre as variantes imagens da vida, experimentei à ousadia de fotografar um lindo processo cotidiano. Ao aventurar-me nas estéticas culturais disponíveis, vislumbrei uma sessão de fotos que fazia a junção da estação gestacional com as imagens culturais e o laço materno que gritava em cada detalhe do experimento.
 
O sertão nordestino aliado a forte peculiaridade da caatinga, esse importantíssimo bioma exclusivamente brasileiro que compreende cerca de 11% do território nacional e cerca de 70% da região Nordeste. Pelo fato de Apresentar uma grande biodiversidade, não seria diferente  nas inúmeras possibilidades poéticas de expandir o olhar fotográfico. Ainda sem técnica e numa perspectiva experimental.
No papel de grande entusiasta de nossa vegetação como assunto artístico, não poderia deixar de expressar um primeiro plano com um ângulo agudo de 90º graus evidenciando uma espécie vegetal que sugere a vida como elemento a se transpor em meio ao processo imagético e de certo modo poético. 
Acessórios ligados ao cangaço também compõem o look da modelo que ao se entregar ao processo não nega a identidade visual e cultural de mulher forte e resistente do sertão. Esse em que a mulher se torna símbolo de força e resistência diária. Seria uma clara citação à Maria Bonita? Diretamente não, mas indiretamente a junção de elementos podem sugerir essa possibilidade representativa à personalidade de nordestina de fato.


 É nítido o poder romantizado na região catingueira, muitas das vezes estereotipada como lugar de seca e falta de vida. Desconstruindo essa visão cristalizada, a arte fotográfica experimenta dialogar o movimento artístico com a visão poética  da resistência cultural nordestina.  Percebe-se que a discriminação é causada por fatores de ordem social, econômica e cultural por alguns setores de outras partes do país ocorrendo não só pela região geográfica, mas também preconceito de classe e etnográficas. O casal se encontrando, mostrando a ponte familiar do afeto refaz o pensamento firme da família que resiste aos embates. E nesse intuito, a arte se revela uma forte depoente de resistência.


O sol, não mais se apresenta como uma espécie de anti-herói, mas numa perspectiva poética que faz jus a beleza visual de uma vida a se apresentar ao mundo. O pôr do sol a encandear-se, nas mãos unidas e no pequeno par de sapatos de lã artesanalmente concebidos pelo artesanato de crochê, inicia um ciclo de passos importantes em meio ao grandiosos processo na complexa roda da vida.
 


As poéticas da família que se reinventa é o ápice desse processo tão ilustre. A arte se mostra viva e sugere uma nova visão acerca do sertão catingueiro. A Arte é testemunha desse processo.


Texto e Fotos:
Fábio Fernandes 

Modelo: Rayane

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