"Setecentos, setecentos e cinquenta. Dou-lhe uma, dou-lhe duas, vendido." O leiloeiro Henrik Hanstein bate o pequeno martelo sobre a mesa, fechando a venda de uma pintura chinesa de um ramo de flores vermelhas e agrião. Um colecionador de Xangai acaba de comprá-la por 750 euros.
Hanstein está rodeado por várias pinturas em preto e branco da dinastia Tang, tigelas de prata gravadas e pratos de 300 anos de idade. Eles enchem a sala do leilão, à espera de seus novos donos.
Parece um típico leilão em Bangcoc ou Hong Kong. Apenas o leiloeiro alemão e a logomarca "Lempertz" sobre sua mesa indicam que o evento na verdade acontece na Alemanha. Uma vez por ano, o diretor-executivo da casa de leilões de Colônia, Henrik Hanstein, realiza um leilão com obras de arte asiáticas.
Réplicas não, por favor
"Quase 95% dos lances e dos arremates são feitos por visitantes chineses", diz Hanstein, que tem interesse pessoal na cultura chinesa.
O marchand explica que, durante o período comunista sob Mao, muitas obras de arte valiosas foram retiradas da China para evitar sua destruição. "Hoje, ricos chineses vêm à Europa para comprar esses objetos de volta".
Adquirir arte asiática na Europa também é considerado uma prova de autenticidade e uma garantia do valor das obras. "Na China existem muitas falsificações, e os colecionadores de arte nunca estão absolutamente seguros", explica Hanstein.O senhor Meng, por exemplo, viajou de Pequim a Colônia. E além de uma foto diante da imponente catedral, Meng pretende levar para casa também um quadro do pintor chinês Huang Zhou, famoso por sua pintura de asnos.
O proprietário do quadro, que é alemão, conheceu muitos artistas em suas viagens à China e trouxe consigo algumas de suas obras. "Então você pode assumir que é uma fonte confiável", diz Meng, que se considera um especialista em mercado de antiguidades chinesas.
Meng explica ainda que sabe mais ou menos o quanto as pessoas estão dispostas a pagar por pinturas como as do artista Huang Zhou, e está preparado para dar lances mais altos do que os colecionadores alemães em Colônia.
Mas Meng não é o único de olho no quatro de Huang Zhou que mostra duas moças com um rebanho de asnos. Outros colecionadores vindos da Ásia dão lances ainda mais altos.
Na Europa é cada vez mais comum ver compradores como ela, que dão os lances por encomenda, explica Meng. Os chineses ricos não têm tempo ou não querem ser vistos em público, então enviam representantes a leilões em Londres, Paris ou Colônia.
"E como a situação econômica atual da China é instável e o yuan é considerado um papel sem valor, cada vez mais pessoas ricas investem em pinturas e porcelanas antigas", diz ele. Esses investidores não colecionam obras de arte, eles também as encaram como um novo tipo de moeda de troca.
Embora não tenha arrematado a pintura que queria, Meng leva de volta para Pequim um vaso antigo no valor de 70 mil euros. Depois de 200 anos, ele conta feliz que seu "bebê" voltará para casa em breve.
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