Galeria Pé de Boi apresenta coleção de potes antigos- Até o dia 18 de agosto de 2011, a Galeria Pé de Boi, em Laranjeiras, apresenta uma coleção com mais de cem potes .As peças foram coletadas em casas e fazendas na parte central e sul da Bahia e Norte de Minas.
Segundo Ana Maria Chindler, proprietária da Galeria, a ideia é fazer com que as pessoas tenham acesso a peças que fazem parte das tradições do povo brasileiro. Muitos desses potes eram decorados com o barro branco-a tabatinga-formando arabescos ou bordados, mas a ação do tempo esmaeceu a decoração. As peças possuem formas variadas, alguns potes são bojudos, outros mais cilíndricos ou bastante arredondados, seguindo a tradição de cada centro produtor. Muitas vezes foram guardados no chão outras sobre o "trempe "- arco com três pés que serve de suporte.Essas formas de guardar deixaram suas marcas que foram agregadas as formas originais.
" É importante que se realce a textura que os potes adquiriram com o passar do tempo. Alguns ainda lisos como se tivessem sido recém-alisados com o coité, trabalhados com o sabugo de milho e saído do forno. Outros estão encarquilhados pela perda das camadas externas do barro polido formando uma nova textura. Todos lindos afirma, acrescentando esta é uma oportunidade para as pessoas verem a beleza das formas, dos desenhos semi apagados pela ação do tempo e das texturas que a cerâmica adquiriu pelo uso. Além de, é claro, fazer uma viagem a cultura popular do Brasil.
Toda região central, sul e noroeste da Bahia, assim como a do norte de Minas Gerais apresenta uma forte origem cultural africana mesclada com indígena. E é por isso que o uso da cerâmica é altamente diversificado em todo esse território. Mais especificamente, o uso dos potes, jarros, moringas, porrões, caborés, quartinhas são uma mostra da nossa riqueza cultural.
Ao longo do traçado dos rios, como o São Francisco ou o Jequitinhonha, por exemplo, se pode levantar a cartografia do pote. Os mercados e feiras são os locais onde o povo do pote mostra sua habilidade e onde o Brasil mostra sua cara. Nesses locais e ao longo das linhas sinuosas dos rios, percebemos que o pote é inimigo do PET, é antiquado, foge dos padrões do industrializado e do feito em serie.
Embora as formas sejam diversificadas, assim como a decoração e a identificação dos nomes, nossa cultura tem, no uso do pote, uma dos mais ricos costumes da arte popular ou folclórica. O pote é indígena e negro, é feminino, pois nasce de mãos femininas. É generoso, pois é o que oferece a água e a base da comida e tem na sua diversidade uma unidade que é a da beleza das formas.
Fonte: Portal Fator
Nenhum comentário:
Postar um comentário