sábado, 25 de janeiro de 2014

Um pouco sobre HELIO OITICICA (Artes Visuais)

 Considero indispensáel para quem admira arte, conhecer um pouco de Hélio Oiticica:

 
“A beleza, o pecado, a revolta, o amor dão a arte desse rapaz um acento novo na arte brasileira. Não adiantam admoestações morais. Se querem antecedentes, talvez este seja um: Hélio é neto de anarquista.” (Mário Pedrosa, no artigo “Arte ambiental, arte pós-moderna, Helio Oiticica”. In: Correio da Manhã, 26/06/1966)


Oiticia é um dos mais revolucionários artistas de seu tempo. Seus trabalhos foram experimentais ao longo de toda sua vida, rompendo com o conceito de obra de arte, para a relação de proposta entre artista e público. É reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes artistas da arte contemporânea.

Como seu pai era contra o sistema educacional, oiticia estudou com a mãe, no Rio de Janeiro, até os dez anos de idade. Em 1947, transferiu-se para Washington, nos EUA, onde estudou até 1950. De volta ao Brasil, começou a estudar artes com Ivan Serpa, em 1954, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Neste ano, o Grupo Frente fazia sua primeira exposição. O contato com Serpa fez oiticia aderir ao grupo a partir de 1955, sendo seu membro mais jovem. Em 1957/58, fez seus Metaesquemas, quadros em que a composição é ditada pelo ideal concreto e pela gestalt.

Participou da I Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956/57, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Foi um dos fundadores, em 1959, do Grupo Neoconcreto. oiticia é um dos fundadores do grupo, rompendo neste período com a estética concreta. Suas obras passaram a se preocupar com o corpo em ações diretas nas obras de arte, lutando contra a atitude contemplativa por parte do espectador.

Para isso, era necessário explodir o espaço bidimensional do quadro e invadir o ambiente. Assim, em 1959 fez seus primeiros Relevos Tridimensionais. Depois, pintou uma série de quadros em ambas as faces e os distribuiu no espaço, para que o público caminhasse entre eles. Era um caminhar entre quadros de cor, uma visão dinâmica e espacial da cor.

Sua obra passou a propor cada vez mais relações sensórias e corpóreas por parte do espectador, gerando uma nova percepção de obra de arte, segundo as reflexões fenomenológicas de Merleau-Ponty. Na II Exposição de Arte Neoconcreta, em 1961, no MAM-SP, propôs jardins, onde o público tocava em areia natural, e entrava em um ambiente de cor.

Se nos Metaesquemas a cor já aparecia, mas estava presa à forma, nos Bólides, de 1962, ela surgia pura, dentro de recipientes de vidro que podiam ser manipulados. Em 1964, fez seus primeiros Parangolés, em que o público podia vestir a cor, dançar e ter a experiência da cor em seu próprio corpo. É o auge da dessacralização da obra de arte, e da aproximação entre arte e vida - a arte como extensão do homem. Os trabalhos deixam de ser “obras” para serem propostas abertas ao público, e por ele completadas. Mário Pedrosa, para o qual oiticia dedicou um de seus Parangolés, acreditava que esta nova forma de arte era revolucionária, pois se preocupava com o coletivo, com o surgimento de uma nova percepção, de onde surgiria uma nova sociedade.
Oiticia, a partir de 1964, passou a viver no morro da Escola de Samba da Mangueira, e levou o samba e a favela para o museu, um ano depois, em uma manifestação repleta de Parangolés (expostos neste momento pela primeira vez), na inauguração da exposição Opinião 65, no MAM-RJ. Este ato foi importantíssimo, pois era a tentativa de real democratização das artes brasileiras, com a união da cultura popular com a erudita. Em uma época em que se entrava de terno e gravata em um museu, oiticia foi expulso do interior do MAM-RJ durante a manifestação. “Foi durante a iniciação ao samba, que o artista passou da experiência visual, em sua pureza, para uma experiência do tato, do movimento, da fruição sensual dos materiais, em que o corpo inteiro, antes resumido na aristocracia distante do visual, entra como fonte total da sensorialidade” (Mário Pedrosa, no artigo “Arte ambiental, arte pós-moderna, Helio Oiticica”. In: Correio da Manhã, 26/06/1966).
A favela foi motivo de diversas obras posteriores, como Penetráveis, Ninho e Éden. Era uma crítica ao excessivo racionalismo que existia na arquitetura moderna, que destruía manifestações culturais regionais. A favela é um problema social que não deve ser tratada como uma opção estética. Mas a vivência na favela por oiticia foi uma tentativa de mostrar que não há diferença entre cultura popular e erudita, segundo seus princípios de democratização das artes. Entre 1967/70, participou do movimento da Tropicália, fazendo o cenário de shows e capas de discos; realizou manifestações de cunho político, com a obra Homenagem à Cara de Cavalo, com a frase “Seja Marginal, Seja Herói”; e atuou no filme O Câncer, de Glauber Rocha. Durante a década de setenta, viveu em Nova Iorque, como bolsista da Fundação Guggenheim, retornando ao Brasil em 1978. Neste ano, seus Parangolés foram pela primeira vez aceitos, pesquisados e expostos por um museu (em 1965, foram rejeitados pelo MAM-RJ), na coletiva Objeto na Arte - Brasil Anos 60, realizada no Museu de Arte da FAAP, em São Paulo. Faleceu em 1980, no Rio de Janeiro, sendo criado no ano seguinte o Projeto Helio Oiticica.
  

