quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Documentário potiguar As Dançadeiras de São Gonçalo amplia circuito em festivais e chega ao streaming

O documentário As Dançadeiras de São Gonçalo, dirigido por Jorge Andrade, segue ampliando sua presença nos festivais brasileiros e integra a Mostra Potiguar da 12ª Mostra de Cinema de Gostoso, um dos encontros mais potentes do audiovisual do Brasil, realizado de 20 a 24 de novembro de 2025. 


Além disso, o filme foi selecionado pela Mostra de Gostoso para integrar o programa Filmes Potiguares, exibido na plataforma Itaú Cultural Play, onde ficará disponível gratuitamente entre 24 de novembro e 9 de dezembro.

Com 16 minutos de duração, o documentário registra a tradição da Dança de São Gonçalo, mantida há gerações pelas mulheres da comunidade quilombola Pêga, em Portalegre (RN). No estado, apenas os quilombos Pêga e Arrojado, ambos de Portalegre, preservam essa manifestação, o que torna o registro ainda mais necessário.


A obra se distingue por sua construção estética: em vez de recorrer a narrativas que enquadram territórios quilombolas sob o signo da falta, da dor ou da ausência, o filme propõe uma escuta sensível, construída a partir do afeto, do pertencimento e da escolha política de celebrar a vida, a fé e a continuidade das tradições.

“A dança é um pedaço vivo da história delas. Registrar isso é preservar a memória de uma tradição que existe há gerações e que só continua graças à força dessas mulheres. Buscamos compreender o que motiva cada uma delas a continuar dançando. Mais do que registrar a tradição, queríamos revelar tudo o que carrega sentido e que resiste, mesmo quando não é dito. É uma grande felicidade ver essa história chegando a mais pessoas”, diz o diretor Jorge Andrade.

Lançamento com escuta e cuidado

Antes de iniciar sua circulação em festivais e mostras de cinema, o filme cumpriu um ritual essencial: foi devolvido a quem lhe deu origem.

As primeiras exibições ocorreram dentro das comunidades quilombolas de Portalegre, ainda em 2024. Longe de ser apenas simbólica, essa decisão reflete o compromisso do projeto com a escuta e o pertencimento: apresentar primeiro às mulheres e aos territórios retratados é reconhecer que a história lhes pertence.

Agora, As Dançadeiras de São Gonçalo inicia uma etapa de divulgação mais ampla, com exibições públicas e participação em eventos culturais, reafirmando a importância de colocar em evidência vozes que historicamente foram silenciadas, desta vez, em seus próprios termos.


A força do território contada por suas protagonistas

As Dançadeiras de São Gonçalo se alinha a uma nova estética de narrativas negras e quilombolas: aquelas que nascem de dentro dos territórios, não como representação externa, mas como gesto de autodefinição.


O filme acompanha as mulheres do quilombo Pêga a partir de seus próprios tempos, escolhas e formas de narrar, valorizando o que elas afirmam sobre si, e não aquilo que o olhar de fora costuma supor.

A professora quilombola Ielândia Jacinto, uma das participantes do filme, descreve a potência dessa construção:

“É tão grandioso ver um trabalho sem o manto de induzir o retrospecto da dor alheia. É tão lindo ver a história contada a partir de si, do lugar de fala, e falas de alegria, por saber contar quem é. É um trabalho construído e apresentado com muita ética, respeitando a história de nossas vidas, evidenciando a nossa força e coragem.”

Da serra para o circuito nacional

Além da Mostra de Gostoso, que inaugura em 2025 sua categoria dedicada exclusivamente ao cinema potiguar, o documentário também foi selecionado para o FINC – Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa, realizado nos dias 28 e 29 de novembro, e integrou a programação do Festival Goiamum e do Festival Urbano Cine.

No cenário nacional, a obra circula por outros eventos, como a 7ª Mostra Cinema dos Quilombos, em Belo Horizonte, que acontece em dezembro.

Ampliando ainda mais o acesso ao público, o documentário também foi selecionado pela Mostra de Gostoso para integrar o programa Filmes Potiguares na plataforma Itaú Cultural Play, onde ficará disponível gratuitamente entre 24 de novembro e 9 de dezembro.

Sobre o projeto

O documentário integra o projeto Gente que Faz História, dedicado ao registro das memórias e saberes das comunidades quilombolas de Portalegre (RN).

O projeto valoriza narrativas internas, muitas vezes ausentes das representações oficiais.

A obra conta com apoio do Sebrae-RN (Edital de Economia Criativa) e da Prefeitura de Portalegre, via Lei Paulo Gustavo.


DISPONIVEL EM:

https://blogdouly.com.br/documentario-potiguar-amplia-circuito-em-festivais-e-chega-ao-streaming/

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