terça-feira, 8 de março de 2016

Protagonistas femininas em destaque no Porta Curtas!

Uma data de luta


O Dia Internacional da Mulher tem origem nas manifestações de operárias de fábricas americanas que brigaram por melhores condições de vida e trabalho no início do século XX. Ainda hoje, a data não é motivo de celebração, mas de luta contra a desigualdade de gênero e de repulsa contra todos os tipos de opressão.

O Porta Curtas apoia o protagonismo feminino em todas as carreiras e reivindica um cinema com mais espaço para os pontos de vista das mulheres. São elas que dominam a home especial desta semana, sendo representadas pelos trabalhos das brilhantes Juliana Rojas (em destaque), Anita Rocha da Silveira, Eva Randolph, Ana Luiza Azevedo e Eliana Fonseca. 
Equipe Porta Curtas
 
O Duplo
Silvia é uma jovem professora. Certo dia, sua aula é interrompida quando os alunos veem seu duplo pela janela. Ela tenta ignorar a aparição, mas o evento perturbador passa a impregnar seu cotidiano e alterar sua personalidade. 

Detalhes da obra 
Gênero: Ficção
Diretor: Juliana Rojas
Duração: 25 min
Handebol O Bom Comportamento 
Bia é uma garota como muitas outras: gosta de rock, handebol, sangue.
Férias no acampamento de verão. Os celulares ficam guardados enquanto os adolescentes fazem atividades ao ar livre. Desconhecida dos outros jovens, Laura tenta se adaptar.
3 Minutos Esconde-Esconde 
Três minutos. O tempo de deixar um recado. De passar o bastão e correr 1600 metros. De cozinhar um ovo. O tempo de tomar uma decisão que pode mudar sua vida, antes que caia a ficha.Fernanda Torres e Raul Barreto interpretam um casal que fica trancado numa casa isolada em uma noite chuvosa. Resolvem brincar de esconde-esconde. Ela se esconde. Ele procura. A casa transforma-se numa imensa caixa de surpresas, onde algo terrível pode acontecer a qualquer momento. E acontece. São 13 minutos de humor e suspense.

  
 

segunda-feira, 7 de março de 2016

Buster Keaton: o Rei do Riso Que Não Ria









Buster Keaton.

As novas gerações e até mesmo algumas mais velhas não o conhecem nem à sua obra.

Um dos maiores comediantes do século XX. Faleceu na data de hoje em 1966.

Keaton foi considerado o grande rival de Chaplin. Protagonizava filmes mudos.

Porém sua principal característica é que jamais sorria nos filmes. Sempre sério era capaz das maiores tiradas de humor.

O humor nos filmes de Buster Keaton, basicamente, se fazia através das chamadas gags; corridas, quedas, fugas. Uma das grandes inovações de Keaton, no entanto, é o fato de sua comédia se basear num personagem impassível, que mantém as mesmas feições diante dos fatos ocorridos

Keaton nasceu no final do século 19 nos bastidores do vaudeville. Seus pais eram artistas deste gênero de variedades.

Entrou em decadência quando do surgimento do cinema falado e por um péssimo contrato que fez com a nascente Metro Goldwin Mayer.

Foi reabilitado pelo próprio Chaplin no filme "Luzes daRibalta" da década de 50.

Na tv às vezes se apresentam suas comédias, e você pode encontrar seus filmes em boas locadoras que tenham filmes cult.

DISPONIVEL EM:
http://www.ciaatemporal.com.br/2016/03/buster-keaton-o-rei-do-riso-que-nao-ria.html

sexta-feira, 4 de março de 2016

ARTE POTIGUAR - 10 filmes dirigidos ou estrelados por Potiguares que merecem ser assistidos



 Em prol a valorização da produção cultural norteriograndense, venho aqui mostrar alguns filmes produzidos por artistas potiguares que merecem se dúvida ser prestigiados com louvor! 

*Essa é uma postagem original do site "curiozzzo".

Filme: Avenida 1


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A Avenida 1 é uma importante avenida da cidade de Natal, por que? Porque foi simplesmente a primeira avenida da cidade, e ela ganhou um filme só pra ela. O filme é dirigido por Toinho Castro com Lenira Castro, e foi feito a partir dos depoimentos da Lenira, que viveu os anos 40 e 50 em Natal-RN. Lenira era uma menina que, da sua rua, a Avenida Um, acompanhou as alegrias do cinema, do circo, as expectativas da Segunda Grande Guerra e da Copa de 50. Histórias de uma infância e juventude vividas plenamente numa Natal que, nas suas palavras, “era uma fazenda iluminada”. As serestas, as brincadeiras de rua, as viagens de trem até o Recife e, por fim, um encontro que mudou tudo. E o mundo nunca mais foi o mesmo.

