Por: Fábio Fernandes
O curso de licenciatura em Teatro da UFRN mostrou-se um divisor de águas em minha vida de artista e enquanto sujeito no cotidiano. No entanto, entender os reais fatores que contribuem para esta metamorfose é de inteira importância para a possível compreensão do real sentido de minha formação acadêmica na possibilidade de buscar possíveis respostas para justificar real situação.
No
decorrer do curso, percebo-me como sujeito em fase de constante aprendizado, a
principio vejo logo de cara, um choque de ideologias numa perspectiva na qual
tudo em que acreditava pode não ser de fato único. Este conhecimento ganha
novos ângulos de visão - me refiro ao sujeito que passa a ver uma determinada
informação de outra maneira, e esses anseios me permitem conhecer ou tentar
enveredar por novos caminhos formativos dentro da universidade.
Sempre
vi a universidade como algo estranho e complexo, jamais pensei estabelecer um
diálogo solido com esta, no entanto me percebo dialogando com a mesma partir da
ideia de “não contato”. Portanto quando me torno universitário passo a entender
que a visão que eu tinha não passava de um mero preconceito natural seja pelo
fato de não conhecer o meio acadêmico ou pela frustração de não ter tido acesso
as informações pertinentes ao que viesse a ser entendido como conhecimento de
nível superior.
Como
sujeito atuante nos mais variados processos de vida me tomo como exemplo de
referencia a partir do momento em que atribuo a mim, um determinado valor e
potencial de sujeito, ou seja, me tenho como autorreferencial; vislumbro os
processos de vida tendo a mim como ponto de partida, acreditando que são os
processos vivenciais cotidianos que se adéquam a minha vivencia.
No
entanto, com o passar do tempo começo a ver que existe certa
multi-refenecialidade, há outros processos de vida e de aprendizagem. A arte se
mostra em minha vida como a forma de expressão mais concreta que me possibilita
experimentá-la e a principio não questioná-la. Este exemplo de multirreferencia
artística me permite perceber no processo vivencial pelo qual me torno parte
integrante, desde os primeiros contatos com minha família até o limiar do curso
universitário.
A minha
autorreferencialidade está num sujeito que embora fosse um aluno critico,
percebia que não tinha aportes teóricos para questionar as ideias levantadas
pelos professores durante o percurso escolar, raramente me entrego de “corpo e
alma” aos ensinos relacionados à outra disciplina que não seja arte, sinto que
ninguém fala o mesmo idioma que eu, pois sou um aluno artista – mesmo que no
momento não tenha consciência disto.
Como
ator sinto-me realizado a atuar, via o teatro como emoção (catarse) somente,
jamais imaginei que existia técnica, inúmeras formas e infinitas discussões
acerca do teatro. Sou natural da cidade de Lajes - RN, porem vivi grande parte
da vida em Assu - também município potiguar, minha realidade sempre foi
complexa, nunca me permitiu entender que o meu fazer artístico era de fundamental
importância para os processos da vida cotidiana.
Aos
poucos vou me moldando conforme as vivencias e pessoas que me servem de
referencias, o grande equivoco de minha vida é a falta de leitura, do exercício
da escrita constante na escola, uma vez que passo a simplesmente compor mais
uma cadeira da sala de aula. Pela falta de informações a respeito dos estudos,
me vejo concluindo o ensino médio e sem entender pra que serve a universidade,
esse é outro ponto crucial no atraso do meu processo pedagógico. Logo me vejo
fazendo “jogo de bicho”, ganhando menos de 10 reais por dia, percebo que o
mínimo de leitura e escrita que adquiri no meu percurso escolar está começando
a se perder com o tempo, portanto, me vem o famoso insight, tenho que resgatar o conhecimento que perdi ou que não
tive, mas pra isso me questiono, e uma questão crucial parte da formulação da
pergunta – pra que serviu estudar todos esses anos, se continuo numa vida sem
novos rumos e perspectivas?
Baseado
nos inúmeros questionamentos até então sem respostas, me proponho a formular
uma investigação a respeito desse sujeito que vive a pesquisar e vivenciar os
processos teatrais. Buscar entender o sujeito atual é o meu desafio, tendo em vista
que a cada informação nova que descobrimos sobre nós, percebemos que nos
conhecemos cada vez menos.
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