Gostaria de dedicar uma postagem voltada a arte do alfenim, um doce que remete a arte pela sua forma estética e o que ocorre durante no processo de criação.
Na atualidade, no Rio Grande do Norte, um doce de velho sabor, herança do tradicional doce de tabuleiro do Brasil colônia, alegria do paladar e do visual da infância de muitos nordestinos, parece estar desaparecendo. Alfenim, doce muito delicado e frágil, de cor branca, que se apresenta em formas esculpidas de bonecos humanos, animais, flores e o que a imaginação criar. De feitio simplicíssimo, é uma massa de açúcar que se leva ao ponto em que se torna branca e com a qual, enquanto ligeiramente quente, se moldam figuras. A massa é feita exclusivamente com água, açúcar e uma colher de vinagre ou do cítrico limão.
Apesar de simples, o Alfenim tem uma longa história, que começa com os árabes, passa pelos portugueses e aporta no Brasil, onde adquire um forte significado cultural, notadamente no Nordeste açucareiro. Segundo Câmara Cascudo, o Alfenim era uma das gulodices orientais, muito popular em Portugal nos fins do século XV e princípios do século XVI, aparecendo citado em obras de Gil Vicente e de Jorge Ferreira de Vasconcelos. Com o descobrimento e colonização do Brasil é introduzida a cana de açúcar e também toda a tradicional doçaria portuguesa, trazendo entre os variados doces o alfenim, que se fez presença secular na tradição doceira brasileira. Acredita-se que o seu desaparecimento seja fruto da disputa com a química artificial da produção industrial dos novos doces e guloseimas. Segundo, o historiador norte-riograndense, Câmara Cascudo, é “ a máquina substituindo a perícia digital e a produção em série anulando a individualização criadora e sugestiva da invenção pessoal”.
Seguindo a trilha doce do alfenim através da pesquisa histórica, com informações colhidas de forma bibliográfica e documental; como também com a observação realizada em feiras livres e casas comerciais, que vendem artigos sertanejos e artesanatos, na cidade de Natal, procurou-se identificar a presença atual do alfenim na gastronomia do Rio Grande do Norte, sua comercialização e produção.
Na verdade, pode-se concluir ser muito difícil encontrar quem saiba fazer o doce nos dias atuais. O alfenim praticamente deixou de fazer parte da nossa gastronomia de forma efetiva e da infância de muitos jovens nos dias de hoje.
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