Veja o trailer em:

https://vimeo.com/37666598



Abraço de Maré: do asfalto ao mangue


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Este filme é um curta-metragem dirigido por Victor Ciriaco, um jovem cineasta potiguar de 20 anos. As filmagens duraram dez dias, mas todo o processo chegou a três meses. O filme conta a história do casal Biluca e Ilton, e seus três filhos, que moram em uma casa pequena entre o mangue e o Rio Potengi, e aborda também o cotidiano dessa família, que mora lá há doze anos. Ilton é pedreiro, mas quando não está trabalhando nessa área, se torna pescador para poder sustentar a família.

Segundo a fonte as dificuldades foram muitas, primeiro pela inexperiência da maioria da equipe, o próprio Victor estava estreando como diretor de uma produção desse tipo. Ainda se contam algumas dificuldades técnicas, como filmar em cima de um barco, com todo aquele balanço; em alguns momentos a equipe precisou enfiar o pé na lama literalmente, e outros empecilhos dificultaram um pouco as filmagens. Mas graças também ao excelente trabalho da editora Pipa Dantas, o filme ficou bem melhor do que eles mesmos imaginavam, conseguindo até mesmo superar as expectativas, pois como Helio comentou: “o objetivo principal era não passar vergonha”.

Infelizmente esse aqui não tem trailer disponível até a conclusão deste post.

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Três Vezes Maria


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Este aqui foi dirigido por Marcia Lohss, virou curta metragem mas era para ser uma série. Maria Dolores que todos chamam de Dorinha, Maria Aparecida que é conhecida por Cida e Maria Apolônia, a fogosa Paloma, vivem e trabalham no Cabaré do Onório em Santo Antônio do Salto da Onça, uma cidade do interior do RN. Após a morte da cafetina, dona do cabaré, Onório se vê no desafio de administrar o prostíbulo herdado que vive um momento difícil. Na noite da reinauguração do cabaré, as Marias terão que tirar força da amizade entre elas, para suportar a dor neste lugar onde não há espaço para lágrimas.
Veja o Trailer:





Sailor


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Mais um curta-metragem – desta vez de ficção – dirigido pelo potiguar Victor Ciriaco. O filme narra um encontro inesperado de Pedro um marinheiro, que está diante de uma relação gay nunca antes vivenciada por ele, e Johnny, outro marinheiro que veio de longe e desperta uma paixão avassaladora entre os dois. Ainda inexperiente nesse campo, o jovem Pedro se vê completamente fisgado por Johnny, quando os dois se conhecem ocasionalmente em uma festa e iniciam uma relação.

Veja o trailer:

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Janaína Colorida Feito o Céu


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“E se você acordasse em um banheiro público e não soubesse nada a seu próprio respeito?” Poisé, este filme é dirigido pela potiguar Babi Baracho e tem um roteiro misterioso e intrigante.

Janaína Colorida Feito o Céu narra um dia na vida da protagonista que, apesar de não saber seu nome, mantém uma serenidade arrebatadora diante da condição em que se encontra e das situações de risco que se coloca.

O curta-metragem mostra o desafio da protagonista de redescobrir sua interação com o meio em que a cerca a cidade dando, ao longo desse processo, novos significados aos lugares e pessoas ao seu redor. O filme promove um novo olhar sobre o meio urbano, uma vez que ele faz parte dessa narrativa intensa e surpreendente.

O mais interessante é que a obra faz uma homenagem aos lugares mais bonitos e clássicos de Natal como a ponte Newton Navarro e a Cidade Alta, e tem cenas legais que pelo trailer dá realmente vontade de ver. Babi Baracho pareceu mesmo querer dar ênfase a cenas que envolvem rostos, sorrisos, o sol da cidade, o mar, e etc. O filme recebeu até prêmio (Melhor Fotografia no Cine Curtas Lapa) no Rio de Janeiro.

Veja o trailer:

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O Menino do Dente de Ouro


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Este é um filme de Rodrigo Sena encenado pelos garotos Davi Allyson, Douglas Santos e Renato Oliveira. O filme conta a história do Wesley, garoto de 12 anos, que na ida para o colégio acaba se envolvendo em um negócio lucrativo e também um tanto perigoso pelas ruas de Natal. Sena arriscou-se em um elenco de garotos que nunca tinham atuado antes mas quem viu disse que ele acertou em cheio na escolha. As gravações ocorreram no centro do Alecrim e Passo da Pátria, envolvendo cerca de 30 profissionais. Não existe trailer ainda mas esta capa me deixa de verdade com vontade de assisti-lo.

Infelizmente esse aqui não tem trailer disponível até a conclusão deste post.

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Sob a Sombra da Estrela


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Este curta é um suspense que conta a história de Lara e Léo, dois jovens mochileiros youtubers que percorrem o Brasil atrás de mitos e lendas documentando relatos e conhecendo lugares. Foram muitas as histórias contadas pelo casal de amigos, mas tudo não passava de crendice popular até os dois chegarem à Baia Formosa, no RN. Lá eles descobriram que à sombra da Mata Estrela coisas estranhas acontecem. 

