Nesse extrato cênico, Melk Freitas incorpora em sua interpretação, um pastor paradoxal. A peça é regida por fragmentos bíblicos que citam animais como objetos de enfase, a partir dessa perspectiva surge então esse experimento que coaduna com a questão do consumo de carne e a suposta espiritualidade.
Com: Melk Freitas
Direção: Fábio Fernandes.
Coisas da Carne: Um experimento, antes de ser uma escolha cenica sugerida pelas proposições de núcleos de encenações, propostos pela professora da disciplina Encenação III (UFRN- 2012.1) Prof DRª Naira Ciotti, atende uma fase de investigação dramatúrgica de minha pessoa. Tendo ciência da realização de uma construção com princípios teatrais (práticos), no presente período acadêmico, procurei pesquisar sobre arte contemporânea, performance e happening .
Ao pesquisar um pouco sobre o performer Joseph Beuys, pude perceber através de algumas características de sua obra, a possibilidade de expandir um pouco o anseio de exercitar meios e princípios da performance dentro do curta-metragem de minha autoria. Uma obra que muito me chamou a atenção do Beuys foi “ Eu amo a América e a América me Ama” no qual o artista fica dentro de uma jaula com um coiote num período de cinco dias., ao tomar conhecimento dessa performance, surgiram varias imagens de como transferir para o experimento características pertinentes a esse segmento estético.
Uma frase do Performer que muito me instiga a enveredar por esse caminho é: "Libertar as pessoas é o objetivo da arte, portanto a arte para mim é a ciência da liberdade”( Joseph Beuys)
Opto por localizar a cena num espaço que sugere uma prisão, remeta a um celeiro (curral), através de um confinamento. Pretendo situar o público dentro desse espaço criado a partir dos signos pertinentes ao âmbito rural, para esse efeito proponho pendurar alguns chocalhos nos espectadores antes de entrarem nesse “universo”, minha expectativa a respeito desse recurso cênico é gerar um estranhamento a principio e posteriormente uma aproximação com o fenômeno decorrente.
Durante o confinamento anseio que o público tenha a nítida sensação de que é um animal a beira do sacrifício, uma vez que os chocalhos no pescoço, o confinamento e o vídeo que vão assistir irão de fato propor essas sensações. O vídeo a ser exibido será fragmentos do curta “Coisas da Carne”, no qual pretendo enfatizar as cenas do processo de desova de uma ovelha, busco mostrar este animal vivo e posteriormente abatido. Busco como finalidade gerar no público o questionamento: como posso comer algo que teve vida um dia?
As bases estéticas do experimento estão na observação da imagem fotográfica proposta pelo vídeo, na memória do espectador e na inquietação a respeito do consumismo.
Nesse trabalho, tive o intuito de gerar a reflexão a respeito do tipo de consumismo orgânico, meu anseio consistia em problematizar ainda mais uma questão que acreditamos ser normal e relevante no cotidiano.
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