Considero indispensáel para quem admira arte, conhecer um pouco de Hélio Oiticica:
“A
beleza, o pecado, a revolta, o amor dão a arte desse rapaz um acento
novo na arte brasileira. Não adiantam admoestações morais. Se querem
antecedentes, talvez este seja um: Hélio é neto de anarquista.” (Mário
Pedrosa, no artigo “Arte ambiental, arte pós-moderna, Helio Oiticica”.
In: Correio da Manhã, 26/06/1966)
Oiticia
é um dos mais revolucionários artistas de seu tempo. Seus trabalhos
foram experimentais ao longo de toda sua vida, rompendo com o conceito
de obra de arte, para a relação de proposta entre artista e público. É
reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes artistas da
arte contemporânea.
Como
seu pai era contra o sistema educacional, oiticia estudou com a mãe, no
Rio de Janeiro, até os dez anos de idade. Em 1947, transferiu-se para
Washington, nos EUA, onde estudou até 1950. De volta ao Brasil, começou a
estudar artes com Ivan Serpa, em 1954, no Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro. Neste ano, o Grupo Frente fazia sua primeira exposição. O
contato com Serpa fez oiticia aderir ao grupo a partir de 1955, sendo
seu membro mais jovem. Em 1957/58, fez seus Metaesquemas, quadros em que
a composição é ditada pelo ideal concreto e pela gestalt.
Participou
da I Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956/57, no Rio de Janeiro
e em São Paulo. Foi um dos fundadores, em 1959, do Grupo Neoconcreto.
oiticia é um dos fundadores do grupo, rompendo neste período com a
estética concreta. Suas obras passaram a se preocupar com o corpo em
ações diretas nas obras de arte, lutando contra a atitude contemplativa
por parte do espectador.
Para
isso, era necessário explodir o espaço bidimensional do quadro e
invadir o ambiente. Assim, em 1959 fez seus primeiros Relevos
Tridimensionais. Depois, pintou uma série de quadros em ambas as faces e
os distribuiu no espaço, para que o público caminhasse entre eles. Era
um caminhar entre quadros de cor, uma visão dinâmica e espacial da cor.
Sua
obra passou a propor cada vez mais relações sensórias e corpóreas por
parte do espectador, gerando uma nova percepção de obra de arte, segundo
as reflexões fenomenológicas de Merleau-Ponty. Na II Exposição de Arte
Neoconcreta, em 1961, no MAM-SP, propôs jardins, onde o público tocava
em areia natural, e entrava em um ambiente de cor.
Se
nos Metaesquemas a cor já aparecia, mas estava presa à forma, nos
Bólides, de 1962, ela surgia pura, dentro de recipientes de vidro que
podiam ser manipulados. Em 1964, fez seus primeiros Parangolés, em que o
público podia vestir a cor, dançar e ter a experiência da cor em seu
próprio corpo. É o auge da dessacralização da obra de arte, e da
aproximação entre arte e vida - a arte como extensão do homem. Os
trabalhos deixam de ser “obras” para serem propostas abertas ao público,
e por ele completadas. Mário Pedrosa, para o qual oiticia dedicou um de
seus Parangolés, acreditava que esta nova forma de arte era
revolucionária, pois se preocupava com o coletivo, com o surgimento de
uma nova percepção, de onde surgiria uma nova sociedade.
A
favela foi motivo de diversas obras posteriores, como Penetráveis,
Ninho e Éden. Era uma crítica ao excessivo racionalismo que existia na
arquitetura moderna, que destruía manifestações culturais regionais. A
favela é um problema social que não deve ser tratada como uma opção
estética. Mas a vivência na favela por oiticia foi uma tentativa de
mostrar que não há diferença entre cultura popular e erudita, segundo
seus princípios de democratização das artes. Entre 1967/70, participou
do movimento da Tropicália, fazendo o cenário de shows e capas de
discos; realizou manifestações de cunho político, com a obra Homenagem à
Cara de Cavalo, com a frase “Seja Marginal, Seja Herói”; e atuou no
filme O Câncer, de Glauber Rocha. Durante a década de setenta, viveu em
Nova Iorque, como bolsista da Fundação Guggenheim, retornando ao Brasil
em 1978. Neste ano, seus Parangolés foram pela primeira vez aceitos,
pesquisados e expostos por um museu (em 1965, foram rejeitados pelo
MAM-RJ), na coletiva Objeto na Arte - Brasil Anos 60, realizada no Museu
de Arte da FAAP, em São Paulo. Faleceu em 1980, no Rio de Janeiro,
sendo criado no ano seguinte o Projeto Helio Oiticica.
Disponivel em:
http://universosdarte.blogspot.com.br/2011/06/helio-oiticica.html
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