sexta-feira, 17 de abril de 2009

Esse Mesmo Sorriso


Boa noite!


Será que esse seu “boa noite” foi verdadeiro?

Será que veio de dentro do seu coração?

Ou será que você me retribuiu simplesmente pensando –“Nossa! vou retribuir esse boa noite pra ele não ficar por baixo” . Sabe de uma coisa... ultimamente não acredito mais nas saudações das pessoas, penso estar sempre sendo passado pra traz , será que seu abraço é sincero , seu aperto de mão não já se tornou mecânico? Pois bem, agora me torno cético muitas as vezes, pois vejo que a maior parte das pessoas me aceitam pelo que pareço e não pelo que sou realmente por dentro, o estético virou referência pra definir alguém, ou seja não creio mais em suas saudações.

Nunca na minha vida frequentei delegacia, mas teve uma ocasião que precisei fazer –me presente lá , foi quando fui pedir um atestado de pobreza- “puta que pariu, atestado de pobreza! ” o pior não foi isso, mas lá cheguei como sou na verdade, com minhas sandálias havaianas, meu calção de jogar futebol (adoro jogar bola) meu brinco na orelha , minha barba nitidamente crescida ,meu cabelo pintado e com uma camisa maltrapilha.De cara o senhor delegado foi logo a me recepcionar – O que é que você quer aqui, é algum fugitivo, veio se entregar ? fala logo que tenho mais o que fazer- que coisa não! Simplesmente baixei a cabeça e respondi com voz suave – não, só vim saber como se tira um atestado de pobreza- e saí...

Só Deus sabe como aquilo foi intrigante pra mim, minha vida tinha sido mudada, senti o mais triste e aprisionado dos homens, mas continuei a caminhar.

Em meu quarto humilde me vi diante do espelho e olhei a verdadeira face que tenho, a minha essência , mas não me deixei abater, fui meio louco, mas mudei minha aparência, vesti a melhor camisa que tinha, uma calça social meio desbotada, cortei o cabelo, tirei o brinco calcei o único par de sapatos que penei pra conseguir comprar e pus até uma gravata (que coisa estranha) ou seja :não estava sendo realmente “eu”, o que fiz foi o que a sociedade me força a ser, alguém “certinho” ,que nojo!

Mesmo assim dois dias depois fui a mesma delegacia, e por ironia do destino lá estava o mesmo cara que me tratou como um lixo dias atrás.Fui tão bem recepcionado – pois não senhor, deseja alguma coisa? um cafezinho,? és advogado de algum detento? Fique a vontade... sem pensar duas vezes respondi, não é nada disso senhor delegado, só vim pedir meu atestado de pobreza.Foi como um prêmio ver a cara d’ele ao ver que eu era o mesmo de anteontem ... me vinguei? Sei lá mas me senti menos mal.

E esse seu sorriso , ele é verdadeiro? Pois foi o que eu senti, era esse mesmo sorriso, “esse mesmo sorriso”, será que as pessoas te aceitam como você é, ou te vêm pelo que tu tens?

Desde aquele dia aprendi uma lição: que na maioria das vezes"Os verdadeiros bandidos estão por baixo de um paletó e uma gravata".

Obrigado!

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