quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Jorge (BEM) Amado



O ano de 2012 assinala o centenário de dois dos mais consagrados escritores da literatura brasileira: Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Em tempo, acrescentaria ainda Álvaro Lins, hoje infelizmente quase esquecido. Este, contudo, era um crítico literário e a tradição letrada nunca concede a essa categoria, a crítica, o valor atribuído ao criador literário no sentido estrito do termo (explicitando: o romancista, o poeta e o contista). O fato, de resto, deveria importar para que a cultura acadêmica tivesse a humildade de admitir a subordinação da crítica e da teoria à criação literária compreendida no sentido estrito que acabo de especificar. O assunto é de enorme relevância, mas não posso infelizmente considerá-lo sem enredar-me em digressões impertinentes. 


Num país cujo público letrado é tão ralo, Jorge Amado e Nelson Rodrigues distinguem-se antes de tudo pelo extraordinário sucesso editorial, notadamente o primeiro. Jorge Amado alcançou o raro privilégio de viver de literatura bem antes do advento da televisão e da expansão da universidade brasileira. Enquanto a primeira contraiu ou desviou o público potencial da literatura, a segunda pouco concorreu para ampliá-lo. Com isso ou contra isso, Jorge Amado foi o mais afortunado dentre os representantes de uma corrente ficcional que conciliou de forma inusitada na nossa tradição literária a qualidade estética e o sucesso editorial. O leitor sabe que me refiro à corrente do romance social nordestino, cuja irrupção, no início dos anos de 1930, afetou a orientação da literatura experimental da década precedente e pouco mais tarde deslocou para segundo plano o romance de cunho psicológico e metafísico de Cornélio Pena, Octavio de Faria, Lúcio Cardoso e alguns outros. A cristalização e ápice desta última corrente é constituída pela obra de Clarice Lispector. 



Já que o mercado é a única ideologia que nos sobra no presente, não é à toa que inicio este artigo ressaltando o singular sucesso editorial de Jorge Amado. É certo que, a julgar pelas estatísticas correntes, Paulo Coelho o superou como expressão desconcertante da literatura globalizada. Ainda assim, Jorge Amado detém trunfos estranhos ao sucesso colossal do rival. Além da amplitude da sua obra, acumulada dentro de um ritmo de progressão regular que se estendeu do início dos anos 1930 a 1994, data de publicação do seu último romance, teve grande parte da sua obra adaptada para o cinema, a televisão, o teatro e o rádio. Não bastasse tanto, Jorge Amado foi dos raros escritores brasileiros inventores de uma mitologia nacional. Ele traduziu em termos estritamente ficcionais o Brasil mítico inventado por Gilberto Freyre no âmbito das ciências sociais. O Brasil da sua ficção, sobretudo a Bahia, é uma reinvenção sua de tal modo impregnada no imaginário nacional que com ele, assim como com Gilberto Freyre e alguns poucos, aprendemos a ver e sentir o país real transfigurado por sua imaginação lírica, romântica, porejante de sensualidade e idealização imantada não no que somos, mas no que desejamos, não na tradição realista que ele sempre subverteu, mas numa forma de idealização romântica que nos representa como certamente gostaríamos de ser. 



Diante do que acima esbocei, é previsível que a magnitude da data, o centenário de Jorge Amado, pouco encoraje apreciações pautadas pela isenção crítica, pela avaliação indiferente ao espírito de celebração. Lembrando ainda os soberanos interesses do mercado, a pressão é grande e espontânea o suficiente para que fiquemos apenas no batuque do samba exaltação, virtude de resto distintamente brasileira. Friso, portanto, que este artigo desdobra-se deliberadamente na contracorrente dessas manifestações previsíveis. Antes, porém, ressalto que Jorge Amado, como aliás qualquer autor de obra e biografia complexas, pode ser abordado em consonância com inúmeras perspectivas e escalas de valor. O que cabe ao crítico é explicitar seu ângulo de apreciação argumentando de forma coerente com o que se propõe a explorar. Antes de explicitar o meu, cuido de reconhecer alguns méritos inegáveis do autor e da obra. 