Alguém me falou que o local mostrado nesse curta, a tal Mata Estrela, realmente é sinistro. Lá é  uma floresta enorme, de mata fechad, onde o dia vira noite e dá pra se perder fácil. Negócio meio Bruxa de Blair, talvez alguma inspiração pro filme, vai saber.

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Incontinências


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Este filme carregado de toques caseiros e poesia é dirigido pelo jornalista Paulo Dumaresq e reúne belas imagens de Natal-RN como o cemitério do Alecrim, o Parque das Dunas a Pinacoteca Estadual entre outras. O filme fala de uma mulher sem identidade que perambula por espaços públicos da urbe em busca de si mesma. Em cada cenário, ela assume um personagem (puta, louca, suicida, riponga, viúva). Nesse vaguear, recita poemas e emite pensamentos. Paulo diz que Incontinências é uma homenagem ao cinema.

Veja o trailer:


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Noturnos


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Este curta moderno e recheado de poesia é dirigido por Carito Cavalcanti e Joca Soares, recebendo até prêmio de Melhor Fotografia. O filme é concebido a partir das poesias de Nina Rizzi e faz um passeio bem interessante pela noite da cidade de Natal-RN, se reconhecendo no olhar da câmera, na força e dramaticidade das mulheres do filme. É bem legal aqui ver lugares bastante frequentados da cidade no período da noite como a praça da Ribeira, o largo da rua Chile e etc.

Veja o trailer:


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Vixe Boy Dei Valor


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Essa molecada tem talento e você vai ver isto neste curta que foi produzido para o IV Festival de Baía Formosa, realizado em novembro de 2013 no RN. Como o tema do Festival era 1 minuto no País do Futebol o diretor pensou em fazer algo que fosse um pouco mais crítico, visto que a Copa do Mundo no Brasil segundo ele trouxe vários problemas políticos, econômicos e sociais sob o pretexto de “deixar um legado”. “Gostamos muito de um comentário feito pelo Lucas Soussumi da Abpi-TV quando mostramos o curta durante a época da votação que o definiu como ‘sutil, mas agressivo'”. Pensamos que a mensagem de um filme não precisa e nem deve ser didática, mas sobretudo poética. Na sinopse descrevemos: Junior, garoto de 10 anos de idade, faz a alegria dos seus amigos com um presente bastante criativo.

Curto porém bem produzido, gostei!

Veja o curta:


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Impressionante, hein? Palmas! Tem muita coisa aqui que fiquei torcendo pra crescer e ter continuidade. Parabéns artistas e produção. Mandem novidades sobre estes projetos para o blog que eu publico na hora!

DISPONIVEL EM:
http://curiozzzo.com/2015/04/06/10-filmes-surpreendentes-criados-dirigidos-e-estrelados-por-potiguares/

Van Gogh em movimento



O filme ‘Loving Vincent’ é a primeira animação a usar somente pintura a óleo. O longa, que celebra a vida do pintor holandês, é baseado em mais de 100 quadros e 800 cartas.
https://www.youtube.com/watch?v=GMyJkJrEKV8

O Abissal Natural de Rogrigo Braga

por
 
Nascido em Manaus em 1976, mudou-se prontamente para Recife, onde graduou-se em Artes Plásticas pela UFPE (2002). Em 2012 recebeu o Prêmio Pipa/MAM-RJ Voto Popular e em 2013 o Prêmio MASP Talento Emergente. Possui obras em acervos particulares e institucionais no Brasil e no exterior, como MAM-SP, MAM-RJ e Maison Européene de La Photographie – Paris. Atualmente vive no Rio de Janeiro.

É na fotografia que Rodrigo Braga encontra a mídia que consegue transfigurar suas ideias, seu mundo imaginário interior em objeto plástico com transparência. Seu contato quase brutal com a natureza, do homem e do ambiente, expõe sua intimidade abissal. Seu repertório de signos grotescos transpassa a inerente característica viceral da própria natureza humana. Suas 'instalações' desnudam a conexão homem-natureza, trazendo para a superfície dos sentidos a intensidade desta integração, vital para a sobrevivência e para o autoconhecimento do homem. A plasticidade que o artista consegue mostrar é nua, crua e viceral assim como a própria natureza em si e a essência humana na sua forma mais pura. Seu trabalho em vídeo é uma extensão de seu repertório plástico e coloca em movimento sua relação com a natureza.
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Na série 'Comunhão', Rodrigo Braga mostra sua conexão com a natureza de um bode. Retrata de forma explícita, quase sensual, a relação que falta aos humanos 'modernos', entre o ser e seu relativo, neste caso em específico o bode. A tecnologia de hoje permite que nos conectemos com muita facilidade mas a relação entre homem-natureza se perde cada vez mais a medida que nossa interação com a tecnologia aumenta.
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A parte mais interessante do trabalho de Rodrigo Braga é mostrar, cruamente, de uma forma quase explícita, a relação que vem se deteriorando em consequência do mal uso que fazemos da tecnologia hoje em dia como substituta da própria realidade. O artista nos lembra, grita para quem quiser escutar, que a natureza do homem não pode ser concebida sem a relação homem-ambiente, e que esta junção nunca poderá ser desfeita. Sua obra é infinita e sua plasticidade pitoresca é única e individual, sua impressão digital.
ilhario.jpg Numa sociedade que preza pelo irreal, que vê o mundo através da tela de um aparelho que cabe na palma da mão ou numa tela situada num móvel de um lugar seguro e confortável, Rodrigo Braga nos alerta para esta questão de sobrevivência como espécie humana que não pode ser concebida sem a integração com a nossa natureza animal.
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Usuários de Drogas São Retratados Antes e Depois do Abuso de Substâncias

