A FESTA DO BOI
A cultura popular
É rica em poesia
É forró, xaxado e frevo
Com tamanha maestria
É fandango e reisado
Folguedos de alegria
Boi de reis e boi calemba
Boi bumbá, boi de mamão
Simbolizam animais
Dos vaqueiros do sertão
Vou falar para vocês
A base da tradição
Reza o dito popular
Que havia uma fazenda
Tinha um boi dançador
É verdade não é lenda
Se chamava boi Estrela
Preste atenção e aprenda
Lá um casal de escravos
Trabalhava na fazenda
Pai Chico, vulgo Mateus
Era bom de encomenda
Catirina sua mulher
Preste atenção e entenda
Catirina tava prenha
Mesma coisa de gravida
Começou a ter desejo
Coisa doce e amarga
Logo grita por Mateus
E disse o que se passava
Mateus sem perceber
O tamanho do problema
Foi tirar uma brincadeira
Pois o nego não se emenda
Falando pra Catirina
Iniciando a contenda
Meu amor minha querida
O que você quer comer?
Banana, uva, limão
Diga que eu vou trazer
Pra você não me estressar
E o nosso filho nascer
Mateus seu engraçado
Deixe de patifaria
Estou sentindo um
desejo
Pra sair dessa agonia
O que eu to desejando
Vai lhe botar numa fria
Numa fria já estou
Olhe o que aconteceu
Um namoro apaixonado
Entre nós aconteceu
Um bebê você espera
O menino é mesmo meu?
Catirina se estressou
Com o que disse Mateus
Era “braba” que nem peste
Até “Pelamor” de deus
“Não mexa com uma buchuda”
Veja o que aconteceu
Me respeite seu cabra
Ta pensando o que de mim?
Sua boca nunca abra
Pra dizer uma coisa assim...
É claro que o filho é seu
Ou será do Zé Mudim?
Tô buchuda e desejando
Algo bom para comer
É uma coisa especial
Logo tu vai entender
Quero a língua do boi
Para me satisfazer
Mateus se aliviou
Com o que disse Catirina
Foi saindo de fininho
Enrolando a esquina
Comprar um quilo de língua
Na bodega pequenina
Catirina então falou
Que prestasse atenção
Seu desejo pela língua
Do boi sem comparação
Se chamava boi estrela
Preferido do patrão
Que loucura Catirina
Como vou matar o boi?
E tirar sua língua fora
Bom Jesus que me perdoe!
O patrão manda matar
Quando descobrir quem foi
Nessa peleja danada
Com o boi aconteceu
Mateus com sua peixeira
O estrela enlouqueceu
De uma facada medonha
Foi que o animal morreu
A língua do boi estrela
Catirina cozinhou
Saciou o seu desejo
E a fome se passou
Mas a falta do estrela
O fazendeiro notou
Eita bexiga taboca
Me diga quem foi que viu
O meu boi preferido
Mais querido do Brasil
Me ajude a procurar
Boi estrela que sumiu
Mateus log percebeu
O tanto da confusão
Pois matou o boi estrela
Preferido do patrão
Sabia que o fazendeiro
Não lhe daria perdão
Então logo pensou
Na possível solução
Pra tirar dessa agonia
E livrar seu coração
Da ira do fazendeiro
Mais temido do sertão
Conhecia um pajé
Pelo nome Raony
Convidou para dançar
O seu ritual Tupy
Começou a pajelança
Da tribo dos Guarany
Logo o boi ressuscitou
Dançando com alegria
Um festejo popular
No qual alegrava o dia
Vamos ver o boi dançar
Um reizado pra Maria
São José e o menino
Que na bíblia se revela
Sou Mateus de Catirina
Essa minha esposa bela
Vou rezar agradecendo
Pelas bênçãos na capela
Pai Mateus livrou da surra
O bebê logo nasceu
O patrão ficou feliz
Uma festa prometeu
E o boi pelo pajé
Pela dança reviveu.
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