Um dos grandes méritos de Jorge Amado, extensivo aos melhores representantes do romance nordestino dos anos 1930, foi conferir expressão palatável para o público leitor mais amplo conquistas estéticas propostas e limitadamente experimentadas pela linha de ponta do modernismo difundido no curso da década anterior. Refiro-me mais precisamente à incorporação do povo na literatura, à introdução bem sucedida da linguagem coloquial no discurso literário, à representação ficcional da cultura do povo. Estes são postulados pelo modernismo a partir de sua guinada nacionalista, isto é, a partir de 1924. Mas essa tradução de postulados estéticos e ideológicos do modernismo em clave regionalista não se fez sem alguns problemas que foram bastante discutidos pela crítica. Mário de Andrade, por exemplo, enfrenta essa questão no texto da sua célebre conferência de 1942 quando, a pretexto de celebrar os 20 anos do modernismo, procede a um balanço do movimento em tom isento de complacência mesclando crítica objetiva e apreciação impiedosa do papel que individualmente desempenhou no processo cultural. 



Considerando o lugar central ocupado na literatura brasileira pela corrente do romance nordestino, Mário de Andrade louva as conquistas compreendidas pelos postulados que acima indiquei. Não o faz, entretanto, sem na outra dobra criticar nesses romancistas (à parte Graciliano Ramos, ressalva minha) o excesso de inspiração e improviso. Noutras palavras, a ausência de rigor construtivo que sempre exigiu do artista. O fato de empenhar-se em produzir uma obra comprometida com ideais humanistas e politicamente progressistas, apreensíveis na sincera identificação com o povo iletrado e oprimido, não isenta o artista do domínio da técnica e da linguagem artística, dos meios culturais necessários à criação literária. 
Ora, sabemos que essa crítica afeta diretamente a obra de Jorge Amado, pois nele sempre prevaleceu, de par com seu notável talento para a fabulação e a transfiguração lírica da realidade, o desleixo relativo ao estilo e à linguagem. Por isso, mesmo a crítica mais favorável e simpática à sua obra (destacaria aqui Álvaro Lins, Antonio Candido, Alfredo Bosi e Luiz Costa Lima) critica sua imaginação sensualista e primitiva, sua representação sentimental e idealizada do povo expressa na solução mágica dos conflitos e na caracterização psicológica das suas personagens demasiado esquemática. Parece-me de fato muito pobre a caracterização psicológica das suas personagens. À diferença de um Graciliano Ramos, que articula com maestria ação e caracterização subjetiva, ambiente e personagem, quando não um termo através do outro, Jorge Amado tende sempre para a caricatura quando formaliza literariamente antes tipos sociais (como o personagem de extração popular investido de virtudes idealizadas ou o pequeno-burguês, contra quem investe seu espírito satírico) do que representações realistas convincentes. 



Aparentemente, o romancista nunca deu muita importância a essas restrições. Pelo menos é o que se deduz de uma frase conhecida com que à vontade se definiu: “Sou apenas um baiano romântico e sensual”. Alfredo Bosi não deixa por menos e assim comenta a frase: “Definição justa, pois resume o caráter de um romancista voltado para os marginais, os pescadores e os marinheiros de sua terra que lhe interessam enquanto exemplos de atitudes ´vitais`: românticas e sensuais...” (Ver História concisa da literatura brasileira, 34ª edição, pp. 405-6). Bosi vai adiante frisando que essa poética espontânea passou ao largo do realismo crítico contentando-se em fornecer ao leitor “...pieguice e volúpia, em vez de paixão, estereótipos em vez de trato orgânico dos conflitos sociais, pitoresco em vez de captação estética do meio, tipos ´folclóricos` em vez de pessoas, descuido formal a pretexto de oralidade... Além do uso às vezes imotivado do calão: o que é, na cabeça do intelectual burguês, a imagem do eros do povo. O populismo literário deu uma mistura de equívocos, e o maior deles será por certo o de passar por arte revolucionária. No caso de Jorge Amado, porém, bastou a passagem do tempo para desfazer o engano” (Id., p. 406). 



Cito e, além de citar, subscrevo o juízo crítico. Mais longe ainda que Bosi foi Walnice Nogueira Galvão, outra grande representante da crítica acadêmica. É dela a crítica mais devastadora que conheço sobre a obra de Jorge Amado. No auge da ditadura militar brasileira e do sucesso editorial do ficcionista baiano, 1973, ela escreveu um ensaio crítico a propósito do lançamento de Tereza Batista Cansada de Guerra (Ver “Amado: respeitoso, respeitável”, in Saco de Gatos). 
Walnice abre seu ensaio esboçando uma equação complexa, mas essencial à análise da relação entre o escritor, o Estado e o mercado na tradição literária brasileira. Depois de louvar a coragem cívica com que Jorge Amado e Érico Veríssimo ousavam pronunciar-se contra a censura dentro dos limites de expressão impostos pela ditadura, contrapõe estes romancistas, significativamente independentes do Estado, já que dependentes do gosto público na esfera do mercado de livros, aos intelectuais dependentes do Estado, isto é, aqueles que são empregados públicos por não lograrem viver profissionalmente do exercício da literatura. Esboçadas essas linhas (remeto o leitor interessado ao ensaio de Silviano Santiago que replica e desdobra as consequências do teorema de Walnice, como escreve ele, no livroVale quanto pesa), Walnice explora em termos críticos a relação entre a dependência do mercado e a qualidade da obra examinando em tom devastador o romance Tereza Batista Cansada de Guerra.