por
 
Veja o retrato chocante de usuários de drogas antes e depois do vício.

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Em série intitulada "Half", o fotógrafo inglês Roman Sakovich nos dá um vislumbre das diferenças visuais drásticas que o abuso de substâncias pode causar.
Roman apresenta imagens compostas pelo antes e depois, e nos mostra duas linhas de tempo: à esquerda, um não-usuário de drogas; à direita, um viciado em drogas. Com esse projeto, Roman deseja expor as escolhas que podemos fazer para mudar nosso destino favoravelmente, ou não.
O projeto foi inspirado em parte pela experiência dos próprios amigos de Roman. Ao mostrar o antes e depois de imagens de indivíduos no mesmo quadro, suas fotografias revelam a natureza Jekyll e Hyde exposta por drogas psicoativas.
Uma boa dose de Photoshop foi usada para produzir as imagens, no entanto, o fotógrafo afirma que a maioria dos efeitos foi criado em sua própria câmera, enquanto as pessoas são figurinistas contratados. As transformações foram geradas por uma fusão de composições de design. O resultado visual é impactante. De um lado, vemos o rosto de uma pessoa que até então não usou drogas ao longo de sua existência; por outro lado, observamos cicatrizes e deformações na sua aparência após boa parte da vida sob o uso de drogas.
Roman admite que seu projeto "Half" é, na verdade, um olhar estereotipado e talvez superficial do abuso de substâncias. Mas não deixa de ser eficaz.
O fotógrafo promove ao espectador uma ótima visualização dos efeitos nocivos do uso de drogas em nossos corpos. Confira as imagens:
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Que permaneça Imaculada: a Vida e a Arte

por Haylane Rodrigues
A fronteira entre arte erótica e pornografia. A beleza resulta de colocar a vida humana, sexo incluído, a uma distância tal que se torne possível vê-la sem desgosto ou prurido.

Anne Hollander escreveu sobre a circunstância de o nu ser, na nossa tradição, mais despido do que desnudado: um corpo marcado pelas formas e materiais daquilo que habitualmente o cobre. Em Ticiano o corpo descansa, tal como faria se estivesse protegido do olhar por um véu. É um corpo vestido por roupas invisíveis. Assim como somos incapazes de separar o corpo de uma mulher completamente vestida do seu rosto e personalidade, também somos incapazes de fazê-lo no caso de um nu de Ticiano. Ao pintar o corpo do modo descrito, Ticiano supera a qualidade escondida do corpo, a sua natureza de fruto proibido. Este efeito desapareceria se o rosto fosse substituído por um esterótipo produzido em série, ao estilo de Boucher. Nele, o rosto é algo que aponta para o corpo, é a sua razão de ser. Em Ticiano não temos bem o contrário disto, pois a emoção presente na pintura reside certamente na coloração em tons de carne, na luz, na suavidade e na promessa de uma forma feminina completa. Só que em Ticiano o rosto mantém a sua vigilância sobre esta forma, afirmando o seu direito de propriedade sobre ela, removendo-a do nosso alcance. Trata-se de arte erótica, mas não é, de todo, arte concupiscente. A vénus não está a ser-nos mostrada como um possível objecto do nosso desejo. Ela está a ser-nos negada, a ser integrada na personalidade que calmamente olha por aqueles olhos e que se ocupa de pensamentos e desejos próprios.
Quando Manet pintou a famosa boulevardienne da Paris do século XIX na pose da Vénus de Ticiano, a sua intenção não era apresentar o corpo desta como um objecto sexual, mas revelar um tipo de subjectividade mais forte.
thumbnail.jpgManet, Olympia: o corpo desinibido.

