por Paulo Sacaldassy
É sempre engraçada a reação das pessoas quando você diz que faz arte, a
primeira pergunta que lhe fazem é: – E você trabalha com o quê? Ora,
fazer arte é o meu trabalho! Parece mentira, mas se você não é famoso,
as pessoas custam a acreditar que a arte seja muito mais do que um
simples “hobby”. É difícil explicar que fazer arte também é importante e
é um trabalho.
Mesmo que você exerça uma outra atividade para suprir suas necessidades,
visto que, pelo fato de circunstâncias alheias à sua vontade,
sobreviver de arte ainda não lhe seja possível e nem possibilite uma
dedicação plena de sua parte, você sabe o quanto a arte é importante,
quantas privações ela te submete, tudo por você acreditar que pode viver
de arte e exercer esse ofício como um trabalho.
Mas as pessoas… bem, as pessoas, sentadas em suas zonas de conforto,
preocupadas apenas em nascer e morrer, se deliciam com a arte, mas não
conseguem enxergar a importância que a arte tem, até mesmo para suas
vidas, que se beneficiam de uma forma ou de outra com o que a arte lhes
tem a oferecer, pois a arte está ali, no filme, na novela, na peça de
teatro. É tão importante para vida delas que elas nem percebem o quanto.
Pois no inconsciente dessas pessoas, a arte é algo que alguém faz apenas
como diversão própria e para o próximo e não como um trabalho honesto
que lhes dê o sustento de vida. A idéia de trabalho industrial incutida
na sociedade, onde jornada de trabalho diária, relógio de ponto, terno e
gravata, macacão e ferramentas, que formam a imagem do que seja um
trabalhador, contribui, e muito, para o quase desdém pelo trabalho que o
artista faz.
Mal sabem essas pessoas, que os trabalhos artísticos demandam uma rotina
de trabalho, disciplina, organização e longas jornadas, quase sempre
exaustivas, de trabalho, seja escrevendo um texto, seja ensaiando uma
peça, seja gravando um filme ou novela. Fazer arte não é diversão, é
trabalho e trabalho muito duro. O fato de sua execução ser efetuada de
forma e ser feita fora de uma sala de escritório, não o torna menos
importante.
A arte também é essencial, tal e qual a quaisquer outras profissões, só
que a arte conta com um diferencial positivo, que outras profissões não
contam: a arte é um trabalho que alguém faz para oferecer ao outro, um
pouco de diversão, fazer com que o dia-a-dia de todos seja mais leve e
que as rotinas das pessoas preocupadas apenas em nascer e morrer, receba
um pouco de sopro de vida. A arte é, ou não é importante?
Disponivel em:
http://ciaatemporal.blogspot.com.br/2013/11/a-arte-nao-e-importante.html
Colaborou: Poucas Palavras de Paulo Sacaldassy; Foto: Ryan Stewart,
Corinne Van Ryck de Groot e Arle Michel em cena do espetáculo "Torn"
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