Analisando aspectos fundamentais do romance com corte preciso e polêmico, a ensaísta demonstra nesta obra particular as insuficiências formais e ideológicas da obra de Jorge Amado. Argumentando contra o caráter populista da sua ficção, sempre marcada pela idealização dos oprimidos, que são antes de tudo figuras da marginalidade baiana, ou do lumpemproletariado, fato que parece no mínimo irônico num escritor que foi militante comunista durante grande parte de sua vida, Walnice contrasta Tereza Batista com Moll Flanders, protagonista do romance homônimo de Daniel Defoe. O paralelo resulta constrangedor para nosso fabulista baiano. Bastaria lembrar que Tereza Batista é uma prostituta dotada de grande consciência política, portadora das melhores virtudes populares. Isso se aplica a ela quanto a todos os heróis marginais de Jorge Amado, o que contradiz liminarmente o conceito de lumpemproletariado. 



Citando a própria Walnice, “Já Tereza não resvala, única personagem sempre virtuosa do romance. Se puxamos à memória os pobres de Brecht e de Buñuel, pensamos que Jorge Amado está brincando uma brincadeira sem graça; tudo se passa em seu romance como se a ética da miséria fosse outra e pobre virtuoso não morresse de fome; a idealização da miséria nada fica a dever a Gilberto Freyre. A tessitura ficcional interrompe-se a todo instante para dar ocasião a enunciados abstratos e polêmicos sobre a miséria; concretizada em Tereza, jamais aparece. Ela é, de fato, um ser moral, como alguma duquesa riquíssima de Balzac; no quadro frio e cruel das altas esferas francesas do século XIX, onde todos se entredevoram, de vez em quando há uma personagem assim. E Balzac aponta a condição, necessária mas não suficiente, pois só como exceção se dá, em que pode surgir um ser moral: em cima de um monte de dinheiro” (op. cit., p. 16). 
Além dessa idealização da miséria, Walnice também ressalta um dispositivo formal, o discurso indireto livre, empregado por Jorge Amado para resolver em termos ambíguos, que variam da representação realista à mítica ou mágica, conflitos sociais evidenciadores da sua ideologia populista. Trocando novamente em miúdos: a heroína do povo é sempre virtuosa e vencedora, as divindades africanas sempre intervêm em defesa dos heróis populares. A isso se soma o discurso saturado de baixo calão, quando não da pura e simples pornografia e da perversão sexual. Walnice alinha exemplos convincentes da sua crítica relativa a esses aspectos do romance, também presentes noutras obras de Jorge Amado. 



Seria simplista, como alguns supõem, considerar a crítica acima como evidência da polaridade entre rejeição da crítica acadêmica da obra de Jorge Amado versus aceitação unânime do público. Há sem dúvida alguns críticos acadêmicos que reconhecem no romancista baiano um dos mais importantes da literatura brasileira. Por outro lado, seria um engano traduzir seu extraordinário sucesso de público como evidência de unanimidade. O que me parece todavia previsível é o clima de irrestrita celebração assinalando a passagem do centenário desse extraordinário inventor de um Brasil mitológico. E o fato é que a mitologia é avidamente consumida e amada não apenas pelos brasileiros carentes de uma representação mítica e romântica da nossa cultura cujos traços predominantes são a sensualidade, o excesso desatado de culpa e governo, a idealização das nossas misérias seculares e o sincretismo mágico mesclando em tom confraternizador o arcaico e o moderno, os grupos e classes que não são o que são, mas por certo são o que o típico leitor amadiano (brasileiro ou estrangeiro ávido de exotismo cultural) gostaria que fossem. 