A mão na coxa da Olympia de Manet não é a mão que Ticiano pinta, educada nas carícias inocentes e que repousa com um toque delicado. É uma mão rude e experimentada, que lida com o dinheiro, à qual é mais fácil agarrar do que acariciar; uma mão que é usada para afastar impostores, inadaptados e depravados. A expressão sabida não oferece nem esconde o corpo, mas lá tem a sua maneira de dizer que aquele corpo está completamente ao meu dispor. Olympia dirige-se ao observador com um olhar avaliador, perspicaz; um olhar autêntico, que é tudo menos erótico. O grande bouquet de flores oferecido pelo criado deferente mostra quão fútil é abordar esta mulher com gestos românticos. A pintura capta um intenso momento de individualização, um momento que tem relação, embora ironicamente, com o momento de individualização da Vénus de Ticiano. Estamos na presença desta mulher usando as lentes da sua própria consciência. A relação entre identidade própria e consciência de si torna-se vívida na rigidez do seu reclinar. Ela não repousa na cama, antes parece pronta para dela pular. É uma bela pintura, embora a sua beleza não seja a daquela mulher que sobre os lençóis balança os seus chinelos.
Eros e desejo
A questão levantada por Platão no Banquete e no Fedro mantém-se tão pertinente hoje como o era na antiga Grécia: que lugar há, no desejo sexual, para o objectivo individual? Visto como simples impulso, o desejo pode ser satisfeito por qualquer membro do sexo relevante. Nesse caso o indivíduo não pode ser o verdadeiro objecto do desejo, uma vez que ele ou ela é apenas uma instância do homem ou da mulher universais. Visto como força espiritual, no entanto, o desejo é igualmente indiferente ao indivíduo. Se ele é visado, é-o devido à sua beleza, e a beleza é um universal, que nem pode ser consumido nem possuído, apenas contemplado. Em qualquer dos casos, o indivíduo é irrelevante e é excluído - o desejo físico não o alcança e o amor erótico transcende-o. Quer na visão de Platão quer na dos medievais, o indivíduo encarnado não existe como objecto do amor - um sorriso sem carne posto em éter, como o de Beatriz no Paraíso.
Gradualmente, após a Renascença, a perspectiva de Platão da condição humana perdeu o encanto e os sentimentos eróticos começaram a ser representados na arte, música e poesia pelo que são. Em Vénus e Adónis de Shakespeare a deusa do amor veio definitivamente do céu para a terra, tornando-se não apenas num símbolo da paixão física, como também uma vítima dela. Milton retoma a história no seu retrato de Adão e Eva, uma representação dos «ritos misteriosos do amor conubial», na qual o corpo tem enorme importância, não como instrumento mas enquanto presença física da alma racional. O corpo deixa o sorriso em éter; ao invés, o sorriso realiza-se no corpo, embora, como disse Milton, «os sorrisos da razão fluem, e são o alimento do amor». Assim, Adão e Eva são seres totalmente carnais, estando «no Paraíso, nos braços um do outro».
O objectivo de Milton não é dividir a deusa do amor como o fez Platão, mas mostrar o desejo sexual e o amor erótico como inseparavelmente ligados, completando-se e legitimando-se um ao outro. Dryden, em Inglaterra, e Racine, em França, também retrataram o amor erótico como ele é, a saber: um predicamento de indivíduos incorporados, para quem a vontade, o desejo e a liberdade são feitos de carne. Estes escritores entenderam o amor erótico como uma espécie de cruz que a condição humana tem de carregar, um mistério ao qual o nosso destino terreno está ligado e do qual não podemos escapar sem o sacrifício de uma parte de nossa natureza e felicidade. No entanto, a primeira Renascença florentina reteve a concepção platónica e medieval do erótico. A este respeito, a distância que medeia entre Dante e Milton tem paralelo na que vai de Botticelli a Ticiano. Enquanto a mente platónica da Idade Média e da primeira Renascença conceberam o objecto do desejo como uma premonição do etéreo, a mente moderna vê o objecto do desejo simultaneamente como racional e mortal, com todo o desamparo, dor e tristeza que daí advém.
Arte e Pornografia
A ascensão da alma pela mão do amor, que Platão descreve no Fedro, é simbolizada pela Afrodite Urânia, a Vénus pintada por Botticelli, que por acaso, foi um ardente platónico e membro do círculo platónico que girava em torno de Pico della Mirandola. A Vénus de Botticelli não é erótica; é uma visão da beleza celestial, uma visitação vinda de esferas de outra natureza, mais elevada, e um convite à transcendência. Ela é decerto precursora, e ao mesmo tempo descendente, das virgens de Fra Fillippo Lippi: precursora, no seu significado pré-cristão; descendente, ao absorver tudo o que foi alcançado na representação da Virgem Maria como símbolo da carne imaculada.
A reabilitação pós-renascentista do desejo sexual lançou os alicerces de uma arte erótica genuína, que viria a exibir o ser humano como sujeito e também como objecto do desejo, sem que aquele deixasse de ser um indivíduo livre, cujo desejo é um favor concedido conscientemente. Contudo, essa reabilitação do sexo leva-nos a levantar uma questão que se tornou uma das mais importantes para a arte e para a crítica da arte no nosso tempo: saber qual a diferença, se alguma há, entre a arte erótica e a pornografia. A arte pode ser erótica e também bela e simultaneamente pornográfica - assim cremos, pelo menos. É importante perceber porquê.
