segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

LENDAS DE PEDRA - EPISODIO 3 (Eloy CIA Teatral)

Você nobre leitor que sempre esteve acompanhando nossas atividades e publicações deve estar se divertindo com a série "Lendas de Pedra". Eis o terceiro e penúltimo episódio da temporada 2016.


LENDAS DE PEDRA 
Episódio #3

As almas acreditam que Jonas entregou as velas prometidas, no entanto a alma do coronel alerta-os para a travessura de Jonas. O agricultor leva as lamparinas até o Padre Vicentino para que ele as benza. Na ocasião, o líder religioso narra a estoria da alma de Nazarena que não queria ir sozinha pro além, por isso assombrava sua mãe D.Tica e o irmão Olavo.

JOEL PETER WITKIN - FOTOGRAFIA DA INDIFERENÇA


"A obra é o possível e o provável, nunca é o certo. A estética vem sempre primeiro; a obra de arte não apresenta a mensagem de um conhecimento, desenvolvido exteriormente a si, por imitação ou intuição, independentemente da vontade do artista (...) O que o artista fixa, não é o que ele viu ou apreendeu; é o que ele procura e o que ele quer revelar aos outros. (FRANCASTEL, 1998)
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Joel Peter Witkin
Nascido em 1939, na cidade de Nova York, EUA, Witkin começou a se interessar por fotografia aos cinco anos de idade, por influência do Pai. Desde cedo, o pai lhe mostrava imagens da LIFE, LOOK, Daily Mirror, de modo a incentivá-lo ao trabalho de fotógrafo e a concretizar uma experiência fotográfica. Algumas experiências o marcaram e o influenciaram em sua maneira de encarar a vida, servindo de inspiração para sua obra fotográfica e são descritas em seu livro, The Bone House. Filho de Pai Judeu e Mãe Católica, Witkin estudou profundamente a arte religiosa, com ênfase em Giotto e em simbolistas como Gustav Klimt e Alfred Kubin. Além destes, importantes autores como Picasso, Diego Velasquéz, Bosh, Leonardo da Vinci, Goya e Miró fazem parte de suas referências e são descritos claramente em suas imagens.
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Uma das primeiras experiências relatadas é que, ainda pequeno, presenciou um grave acidente de carro em frente à sua casa, recordando a imagem de uma garota decapitada e sua cabeça rolando até os seus pés. Conta que o que mais lhe chamou a atenção foi a impressão obtida a partir dos olhos já sem vida da garota. Logo após os estudos do Ginásio, Witkin conseguiu um trabalho que lhe proporcionou os primeiros conhecimentos sobre as técnicas fotográficas, PB e em Cor. Em 1961, alista-se ao serviço militar, servindo como sargento até 1964, onde foi incumbido de documentar fotograficamente as mortes acidentais ocorridas em treinamentos militares. “Cheguei a me endurecer de tal forma em relação à morte que me alistei como fotógrafo para ir ao Vietnã. Depois de receber treinamento especial, enquanto esperava ser chamado para o front, tentei me suicidar”.
Leda - 1986.jpg
Ao sair do serviço militar, retorna a Nova York e trabalhou como fotógrafo profissional atuando como freelancer, assistente e realiza fotografias comerciais e na área de medicina. Após receber o prêmio BFA da Cooper Union, conseguiu uma bolsa de estudos em Poesia na Universidade da Columbia e estudou escultura. Um pouco mais tarde, em 1974, recebeu bolsa de estudos CAP em Fotografia no New York State Council on the Arts. Realizou graduação e pós-graduação na Universidade do Novo México e ganhou diversas bolsas de estudos posteriormente: Fundação Ford – 1977; 1982, 1984 e 1986 – Bolsa NEA; MFA- Universidade do Novo México – 1986; International Center of Photography Awards e Distinguished Alumni Citation da Cooper Union; Prêmio Chevalier des Arts et de Lettres – França – 1990; Em 1993, o American Center in Paris em parceria com o NEA possibilitaram-no criar um programa permanente de Fotografia na França, que posteriormente foi expandido para outros países como a Itália, Eslováquia e Reino Unido. Suas obras fazem parte de acervos permanentes de museus, como a Bibliothèque Nationale – Paris, San Francisco MOMA, o Amsterdam’s Stedelijk Museus, MOMA New York, dentre outros.