Disponivel em:

Arte potiguar - Deybson Werick (música)



Embora não seja mais um grande apreciador de música gospel, quero dedicar esse espaço pra evidenciar um grande artista que atua no referido campo musical com bastante propriedade e seriedade. Apresento, desde já, o cantor gospel  Deybson Werick. 
Deybson é assuense, artista dinâmico que atua nas vertentes musicais e teatrais a partir das vivencias contextuais. Este portanto,promete muito nessa área em especial : na (boa) musica gospel.

Confira um pouco de Deybson Werick:

Deybson Werick e Banda na Audição do Festival Gospel Music Café






Confira um pouco mais de Deybson Werick:

http://deybsonwerickebanda.blogspot.com.br/

http://www.myspace.com/deybsonwerick

http://palcomp3.com/min-deybsonwerick/

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

No dia em que cantei Belchior


Este vídeo foi uma tentativa frustrada minha em cantar uma música do nosso eterno poeta da MPB: Belchior.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

RE-POSTAGEM: Processo criativo do curta PERDIDOS

A re-postagem dessa vez é de um processo criativo que muito me ensinou nessa fundamental pesquisa no âmbito de curtas e também de dirigir atores inexperientes (em processo de formação inicial) Assim como foi em  "A menina e o Bambolê"(2010) e em "Bom Dia Bia"(2011), desde então re-posto o processo criativo comentado de Perdidos. 


Este trabalho, mostra um pouco se minha pesquisa no âmbito das artes visuais, uma vez que em meio as divergências que permeiam a produção da obra, visa numa perspectiva positivista deixar aflorar a criatividade em vários lugares pelos quais me adentro a experimentar as possibilidades alem do mero registro. 

Perdidos busca contar o não-contável, questiona o universo do desconhecido, delimita o espectador ao eixo do não-compreensível. Uma dramaturgia não-linear que perpassa o território do que se torna concreto e ao mesmo tempo irreal.



 

 
 
Aqui destaco imagens do processo criativo do meu mais recente trabalho na área áudio-visual. Imagens do curta metragem PERDIDOS, gravado em Janeiro de 2012 na Serra da Gameleira no município de Caiçara Rio dos Ventos-RN.

Neste trabalho, exploro as belezas naturais buscando atribuir o valor imagético do lugar, o âmbito rural, pressupõe um espaço natural, virgem e inexplorado pela presença humana. 

Os conflitos portanto, partem de personagens sem identidade própria, sem sexo, ideologia, metas predefinidas ou objetivos mais rebuscados. O que liga a existência desses seres é o fato de estarem perdidos em um lugar que se torna o não-lugar.

Mas como atribuir uma afirmação e negação simultaneamente, uma vez que gera uma ideia paradoxal? Como explicar que esses personagens não se explicam pelo simples motivo de existirem e não reconhecerem essa solides vivencial? 
 
 A busca por uma afirmação por parte dos personagens de PERDIDOS me faz refletir cada vez mais sobre  o sentido ou ausência dessa razão em existir.A não-resposta contida nesse trabalho em especifico, revoluciona de certo modo meu conceito sobre a arte enquanto ferramenta questionadora, que sugere ao leitor inúmeras possibilidades de reflexão, impondo de certo modo, um contexto a partir da dramaturgia não-linear apresentada a mim pelo Teatro, deveras até então confortante por não exigir explicação ao fazer determinado extrato cênico.
Mas por que retratar a utopia com crianças? Tenho que ser sincero de dizer que estas estão mais dispostas em receber "ordens" a respeito do processo de gravação como um todo, alem de parecer algo novo e divertido para eles. Não só pela facilidade na condução de atores, mas também no peso que a figura até então inocente sugere para quem se deleita a ver a obra, quer compreendam ou não. 

Este não é meu primeiro trabalho com crianças no "foco" das atenções, em "Bom dia Bia" e " A Menina e o Bambolê", destaco a imagem da criança como suporte para um trabalho mais fácil de conduzir, elas estão protagonizando "historinhas" que pra elas não causam tanto impacto no momento, porem elas não se sentem crianças "bobinhas" representando personagens fracos contextualmente e inseridas numa historinha mais bobinha ainda. Acredito que daqui há alguns anos, estas crianças no auge de suas adolescências notem que ja faziam arte numa perspectiva critica  alem dos clichês cotidianos. 
  
 
 PERDIDOS se tornou portanto, um objeto de estudo, algo novo pra mim enquanto diretor e pesquisador em arte, considerando que tenho ainda um vasto caminho a percorrer numa perspectiva positiva do termo.

Aproveito o ensejo o te convido a buscar refletir um pouco mais nas nossas crianças, quem sabe nelas não estejam contidas as possíveis respostas para o sentido da vida.