Ao distinguir o erótico e o pornográfico, estamos realmente a distinguir dois tipos de interesse: o interesse na pessoa incorporada e o interesse no corpo - e, no sentido que eu tenho em mente, dois interesses incompatíveis. O desejo normal é uma emoção interpessoal. O seu propósito é uma entrega livre e mútua, que é também a união de dois indivíduos, este e aquele, através dos seus corpos, decerto, mas não meramente enquanto corpos. O desejo normal é uma reação pessoa a pessoa, que procura a identidade que oferece. Os objectos podem ser substituídos uns pelos outros, os sujeitos não. Os sujeitos, como Kant persuasivamente defendeu, são indivíduos livres, a sua não substituibilidade liga-se ao que eles essencialmente são. A pornografia, como a escravidão, é a negação do sujeito humano, uma forma de ignorar o mandamento moral que afirma que os seres livres têm de tratar-se entre si como fins em si mesmos.
Pornografia soft
A ideia pode ser exposta à luz de uma distinção. A pornografia dirige-se a um interesse da fantasia, ao passo que a arte erótica vai ao encontro de um interesse da imaginação. Assim, a primeira é explícita e despersonalizada, enquanto a segunda convida-nos para a subjectividade de outra pessoa, apoiando-se na sugestão e na alusão, em vez de na exibição explícita.
O propósito da pornografia é incitar o desejo vicariante; o da arte erótica é retratar o desejo sexual das pessoas nela representadas - se ela, além disso, também incita aquele que a vê, como acontece por vezes com Correggio, isso é um defeito estético, uma «queda» noutro tipo de interesse que não aquele que aponta à beleza. A arte erótica põe, assim, um véu sobre o seu objecto, por forma a que o desejo não possa ser traduzido e expropriado pelo observador. A suprema realização da arte erótica é fazer com que o corpo ponha ele próprio um véu sobre si - dando a própria carne uma expressão de decência que interdita o voyeur, fazendo assim com que a subjectividade do nu se revele, mesmo naquelas partes que estão fora da esfera da vontade. É isto que Ticiano alcança, e o resultado é uma arte erótica ao mesmo tempo serena e nupcial, que põe o corpo totalmente fora do alcance do interesse sórdido dos «mirones».
Olhemos agora para A Menina O'Murphy de Boucher e veremos quão diferente é a intenção artística.
Boucher_Maedchen_WRM_2639_01.jpgBoucher, A Menina O'Murphy (L'Odalisque Blonde): o corpo impudente.
Esta mulher adoptou uma pose que não poderia assumir se vestida. Trata-se de uma pose que não tem lugar na vida quotidiana, tirando no acto sexual. Esta postura atrai a atenção para si mesma, uma vez que a mulher olha calmamente para o outro lado, não parecendo estar preocupada com algo em especial. A pintura de Boucher vai contra as normas da decência ainda de outro modo, visto que não encontramos, no quadro, qualquer razão que justifique a pose da Odalisca. Ela está sozinha, não olhando para algo em particular, não ocupada com outro acto que não aquele que está à vista. O lugar do amante está ausente à espera de ser preenchido, sendo o espectador convidado a ocupá-lo.
Há obviamente diferença entre a Odalisca e os peitos e traseiros na página 3 do The Sun. Uma delas é a diferença geral entre pintura e fotografia - a primeira, uma representação de ficções; a segunda, uma apresentação de realidades (mesmo se ajustadas pelas artes gráficas ou pelo photosoftware). O mínimo que se pode dizer é que o traseiro na página 3 do The Sun é tão real como parece e seu interesse reside nisso mesmo. A segunda diferença está ligada à primeira, ou seja, não temos de saber o que quer que seja acerca da Odalisca de Bocher, tirando o que a pintura nos diz, para apreciar o efeito pretendido. Houve um modelo que posou para esta tela. No entanto, nós não interpretamos a tela como o seu retrato, nem como uma pintura em que a pessoa do modelo seja o tema. Os traseiros na página 3 do The Sun têm um nome e uma morada. Muito frequentemente, o texto que os complementa diz-nos muito acerca da própria rapariga, encorajando-nos a avançarmos com a fantasia do contacto sexual. Para muita gente, penso que com razão, isto indicia uma diferença moral decisiva entre a página 3 do The Sun e uma pintura como a de Boucher. A mulher da página 3 é empacotada com base nos seus atributos sexuais, tomando lugar nas fantasias de milhares de estranhos. Ela pode não importar-se com isso, presumivelmente isso não acontece. Mas, pelo facto de não se importar, ela mostra quanto já perdeu. Ninguém é degradado pela pintura de Boucher, uma vez que nenhuma pessoal real é representada por ela. Esta mulher - mesmo se o modelo tem um nome e uma morada (ela era Louise O'Murphy, acomodada no Parc aux Cerfs para prazer do rei) - é representada como uma ficção, de nenhum modo idêntica a um ser humano real, não obstante ser pintada a partir da vida.
A questão moral
Não é fácil movimentar-nos no pântano moral da pornografia soft. Numa época como a nossa, em que as imagens mais cruas estão ao alcance de um toque de teclado, em que o Supremo Tribunal dos EUA protege a pornografia hardcore por considerá-la «liberdade de expressão», e quando a sexualidade humana é discutida como se a modéstia, a decência e o pudor nada mais fossem do que ilusões opressivas, é difícil condenar a página 3 do The Sun. Que mal pode fazer? Esta é a resposta natural, e, quando atacada por feministas de pendor censório, até nos é simpática. Mas não devemos enganar-nos a nós mesmos, como acontece com certos comentadores, pensando que o interesse pela página 3 do The Sun é um interesse pela beleza, por um ideal de feminilidade ou por um valor mais elevado que se revela no texto. Pelo contrário, a característica mais importante das raparigas pela página 3 do The Sun é que elas são reais, sendo exibidas como objecto sexual. Mesmo se temos para com elas uma atitude tolerante, e mesmo se têm o papel de compensar aquilo que falta numa vida privada de satisfação sexual, não devemos pensar que elas competem no domínio do interesse estético (nem mesmo do interesse motivado pel' A Menina O'Murphy de Boucher). A tela de Boucher encontra-se na linha divisória entre o estético e o sexual, autorizando os nossos pensamentos a vaguear por território proibido, embora não os alimente com o conhecimento de que esta mulher é real e que está disponível e à mão - o conhecimento que causa o salto da imaginação para a fantasia e da apreciação estética da beleza feminina para o desejo de abraçar uma instância desta.
