quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Corpo Sexual (2ª apresentação)
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Poesia em Foco (Cora Coralina)
Uma das obras dessa maravilhosa poetiza que mais amo!
Todas as Vidas
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!
Cora Coralina
Poesia By Lidiane Bl@n¢h3tT
Velório
...Choravam cúpulas de vidro,
Debruçadas, por vezes,
Em meio a olhares compreensivos.
E por vezes, deixavam escapar uma só lágrima,
Que jurei já ter se esgotado antes.
Olhei velas e um corpo imóvel,
Enquanto alguém falara suas últimas palavras.
O que arrancara mais comoção,
Ainda mais que o possível.
Não pensei na morte como aquele alívio,
E sim, como a verdadeira solidão.
Lembrei-me de abraçar um ser sem combate,
E nada dizer, a não ser...
Dando um pouco de calor de minhas mãos,
As suas palmas frias e covardes.
Imaginei a mim mesma,
Deitada em sono profundo;
Sem cor, e com algo como um véu,
Impedindo que moscas me sentissem antes do tempo.
Confesso, perturbei a mim mesma.
Não desejo ir!
Não espero que deixe-me ir...
Tão incompreendida... E tão só!
(Lidiane Bl@n¢h3tT)
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Nossa "cultura"
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Escrito por Rutinaldo Miranda |
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"Eu me pergunto cada vez mais o que significa cultura. Seria realmente aquilo que compenetrados patrocinadores se vangloriam de bancar? Milhões são gastos em publicidade para me convencer (e a você também) de que sim. Mas, ao meu ver, toda essa dinheirama banca tudo, menos nossa cultura. A cultura de um país se constitui de manifestações GENUÍNAS do seu povo. Elas bebem no manancial de sua realidade. Só que a nossa realidade, com desigualdades sociais absurdas, é um assunto indigesto para se fazer propaganda. E, infelizmente, é disso que se trata. A partir do instante em que eventos “culturais” são concebidos como produtos, eles deixam de ser arte, deixam de ser cultura, deixam de ser povo. Nada mais que artigo para se colocar uma marca e ser vendido. Dessa forma, no nosso mercado da “cultura”, a seção teatral tem prateleiras repletas de peças que cuidadosamente fazem rir sem acionar os neurônios. Ou, as estrangeiras que são a grife da nossa caolha visão de intelectualidade. Até porque diretor brasileiro que quer ser um grande diretor brasileiro deve emplacar uma peça inglesa, francesa ou de qualquer nação a qual nos curvamos em nossa subserviência artística. Vale tudo, menos apostar e valorizar a nossa tão desprezada Dramaturgia. E aí, eu me pergunto: onde foi parar nossa cultura?" |
Os 10 Mandamentos do Ator
2-Senso de responsabilidade
3-Senso de hierarquia
4-Pontualidade
5-Humildade
6-Respeito: Aos colegas; aos de cargo inferior; aos superiores
7-Auto Crítica
8-Garra; Empenho; Determinação
9-Entendimento; Discernimento
10-Cumprimento dos compromissos assumidos
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Monólogo das Mãos
Ghiaroni
Para que servem as mãos?
As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder,
ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar,
confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar,
acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir,
reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......
As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau,
salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário;
Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não
matou Porcena;
foi com as mãos que Jesus amparou Madalena;
com as mãos David agitou a funda que matou Golias;
as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos
gladiadores vencidos na arena;
Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência;
os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos
vermelhas como signo de morte!
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os
outros Judas não encontram.
A mão serve para o herói empunhar a espada e
o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir;
o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar;
o honesto trabalhar e o viciado jogar.
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor
ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios
e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura,
a arma que fere e o bisturi que salva.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas
protegemos a vista para ver melhor.
Os olhos dos cegos são as mãos.
As mãos na agulheta do submarino levam o homem
para o fundo como os peixes; no volante da aeronave
atiram-nos para as alturas como os pássaros.
O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro
prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida;
a primeira almofada para repousar a cabeça,
a primeira arma e a primeira linguagem.
Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.
A mão aberta,acariciando, mostra a bondade; fechada
e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada
a pena e a cruz!
Modela os mármores e os bronzes; da cor às telas
e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia
nas formas eternas da beleza.
Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza;
doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta
os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão
de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento
de felicidade.
O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;
Jesus abençoava com a s mãos;
as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as
mãos as cabeças inocentes.
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica,
ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.
Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.
E as mãos dos amigos nos conduzem...
E as mãos dos coveiros nos enterram!
Somos seres concluídos?
Uma das dúvidas que mais me intrigam é saber se somos realmente seres acabados, arte-finalizados ou se estamos vivendo uma constante.Parando pra pensar sobre tais dúvidas que estão sempre a nos confrontar, queria expor a ideia de que sempre estamos aprendendo, nos questionando e vivendo cada dia como se fosse o primeiro da vida.