Confira mais fotos de nosso processo criativo :        Sarah Richele

 

 
 Maick Wilian
 

 
 Sarah e David
 

 
 David Ramon
 
Leandro Lourenço
 
 Fábio Lucas
 Leo 
Release 
Um menino qualquer está perdido numa mata desconhecida e não revelada, caminha em busca de encontrar uma  possível "saída", mas encontra outros meninos também perdidos no meio do caminho, por não reconhecerem o lugar em que habitam, eles tornam-se inúteis ao seu interlocutor. Mais a diante, este menino encontra uma menina que também está perdida, eles portanto, se unem para saírem deste lugar e se encontrarem finalmente, mas logo descobrem que esta terra tem um dono, este que de certo modo está na mesma situação de todos os outros, completamente perdido e eternamente ligado ao mundo desconhecido.
                  Assista o filme:
Perdidos busca contar o não-contável, questiona o universo do desconhecido, delimita o espectador ao eixo do não-compreensível. Uma dramaturgia não-linear que perpassa o território do que se torna concreto e ao mesmo tempo irreal.

 

PERDIDOS

com:
David Ramon
Sarah Richele
Maick Wilian
Leandro Lourenço
Fábio Lucas
Léo

Maquiagem e Figurino
Dalvanete de Souza

Roteiro e Direção

Fábio Fernandes

Musica 
Coco-Rosie
Salvaon
Nando Cordel

2012



Confira nossas outras Re-postagens

( Um pouco sobre o poeta assuense Renato Caldas) 

(Bom Dia Bia)




terça-feira, 23 de outubro de 2012

CEI Mirassol: publicidade e preconceito

Por Alysson Freire 

Assim como a nossa fala pode por vezes nos trair e revelar aquilo que de forma alguma confessaríamos abertamente, também as imagens revelam sem que se dê conta o que de fato pensamos sobre o mundo, ainda que a intenção e o objetivo tenham sido radicalmente outros. Isto porque as imagens condensam crenças, significados, visões de mundo, etc.. Por isso que, às vezes, uma imagem pode valer mais do que mil palavras.
Foi exatamente nesta “armadilha das imagens” em que incorreu a campanha publicitária do Colégio CEI Mirassol, elaborada pela empresa Criola – assista-o no final do texto. A propaganda exibe uma sessão de ultrassonografia onde os pais, cheios de orgulho e planos, especulam e imaginam a futura profissão do filho. Os desejos e expectativas dos pais sobre o “que o filhinho vai ser quando crescer”, se médico, juiz ou engenheiro, são intercalados com imagens depreciativas de outras ocupações, digamos, menos prestigiadas; “pai-de-santo”, juiz de futebol e palhaço.
A cada expectativa e profissão imaginada pelos pais corresponde uma outra ocupação e futuro em que se vai do sonho à frustração, do sucesso ao fracasso, do orgulho à vergonha, do prestígio social e status à condição de menosprezado.
O ser médico, engenheiro ou juiz servem como metáforas para definir o que é um futuro e uma pessoa de sucesso e prestígio ao passo que “macumbeiro”, palhaço e juiz de futebol servem para definir as marcas do fracasso, da vergonha e do desprestígio social. De um lado, os notáveis e exitosos, de outro, a ralé.
Assim, o médico, símbolo máximo da credibilidade e da ciência é contrastado com um desacreditado e mediúnico “pai-de-santo” – num claro estigma e desrespeito a outras crenças religiosas; o engenheiro, símbolo da sisudez dos cálculos tem o seu oposto no palhaço sem graça; e, por último, o juiz de direito, figura que exprime o ápice da autoridade e do respeito possui como o seu avesso, o contestável juiz de futebol, alvo máximo do desrespeito alheio e de todas as torcidas. As oposições entre as profissões exprimem, na verdade, oposições morais; credibilidade/incredibilidade, respeito/desrespeito, sucesso/fracasso. Essas oposições morais definem o valor das profissões, e, por consequência, o valor das próprias pessoas.
Ao final, a propaganda encerra com uma frase que mais parece uma contundente chantagem: “não basta sonhar com o futuro do seu filho, é preciso fazer a escolha certa”. Ou seja, o “futuro certo” e a “profissão certa” para que seu filho possa ser “gente” dependem da escolha pela “Escola Certa”, isto é, aquela que garante atingir a expectativa da santíssima trindade médico-engenheiro-juiz; do contrário, aos pais restaria não apenas ter de se contentar com sonho mas com a possibilidade real de vivenciar o fracasso, a frustração e a vergonha.
A propaganda não é apenas preconceituosa e ofensiva mas reveladora das hierarquias sociais e morais que estão depositadas na maneira como as classes médias altas brasileiras enxergam e dividem o mundo e as pessoas. Ele revela, portanto, o preconceito profundo em que se sustenta a visão de mundo dessas camadas, fundamentado particularmente na ideia da existência de ocupações e atividades superiores e mais importantes, que brindam reconhecimento e distinção social, em contraposição àquelas avaliadas como inferiores e menos importantes, marcadas pelo menosprezo e desrespeito. Eis aí a medida com a qual cada um será avaliado como alguém de sucesso e significativo para a sociedade ou simplesmente como um  ”fracassado”, “inútil” e “invisível”.
É bem verdade que não foi o CEI que produziu o vídeo. Porém, sua aprovação expressa mais do que uma infelicidade: exprime a aceitação e reconhecimento da escola do conteúdo e das mensagens contidas, ainda que ela não tenha se dado conta dessas dimensões mais latentes. Muitos podem se surpreender e lamentar que uma instituição de educação admita ou deixe passar despercebido tais alusões preconceituosas e estigmatizadoras. Mas, de modo algum, isso é uma surpresa.
Afinal, conforme sustenta o sociólogo Jessé Souza, numa sociedade que consente e naturaliza a produção e classificação de “gente” e cidadãos, de um lado, e “subgente” e “subcidadãos”, de outro, é evidente que tal consenso se manifeste, ora de modo visceral ora de modo sutil, nas instituições de educação, sobretudo naquelas escolas voltadas para a formação das classes médias alta.
Que a escola e os educadores que a integram reavaliem a “pedagogia” contida na propaganda, pois a tarefa essencial da educação e das escolas na formação das pessoas é contribuir para a sua emancipação. Só podemos falar de emancipação quando esta é, também, uma emancipação dos preconceitos, quer dizer, a superação de seu poder sobre nós, nossos pensamentos e atos. E isto somente é possível questionando e criticando concepções sociais como as que estão presentes na peça publicitária.