A discussão sobre a Vénus de Ticiano indicia, penso eu, porque está a pornografia fora do reino da arte, já que ela é incapaz da beleza em si e porque implica a dessacralização da beleza das pessoas que a fazem. A imagem pornográfica é como uma varinha mágica que transforma sujeitos em objectos e pessoas em coisas, tirando-lhes, assim, o encanto e destruindo a fonte da sua beleza. Ela faz com que as pessoas se escondam atrás dos seus corpos, como marionetas operadas por cordas invisíveis. Desde o cogito de Descartes, que a imagem do eu como um homúnculo interior fez cair uma sombra sobre a nossa concepção da pessoa humana. A imagem cartesiana leva-nos a crer que vivemos a vida puxando um animal pela coleira, forçando-o a seguir as nossas ordens até que ele, por fim, entra em colapso e morre. Eu sou um sujeito; o meu corpo, um objecto. Eu sou eu; ele é ele. Neste sentido, o corpo torna-se uma coisa entre as outras coisas e o único modo de resgatá-lo é afirmar um direito de propriedade; dizer: este corpo não é somente um velho objecto, mas um corpo que me pertence. É assim, que a pornografia vê a relação entre a alma e o corpo.
Há, no entanto, uma outra, e melhor, maneira de ver as coisas. Ela explica muita daquela velha moralidade que hoje em dia muitas pessoas dizem não compreenderem. Segundo esta perspectiva, o meu corpo não é propriedade minha, mas - usando o termo teológico - a minha encarnação. O meu corpo não é um objecto, mas um sujeito, tal como eu o sou. Não sou mais dele dono do que de mim mesmo. Estou misturado com ele inextrincavelmente. Fazer qualquer coisa ao meu corpo é o mesmo que fazê-lo a mim. Por outro lado, se o meu corpo é sujeito a um certo tratamento, a minha maneira de pensar e de sentir pode alterar-se. Posso perder o meu senso moral, tornar-me menos sensível e indiferente aos outros, deixar de fazer juízos ou de ser guiado por princípios e ideais. Quando isto acontece não sou apenas eu o prejudicado. Todos os que me amam, que precisam de mim ou que comigo estão relacionados também sofrem com isso, pois causei dano àquela parte sobre a qual as relações são construídas.
A velha moralidade, que nos diz que vender o corpo é incompatível com a oferta do eu, toca numa verdade. O sentir sexual não é uma sensação que se pode ligar ou desligar conforme se quer. É um tributo de um eu a outro e - no seu auge - uma revelação incandescente do nosso ser. Tratá-lo como uma comodidade, que pode ser comprada e vendida como qualquer outra, é causar dano ao eu de hoje e aos de amanhã. Condenar a prostituição é mais do que fanatismo puritano, é o reconhecimento de uma verdade profunda: que nós e o nosso corpo não somos duas coisas, mas uma só; que ao vendermos o corpo endurecemos a alma. O que é verdadeiro sobre a prostituição é-o também acerca da pornografia. Esta não é um tributo à beleza humana, mas a sua dessacralização.
Beleza e eros
Neste capítulo concentrei-me na pintura, de forma a sublinhar a fronteira entre arte erótica e fantasia sexual. A minha intenção era visitar pela última vez a velha perspectiva platónica de que eros é governado pelo princípio da beleza em todas as suas formas, e mostrar, com mais pormenor como isto falseia quer a natureza do interesse estético quer o género de educação moral que a verdadeira arte consegue alcançar. A beleza resulta de colocar a vida humana, sexo incluído, a uma distância tal que se torne possível vê-la sem desgosto ou prurido. Quando se perde esta distanciação e a imaginação é engolida pela fantasia, a beleza pode até permanecer - mas será uma beleza degradada, uma beleza forçada a libertar-se da individualidade da pessoa que a possui. Perde o seu valor e ganha um preço.
Além disso, a beleza humana pertence ao nosso estar num corpo. A arte que «objectiva» o corpo, removendo-o do domínio das relações morais, nunca será capaz de captar a verdadeira beleza das formas humanas. A comparação entre a pornografia e a arte erótica mostra-nos que o gosto está enraizado no quadro mais alargado das nossas preferências, que expressam e encorajam certos aspectos de nosso carácter moral. A luta contra a pornografia é contra o interesse que ela serve, de ver as pessoas reduzidas aos seus corpos, objectivadas como animais, transformadas em coisas e tornadas obscenas. Trata-se de algo que muitos comungam, mas é um interesse em conflito com a nossa humanidade. Ao mostrar-me desfavorável a este interesse, ponho-me de fora da esfera do juízo estético e passo para o problema da virtude e da depravação sexual. A pornografia oferece, portanto, uma vívida ilustração da tese: o padrão de gosto é fixado pelas virtudes do crítico e essas são testadas e provadas na vida moral.
- SCRUTON, Roger. BELEZA. Capítulo: a arte erótica. In Portugal. Editora: Guerra e Paz, 2009.