A clareza nos meus trabalhos mostram que sempre tenho algo a melhorar e sem nada definido, no teatro que é a àrea em que procuro trabalhar, sempre me mostra desafios seja um trabalho inacabado, uma proposta de cena diferente, a falta de ensaio que sempre prejudica ou um simples elemento cénico que utilizo ou deixo de usá-lo na composição das cenas.
O que sempre me faz pensar se "chegamos" no ponto final de cada trabalho, está sendo no momento as apresentações do monólogo "O Mesmo Sorriso", que exige de mim quando ator o mesmo beneficio quanto autor, por ser uma obra em que faço apenas experimentos, busco através de opiniões de fora e minhas como questionador da própria obra melhorar a cada apresentação. O que de certa forma nos faz ter em mente essas auto avaliações é sem dúvida a sensação ou certeza de não ter uma obra acabada.
Trazendo pro ponto de vista da vida, creio que somos seres que sempre estamos aprendendo, seja com os erros ou os acertos raros em sua menor parte.
E você está satisfeito?
Fabinho fernandes
Minha Saudade
Minha saudade respira bem.
Não sei, está melhor que a mim.
Talvez por andar sempre ao lado teu
E me deixa a inquietude.
Tua aura é dia de sol
Então, observa-se a perfeição do céu.
Que puro ar... Tão invejável...
Que eu voaria com as minhas asas de anjo sujo.
Ah, nobres pensamentos,
Regados pela força de ventos tórridos.
Estes buscam-me sobretudo molhar os olhos.
Pois das mais insanas ações,
Está meu corpo em sono profundo;
Mais que o teu fazer de esquecimento.
Libertaí-me, oh vida tua!
Lidiane Bl@n¢h3tT
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Poesia
"...Quando só, mais de uma vez eu penso em nada. E o que seria do nada se não fosse a mim! A mim e tão somente o meu desequilíbrio de insistências absurdas sob a face de um ser tão humano, que é a fé humana, e tão abismal. Sei, ao menos, o que não é querido. Desdobro-me por entre vias paralelas de imaginações sinuosas, penetrantes e concebíveis ao que se perpetua em meio à cantiga de solidões perfeccionistas. Ao contrário do que dizem, de tudo eu me alimento; ainda que não se ouça nenhum bater de queixo. Me enche exageradamente a boca de saliva o odor de um cordeiro ciscante, por exemplo. E uma parede cuspida..."
(Carta a um reencontro - Lidiane Blanchett)
Minha Arte (cenografia)
Confiram:
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
O peso da Interpretação
"Ao abrir as cortinas do palco, nem sempre a surpresa é agradável, pois não é sempre que temos a felicidade de nos deliciarmos com a magnitude de uma boa interpretação. Sendo o teatro a arte do ator, o peso de uma interpretação é tudo.
Pouco importa o excelente figurino, o cenário deslumbrante, um texto primoroso, o que interessa é ver a entrega do ator em cena. E também, pouco importa se o espetáculo é um drama, uma comédia, ou um espetáculo infantil. O ator tem de ser pleno e absoluto em cena.
O ator tem de se entregar de corpo e alma, ser visceral, buscar nas entranhas, a melhor parte que a personagem solicitar. Não bastam caras e bocas, jeitos e gestos estereotípicos e micagem em cima do palco, nada disso convence e, põe a perder qualquer excelente produção.
A interpretação é a parte mais importante dentro de um espetáculo, pois é ele que conta a história, que sente a história, que vive a história, por isso, precisa mergulhar até o fim do poço a fim de conhecer o seu personagem. O ator deve e tem de colocar o seu peso na interpretação, assim é que se conhece um bom ator.
Tudo tem de ser meticulosamente cuidado, a voz, o andar, o falar, o jeito de se vestir... tudo isso, junto e misturado, vai construir a personagem que sustentará qualquer história, mesmo aquelas rasas e sem pretensões. E isso vale para qualquer ator que esteja em cena.
Não cabe a justificativa pífia de que por ter apenas duas ou três falas em cena, não é preciso todo esse emprenho, muito pelo contrário. Há situações que essas duas ou três falas fazem a diferença de uma história. E imagine você: A grande chance de mostrar o seu potencial está em duas ou três falas, e você, talvez por se achar mais do que seja, desperdiça?
O ator é uma profissão que precisa ser levada a sério, até mesmo nos ensaios, aliás, é nos ensaios que um ator precisa se dedicar e caminhar em busca da melhor interpretação, pois, é nos ensaios que ele vai conhecendo pouco a pouco, o quanto o peso ele terá no espetáculo. Para aí sim, quando se der o abrir das cortinas, faça da sua interpretação um motivo de admiração"
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