Velório
...Choravam cúpulas de vidro,
Debruçadas, por vezes,
Em meio a olhares compreensivos.
E por vezes, deixavam escapar uma só lágrima,
Que jurei já ter se esgotado antes.
Olhei velas e um corpo imóvel,
Enquanto alguém falara suas últimas palavras.
O que arrancara mais comoção,
Ainda mais que o possível.
Não pensei na morte como aquele alívio,
E sim, como a verdadeira solidão.
Lembrei-me de abraçar um ser sem combate,
E nada dizer, a não ser...
Dando um pouco de calor de minhas mãos,
As suas palmas frias e covardes.
Imaginei a mim mesma,
Deitada em sono profundo;
Sem cor, e com algo como um véu,
Impedindo que moscas me sentissem antes do tempo.
Confesso, perturbei a mim mesma.
Não desejo ir!
Não espero que deixe-me ir...
Tão incompreendida... E tão só!
(Lidiane Bl@n¢h3tT)
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