Disponivel em:
http://universosdarte.blogspot.com.br/2011/06/helio-oiticica.html

A ARTE NÃO É IMPORTANTE?

por Paulo Sacaldassy 


É sempre engraçada a reação das pessoas quando você diz que faz arte, a primeira pergunta que lhe fazem é: – E você trabalha com o quê? Ora, fazer arte é o meu trabalho! Parece mentira, mas se você não é famoso, as pessoas custam a acreditar que a arte seja muito mais do que um simples “hobby”. É difícil explicar que fazer arte também é importante e é um trabalho.

Mesmo que você exerça uma outra atividade para suprir suas necessidades, visto que, pelo fato de circunstâncias alheias à sua vontade, sobreviver de arte ainda não lhe seja possível e nem possibilite uma dedicação plena de sua parte, você sabe o quanto a arte é importante, quantas privações ela te submete, tudo por você acreditar que pode viver de arte e exercer esse ofício como um trabalho.

Mas as pessoas… bem, as pessoas, sentadas em suas zonas de conforto, preocupadas apenas em nascer e morrer, se deliciam com a arte, mas não conseguem enxergar a importância que a arte tem, até mesmo para suas vidas, que se beneficiam de uma forma ou de outra com o que a arte lhes tem a oferecer, pois a arte está ali, no filme, na novela, na peça de teatro. É tão importante para vida delas que elas nem percebem o quanto.

Pois no inconsciente dessas pessoas, a arte é algo que alguém faz apenas como diversão própria e para o próximo e não como um trabalho honesto que lhes dê o sustento de vida. A idéia de trabalho industrial incutida na sociedade, onde jornada de trabalho diária, relógio de ponto, terno e gravata, macacão e ferramentas, que formam a imagem do que seja um trabalhador, contribui, e muito, para o quase desdém pelo trabalho que o artista faz.

Mal sabem essas pessoas, que os trabalhos artísticos demandam uma rotina de trabalho, disciplina, organização e longas jornadas, quase sempre exaustivas, de trabalho, seja escrevendo um texto, seja ensaiando uma peça, seja gravando um filme ou novela. Fazer arte não é diversão, é trabalho e trabalho muito duro. O fato de sua execução ser efetuada de forma e ser feita fora de uma sala de escritório, não o torna menos importante.

A arte também é essencial, tal e qual a quaisquer outras profissões, só que a arte conta com um diferencial positivo, que outras profissões não contam: a arte é um trabalho que alguém faz para oferecer ao outro, um pouco de diversão, fazer com que o dia-a-dia de todos seja mais leve e que as rotinas das pessoas preocupadas apenas em nascer e morrer, receba um pouco de sopro de vida. A arte é, ou não é importante?
Disponivel em:
http://ciaatemporal.blogspot.com.br/2013/11/a-arte-nao-e-importante.html
Colaborou: Poucas Palavras de Paulo Sacaldassy; Foto: Ryan Stewart, Corinne Van Ryck de Groot e Arle Michel em cena do espetáculo "Torn"

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O pôr do sol sobre Lajes-RN resignificado no olhar artistico de Everton Fernandez

Imagens : Everton Fernandez
Texto: Fábio Fernandes
  
À tempos sabe-se que a fotografia não busca somente o mero registro do espaço-tempo, mas tambem a busca dialética do meio com o interlocutor, no caso o fotografo. O click da maquina captura não somente a  co-exisencia do espaço e o fato em destaque mas permite a outros olhos receptivos o ângulo compartilhado do fotografo.    
 
 O fenômeno em destaque é o pôr do sol, uma ação sutil que revela beleza universal, é necessário o uso de determinada técnica na captura da imagem e a precisão dialógica com o enquadramento do objeto artistico.


 A edição da fotografia de forma alguma desmerece sua pureza, uma vez que de forma levemente utópica se sub-existe na foto-captura a visão pessoal do artista em meio a poética imagética.
 O olhar centrifugado do artista interrelaciona-se com suas divagações e possiveis conflitos vitais...
 O espaço ocupado, divide sua existência natural com outros componentes humanizados...