Voltando as ARTEvidades normais...

Pois é caro leitor, já faz algum tempo que não nos falamos, desde já resolvi voltar a ativar esse blog tão especial pra mim e pra você que sempre acompanhou meu trabalho sobre a arte nossa de cada dia. Espero poder estar sempre com postagens interessantes que envolva a arte e suas dramaturgias. 
ATT. Fábio Fernandes

Os Misterios da Rabeca encerra sua jornada com o brilho do FESTUERN



A peça principal da Eloy Cia teatral em 2015 encerrou seu ciclo numa brilhante apresentação no 11º FESTUERN. O evento ocorreu no último dia 28 de Novembro no Centro Cultural da UERN em Natal-RN. A peça desde que estreou tem sido bem repercutida pelo público e pela crítica, sendo uma das mais conceituadas na categoria estudantil. Estima-se que mais de mil pessoas tenham visto esse trabalho entre as oito apresentações que marcaram seu ciclo, e sem dúvida ficará na memória a performance do grupo cênico nos palcos nos quais "Os Mistérios da Rabeca" estrelou.
A boa repercussão que envolveu o espetáculo teatral lajense, deve-se ao empenho da equipe em buscar primar pela qualidade das encenações. Fazer um teatro escolar que segue a disciplina da arte é um desafio constante no dia a dia da Cia Teatral. São grandes as diversidades, mas o poder de querer mostrar a melhor arte possível reitera a proposta filosófica e reverte as incertezas compostas no decorrer do processo.
 Reviver o duro golpe em Lampião e seus cangaceiros de uma forma totalmente sincrética, podendo "agradar a gregos e troianos" foi de certo modo inexplicável. Pra sempre ficará na lembrança as divagações de Virgulino e seus guerreiros "bandidos Heróicos".
Para Fábio Fernandes, diretor da Cia Cênica: " Montar uma peça dessa natureza engrandece de forma grandiosa a trajetória da Eloy Cia Teatral e credencia o projeto cênico a um marco na arte escolar Lajense". Os Mistérios da Rabeca tem um potencial político muito evidente, os cangaceiros nordestinos liderados por Virgulino Ferreira (Lampião) que  buscam habitar o céu, conflituam-se com os santos que não facilitam o acesso aso lar celestial por serem considerados homens "do mau", porém lutam pra entrar no território sagrado que simboliza a riqueza da terra. A Imaculada intercede por eles que representam as minorias populares, a discussão que circunda esse espetáculo recheado de citações poéticas com versos de Fabião das Queimadas, Musicas da MPB e um repertório vocabular baseado nas vivencias da cultura e tradição nordestina.
O FESTUERN mais uma vez proporcionou a esses pequenos artistas que os palcos da vida são sempre os mais complexos, ja que a vida... "Ah, essa ja é um grande mistério"... Antenados pelo mundo.
 
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