Assista o video:

CEI Mirassol 2013


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=mJ79uPfAOFg


Disponivel em:
http://www.cartapotiguar.com.br/2012/10/19/cei-mirassol-publicidade-e-preconceito/

Evangélicos da IURD protestam contra novela Salve Jorge, e esquecem que tambem produzem LIXO televisivo.

Por Fábio Fernandes
Hoje, ao acessar a internet, vejo a noticia de que a igreja Universal do reino de Deus (RISOS) está fazendo uma campanha em boicote a novela da rede Globo denominada Salve Jorge. Na real, eu quero é mesmo que essas novelas se explodam, uma vez que culturalmente  falando, só existe encheção de saco durante meses, o povo deveria portanto, ter acesso a livros que ajudassem na busca pelo conhecimento mutuo e também para exercitarem a leitura e a escrita.
Na boa, a rede Record na minha opinião é tão lixo quanto a Globo, não conseguem ver que os programas banais e sensacionalistas que produzem, induzindo o povo que justamente não tem o hábito de ler (meu pai e minha mãe por exemplo) vão ser influenciados com maior facilidade do que eu que boicoto essa programação sem qualidade.
Embora não goste da Globo (também) devo admitir que eles estão sendo perseguidos por meia duzia de fanáticos religiosos , na minha opinião deprimentes. A record é uma emissora medíocre  com programação fútil (óbvio) e que se acha no direito de fazer com que os pobres coitados fiéis  assistam programas medíocres na madrugada falando de uma suposta salvação (RISOS) vinda de Jesus, e ao mesmo instante produzem um lixo chamado A Fazenda, (MAIS RISOS...) programa medíocre que consiste em putaria, futilidade e mais futilidade... o pior não é isso, o que pode ser mais deplorável, é a cambada de fiéis "cegos" que acreditam que a Record tem direito de intervir em outra programação fútil.

Na boa, eu creio que não boicoto televisão atoa, confira a noticia a seguir e tente ao menos repassar essa idéia para alguém que não tem a minima cognição acerca do que é a produção "cultural" da tv brasileira:

(RISOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS)

Evangélicos protestam nas redes sociais contra “Salve Jorge”



A nova novela das 21h da Rede Globo, "Salve Jorge", mal começou está causando furor na internet - por motivos diferentes de sua antecessora "Avenida Brasil". O burburinho tem sido criado por evangélicos que querem boicotar o folhetim de Gloria Perez.