Faz-se quão cabível a expansão geográfica dialogando com a concretude fenomenológica natural...
 
 Por fim, a cadência primitiva se revela de forma monotona, causticante, cansativa, repetitiva, redundante, determinante, insistente e outras reticencias vitais...


Conheça mais sobre Everton Fernandez em:
https://www.facebook.com/offfernandez



'Febre' de aplauso de pé incomoda artistas e críticos de teatro NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Por  NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO
 
A Europa era exceção, até poucos anos atrás. Mas também por lá o crítico inglês Michael Billington lamentou que esteja chegando o "hábito sujo americano" de aplaudir de pé no final da peça. Qualquer peça.
O crítico americano Ben Brantley concorda e até lançou um apelo público, no "New York Times", "pela volta do aplauso sentado". Aplaudir de pé, afirma, "virou um gesto social automático", sem sentido.
No Brasil, o diretor Antunes Filho e a atriz Nydia Lícia, com carreiras iniciadas há mais de meio século no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), atestam que "essa mania de levantar sempre", como ela descreve, é recente.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Público aplaude monólogo 'A Vida Sexual da Mulher Feia
Público aplaude monólogo 'A Vida Sexual da Mulher Feia'
Antunes arrisca que o hábito se disseminou a partir dos anos 90. "Antes era mais seco", diz. "Agora é um touro bravo, vai que vai. Agora é absolutamente nada."
"Antes era um gesto estrondoso para o ator", relata Nydia, citando, entre os raros aplausos de pé no TBC, "Seis Personagens em Busca de um Autor" (1951), com Sergio Cardoso, Cacilda Becker, Paulo Autran e Cleyde Yáconis.
"Era excepcional", diz. "Agora levantam, assobiam, gritam e fica por isso mesmo. Você não tem mais medida, não sabe até que ponto agradou. O ator fica mimado."
Com a presença crescente de celebridades do cinema e da TV no palco, tanto aqui como no exterior, o fenômeno avançou para o meio das apresentações, para a entrada em cena. "A sugestão é, no caso de estrelas menos veneráveis, como Julia Roberts, 'bom para você, você é famosa'", critica Brantley.
PANDEMIA
Ele reconhece que aplaudir de pé é um "vírus" que pode ter tido sua origem na Broadway, seguindo depois para Europa e outros junto com as franquias dos musicais nova-iorquinos.
Cláudio Botelho, que ao lado de Charles Möeller ajudou a estabelecer os musicais no Brasil, também questiona o fenômeno, mas acrescentando ser mais acintoso por aqui —onde programas de auditório teriam instituído, segundo ele, que "quem quer que apareça é aplaudido".
Lamenta, sobretudo, que "não tem mais diferença: aplaudem de pé tanto Marília Pêra como qualquer grupo jovem". Citando também Bibi Ferreira e Fernanda Montenegro, cobra: "O que você vai dar como reconhecimento às grandes divas?".
São muitas as hipóteses para a "febre", segundo o "NYT": espectadores aplaudem para justificar o ingresso caro; por serem turistas, não habituados ao teatro; pelo alívio físico de se levantar; até para chegar antes à saída, nas plateias lotadas.
Antunes acrescenta um fenômeno local relativamente novo e semelhante àquele dos turistas na Broadway: "A classe média aumentou. É uma coisa boa, mas eles ainda não têm base. Ir ao teatro já é uma vitória social".
Saulo Vasconcelos, protagonista de musicais como "O Fantasma da Ópera" no Brasil e no exterior, soma ainda duas razões específicas, no caso de São Paulo. "As pessoas aplaudem já se levantando para ir embora, porque o estacionamento é um inferno. E também porque o espectador daqui é gentil, quer mostrar seu carinho."
AUTOENGANO
Ron Daniels, que começou como ator nos anos 60 no Teatro Oficina e a partir dos anos 70 se estabeleceu como encenador em companhias como a Royal Shakespeare Company e o American Repertory Theater, acredita que o problema é maior nos Estados Unidos e no Brasil.
"Em Nova York eles sempre se levantam. Na Inglaterra, só em musical, Shakespeare não", diz ele. "Eu detesto esses aplausos, o espetáculo perde o valor. Mas, quando é merecido, a 'standing ovation' [aclamação de pé] é maravilhosa."
Para Daniels, o fenômeno "é muito esquisito: a plateia se congratula a si mesma". Michael Billington, que é crítico do londrino "Guardian", concorda que a febre do aplauso de pé surgiu com o público "tentando enganar a si mesmo", sugerindo que a cura teria de partir dele.
 
Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/01/1401502-febre-de-aplauso-de-pe-incomoda-artistas-e-criticos-de-teatro.shtml