terça-feira, 4 de outubro de 2011

Exposição "Extremos": os limites do homem impressos pela fotografia

O sublime e o terror. O belo e o bizarro. São entre os opostos que percorrem as fotografias selecionadas para a exposição "Extremos", em cartaz no Instituto Moreira Salles de São Paulo, depois de passar por Paris e Rio de Janeiro.
- São Paulo - Com curadoria de Milton Guran e do francês Jean-Luc Monterosso, as 115 fotos da coleção da Maison de l'Amérique Latine aparecem como registro dos extremos do homem, desde o momento mais tenso da vida, o parto, passando pelo medo, a angustia, a morte, o sofrimento, a tensão psicológica, a solidão e as crises de identidade.Montada de maneira bem didática, as imagens são agrupadas de acordo com os temas comuns entre elas. Na sessão "O Extremo na Carne", o corpo humano é colocado à prova, como a aparente autoflagelação de David Nebreda no autorretrato em que está muito magro, com as mãos ensanguentadas e as costelas machucadas, como Jesus Cristo saído da cruz. "Dog Man, Man Dog", foto chocante de Miguel Rio Branco, compara a condição física de um mendigo à de um cachorro, na mesma posição social perante o descaso.Na sala "Do horror ao sublime", cenas históricas da guerra no Vietnã e violência urbana vão do sutil, como os objetos de guerra fotografados como em um catálogo de joias por Raphaël Dallaporta, até o chocante registro de Andrés Serrano das mãos de uma pessoa morta a facadas. Lado a lado, é difícil pensar o que choca mais, se a fumaça da bomba de Hiroshima registrada por George Robert Caron, ou um operário assassinado, de Manuel Alvarez Bravo. A série de Sebastião Salgado em 1991 no Kuwait também é chocante, ao mesmo tempo esteticamente bela com as texturas e profundidades do preto e branco. O extremo da angustia humana está em "Comunhão". Nesta área a série de Rodrigo Braga nu se assemelha ao animal, flertando com um bode; enquanto os ritos religiosos surgem como ponto comum entre comunidades, nos registro de Pierre Verge . "Do elogio da beleza à estética da transgressão" ao lado de "Da critica social ao encanto da transgressão" formam o conjunto de fotografias mais dispare: de um lado Marilyn Monroe belíssima em um vestido de paetês, versus o retrato do preconceito na foto de Elliot Erwite. Um bebedouro refrigerado e uma pia sinalizados, respectivamente, pelas placas White e Colored.Apesar do teor das imagens, "Extremos" não é apelativa e nem faz apologia ao horror. Configura um panorama dos limites da própria fotografia, apontando para olhares ultrajes de profissionais sobre a nossa sociedade ao longo de 65 anos.

Fonte:
Colherada Cultural

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