Para eles, a novela vai adorar um "ogum", o São Jorge - que também é um santo no catolicismo - e, por isso, segregária - ou seja, não respeita a diversidade religiosa. A Rede Globo, no entanto, afirma desde antes de a estreia da novela que "Salve Jorge" fala apenas do mito do guerreiro.
Mesmo assim, posts de manifesto que procuram a adesão de pessoas para um boicote à trama crescem nas redes sociais. Eles afirmam que os evangélicos, que acreditam em Jesus, não devem ligar a TV na emissora no horário.
Diversos pôsteres foram criados pelo site exercitouniversal.com.br, formado por fiéis da Universal, do qual o bispo Edir Macedo, da Rede Record, é líder. Eles pregam o boicote à trama.
Veja dois dos cartazes abaixo:
Protestos se espalham pela internet (Foto: Reprodução)
Em seu blog pessoal, aliás, o bispo afirma que as pessoas não podem aceitar uma produção audiovisual que vá contra a fé delas, referindo-se à novela da Rede Globo. No entanto, ele promove a minissérie de sua emissora, "Rei Davi", cuja reprise se inicia nesta semana na Record.

Fonte:

terça-feira, 16 de outubro de 2012

UFRN concede título Doutor Honoris Causa a Abraham Palatnik


A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) concede título de Doutor Honoris Causa ao artista potiguar Abraham Palatnik, em solenidade marcada às 18h do próximo dia 23 de outubro, no Auditório da Reitoria, marcando a abertura oficial da Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura (CIENTEC). Após a cerimônia de concessão do título honorífico, os presentes serão conduzidos à Galeria Conviv’art, onde será apresentado o Museu Virtual que leva o nome do homenageado (www.natalnet.br/palatnik).


O Museu foi lançado na CIENTEC da UFRN no ano de 2011 e reúne um acervo de artes visuais da Universidade e do servidor e artista multimídia, Jota Medeiros.


Na ocasião também será lançado o livro “Iubilate Deo”, do artista Jota Medeiros, que, segundo o autor, trata-se de uma coletânea de “poemas sacros com citações de versículos dos salmos de Davi”. Segundo a coordenadora da Galeria Conviv’art, Elidete Alencar, este é “um momento ímpar para a UFRN, especialmente para o Núcleo de Arte e Cultura (NAC) e para toda a equipe do Museu de Arte Abraham Palatnik, motivo de orgulho e reconhecimento de um trabalho que vem sendo realizado desde
2005”.

Jota Medeiros completa afirmando que “Palatnik é muito importante, ele criou uma nova tendência artística, assim como Picasso”.


Palatnik


Abraham Palatnik nasceu na cidade do Natal, em 19 de fevereiro de 1928. É um renomado artista plástico e um dos pioneiros em arte cinética no Brasil. Suas obras contêm instalações elétricas, através de movimentos e jogos de luzes. De família russa, Palatnik estudou pintura, desenho, história e filosofia da arte na mesma época em que fazia um curso de motores à explosão na antiga Palestina, atual Israel. Atualmente ele vive na cidade do Rio de Janeiro.







Disponivel em:

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Dando um tempinho... =p

Caros amigos leitores de O MARICAL, esta semana nosso blog não terá atualização, uma vez que estou partindo para o nosso querido estado de Alagoas.

Que a arte nos fortaleça cada vez mais, Amém!

=)


A vocês deixo esse belo pensamento do nosso querido William W. Purkey:

"Você tem que dançar como se não houvesse ninguém assistindo, Amar como se nunca fosse se machucar,
cantar como se não tivesse ninguém ouvindo e viver como se fosse o céu na terra".


Belezas reveladas pela fotografia além da fronteira do registro imagético. (Lajes-RN)

Fotografia. Que meu querido RN é uma maravilha natural não se discute, mas como a arte pode citar essa lindíssima terra? Pra responder essa questão, a fotografia vem deixar sua contribuição, com vocês, um pouco de imagens de minha linda terra natal, Lajes do Cabugí:
Fotos por: Fábio Fernandes.
Imagens da zona rural, na fazenda Barreiras, nessa ocasião estava a gravar o curta "O Bode Feio".
Nestas imagens a vegetação espontânea e peculiar da região contrasta-se com a beleza "seca" do nosso lindo e produtivo solo potiguar-nordestino-brasileiro.
o Zoom no cacto revela sua força intrínseca nos seus tão saudosos espinhos.
O cacto em contraste com o solo repleto de pedras configura-se num lindo conjunto na ilustração.
 
