Por : Fábio Fernandes
Nestes dias , lendo sobre grandes mestres que revolucionaram a história da arte mundial me vi frente à Paul Gauguim. Muito me impressionou, sua pre-disposição à produção artística como elemento de sustentação cotidiana e também de experimento rumo ao novo contexto que a arte lhe conduzira, uma vez que este artista começa a ter contato com o mundo das artes propriamente dito no limiar de seus 25 anos, mais precisamente em 1873, ( período em que casou-se com uma mulher dinamarquesa chamada Mette Sophie Gad, com quem teve 5 filhos. Após romper o casamento Gauguim deixou a Dinamarca e a família, retornando à França para se dedicar a vida artística.
"Mulher com uma flor" (1891)
"Quando você vai se casar?" (Nafea faa Ipoipo?) (1892)
Outra característica que evidencia Gauguim como um artista além do seu tempo, foi a conexão estabelecida entre a Europa e a América do Sul. Suas viagens frequentes ao Perú, revela um homem apegado as suas raízes, uma vez que sua infância foi marcada no continente americano e pelo fato de sua mãe ser peruana. Sem sombra de dúvida esses laços o cativaram a manter a relação França -Perú muito latente.
Como muitos artistas, sua vida cotidiana foi marcada por grandes conflitos familiares, o que de certo modo, ajuda a tornar sua importância ainda maior, visto que os conflitos deliberam um certo valor ao artista e consequentemente reverbera em sua obra, podemos citar por exemplo a vida conturbada de Pollock que re-descobre seu estilo através de muitas tentativas de manter uma arte atual com seu tempo ou até mesmo o proprio Van Gog que foi contemporâneo de Paul Gauguin, este tambem tinha dilemas e conflitos constantes em seu trajeto vital como o fato de cortar sua orelha ao saber que Paul o deixou . Vale salientar que Gauguin sofre muito ao saber que sua filha Aline morreu em 1897 de pneumonia, isso o leva a se sentir culpado por ter de certo modo "abandonado" a família pra viver no Taiti, vindo portanto a tentar o suicídio com doses de arsênico.
"Mulheres de Taiti" (1891)
No Taiti, Paul Gauguin descobre sua verdadeira essência artística, vislumbra nos nativos sua identidade e desmistifica a supremacia europeia na produção artística. É o caso de "Arearea" que revela duas jovens sentadas embaixo de uma árvore, enquanto outras estão em pé há uma certa distancia próximo a estatua de Hina, a deusa taitiana que representa a lua, uma mulher toca uma flauta e a outra encara serenamente o observador, o ponto de ruptura nesse quadro se dá pelo cachorro vermelho cuja presença no quadro tem sido sugerida por alguns críticos como a representação do mal .
"Arearea" (1892)
Um forte exemplo desse formato europeu das coisas está evidenciado no quadro "Manao Tupapau" ( O Espirito dos mortos Vigiando) de 1892 quando Gauguim transfere a imagem do fantasma relacionado ao folclore taitiano, deixando de lado ao ideal colonialista europeu, o pintor também faz referencia à Edouard Monet,no qual teve grande influencia em sua formação artística.
"Manao Tupapau" ( O Espirito dos mortos Vigiando) 1892
Gauguin tambem se expressa no auto-retrato, se colocando dentro de sua obra provavelmente na intenção de mostrar-se parte integrante de sua criação artística.
O mais importante é saber que esse grande artista pós-impressionista vale muito a pena ser lido, visto, pesquisado e sem dúvida faz grande diferença em quem vislumbra ou remete pesquisas em artes.