Nessa imagem surge o equilíbrio na imagem, evidencia-se em primeiro plano a linda planta  de nome científico "Pilosocereus gounellei", carinhosamente conhecido como xique-xique.
Nesta imagem, tentei evidenciar a beleza unica dos espinhos que oferece à planta sua peculiaridade principal, numa perspectiva estética.
Nesta imagem, o xique-xique entra em contato com outra especie de planta, mostrando o contraste de uma planta que é vulnerável ao espaço-tempo e outra que resiste as diversidades naturais em que as mesmas se encontram condicionadas, eis a dramaturgia construída através dessas divergências individuais, projetadas nos sujeitos em destaque.
A arvore mostra também sua resistência, só que numa perspectiva mais elevada, o que não reduz a força simbólica do cacto.
 
A planta se abre, brota para nos presentear com sua beleza impar. (linda espécie de pau pereiro)
O tempo (Crônos) mostra seu poder sobre a resistente planta cactácea.
Porém, o cacto mostra sua resistência pela vida ao fazer brotar  uma nova parte de planta. As folhas no  chão, no entanto, são levadas pela força dos ventos frios da noite e mornos do dia.
Esse lindo coração natural nos sugere a natureza como força materna e suprema.
O homem por sua vez, mostra sua intervenção no espaço natural, seja pra sua utilidade necessária ou para sua força simbólica em homenagear os seus finados semelhantes. Tânatos por fim, se mostra presente no ciclo vital.

Este por fim, assume o conjunto natural de um espaço poético e que graças a fotografia atinge o valor simbólico além da simples contemplação da paisagem.



Fontes:





A piada está sem graça



Paulo Sacaldassypor Paulo Sacaldassy  




Sem querer entrar na polêmica sobre fulano ou sicrano, pois cada um deve ser responsável pelo que fala, o que me interessa aqui neste artigo é debater sobre até aonde vai o limite de uma piada. Acho que o limite de uma piada vai até o limite do senso comum. E qual é este senso comum? É aquele em que cada um pode se colocar no lugar do outro e rir do ridículo da situação. 
No momento em que, para fazer graça, ataca-se a deficiência ou ofende-se a honra de uma pessoa, a piada deixa de ser engraçada. O humor deve se deter apenas á uma situação constrangedora em que uma pessoa é posta e não jogado ao léu como gracejos provocativos buscando tirar o riso de alguém. Isso não passa de uma piada sem graça e hoje, é o que mais se vê na televisão.
Com tanta coisa grosseira e de mau gosto classificada como humor no ar, me passa a impressão de que o humor de hoje em dia é outra coisa. A inocência das brincadeiras de outrora, feitas com malícia e picardia, ficaram rasas e ofensivas e perderam a essência do ser engraçado e que nos fazia rir. A falta de educação agora virou sinônimo de humor.

É claro que a vida anda carrancuda e o estresse tem deixado ás pessoas no fio do limite da paciência, mas usar o desrespeito, a intolerância, ou atacar o outro com grosseria, não é, nunca foi e jamais será humor e não tem nenhuma graça. A piada ficou sem graça e os humoristas ficaram sem noção. O palhaço nos faz rir até hoje e não faz do ataque ao outro uma tentativa de fazer rir.
O humor pode sim, aliás, tem o dever de, denunciar, contestar, ridicularizar, desnudar os atos do ser humano dentro das situações engraçadas que ele se envolve, e dentro desse universo, tanto faz se ele hétero, homo, gordo, magro, negro, se é corno, se é mané, o contexto da piada é o que vai fazer rir. Portanto, para saber se isso ou aquilo tem graça, se coloque do outro lado e tente rir do que você acha engraçado.
O engraçado mesmo é que hoje em dia as pessoas estão tão sem graça, que ás vezes da vontade de rir do ridículo em que eles se colocam. Isso sim é uma verdadeira piada. Estão todos no limite do ridículo que a piada até já parece pronta, mas a graça, cadê? Humor igual àqueles de outrora, que nos fazia rir sem que fosse necessário nem mesmo abrir a boca para contar alguma coisa, faz tempo que não se vê.
Ainda tenho esperança que se encontre o limite da graça, onde a piada seja de fato um artifício do humor para nos fazer rir e não para nos indignar, ou ensejar discussões, bate-bocas e ofensas. Mas, lembremo-nos: rir é o melhor remédio, só que a piada tem de ser, acima de tudo, engraçada.