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Cada imagem é realizada de maneira única, com laborioso método de execução. Inicia-se com um esboço feito em papel. A partir disso, modelos e objetos de cena são procurados e meticulosamente é realizada uma sessão fotográfica em estúdio, com árdua etapa de pós produção na revelação dos negativos, que são maltratados com agentes químicos e ações físicas, dando acabamento final. Devido aos tais detalhes, produzia em média, de 10 a 12 imagens por ano.
Le Baiser (The Kiss) - 1982.jpg
Pelo tema e composição empregados na construção de suas imagens, Witkin adentra o campo da imagem simbólica, subjetiva, impondo ao receptor a vontade de decifrar a imagem, dentro de um campo de interpretações que vai desde a representação do mundo de forma indireta, ao falso caráter das imagens técnicas, uma vez que a fotografia ali exposta foi concebida enquanto idéia, se realizou mediante um esforço de dedicação humana e não automática e ainda, é um símbolo que pode ser decifrada. Assim, Witkin, ao realizar suas imagens, impõe-se como autor aos olhos do receptor.
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Segundo Nietzsche “Quando você olha muito tempo o abismo, o abismo te encara de volta”. Essa citação talvez consiga resumir a obra de Witkin como um todo. Apesar de inovar e produzir imagens únicas dentro de um contexto atual e pluralista, Witkin aborda temas que manifestam-se recorrentemente nas artes desde sua existência, morte, religião, sexo, padrões estéticos. O fotógrafo faz uma leitura crítica da beleza artificial e padronizada, mostrando o grotesco nos tempos modernos, sempre utilizando como referências a pintura e a escultura clássica.
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Witkin criou uma forma de linguagem inovadora e diferente, que ao mesmo tempo prende e espanta nossos olhos. O artista ganhou o mundo das artes no contexto moderno fazendo sua interpretação da sociedade, dissolvendo limites através do surrealismo fotográfico. Joel Peter Witkin apresenta-nos sob perspectiva singular uma poética inovadora, distante do senso comum. É entre o depravado e o divino que encontra-se o artista. O que o diferencia de seus contemporâneos é a inquietação e o desejo de explorar aquilo que os outros tem medo. Ele desafia o lado negro, onde um vislumbre de luz é puramente autentico. Sua substancia é o maior mistério da humanidade, a questão fundamental da vida e da morte, suas análises são irrespondíveis como regra, mas possíveis de interpretações pessoais. Arte neste caso preenche as lacunas entre os sentidos e o intelecto, justificando então o porquê deste tipo de linguagem.
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Renasciment.jpg
Harvest -1984.jpg
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Jorge Michael

Um dia após a morte do cantor Jorge Michael, posto um clássico de sua carreira musical. Esta canção "Careless Whisper" embalou muitos momentos românticos pelo mundo, sua introdução ao som do saxofone inconfundível nos leva a ligar a musica diretamente ao artista. Saudades de quem admira uma boa musica.

SOBRE MINHA NOITE NATALINA TOTALMENTE PROFANA.

            A imagem pode conter: 1 pessoa, close-up
Nada melhor do que sair da rotina.
Tumá uma, biritá, dançá, sair falando com quem você jamais falaria estando sóbrio, cumprimentar colegas duFÊICIbuqui que curtem até "bom dias" mecânicos mas que pessoalmente jamais falou "OI" ou te convidou pra tomar um café cum " Bulachá ou pro níver da cachorra vira-lata com pitbull de feira. 
Como é necessário pagar 35 conto numa vodka que na bodega custa 6,50. Como é necessário sair do mundinho certinho por uma noite mesmo que ao chegar bêbado em casa a gente vomite e jure até prós céus que nunca mais vai misturar cachaça com gudang.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Lendas de Pedra. Episodio 2


LENDAS DE PEDRA
Episodio # 2
Jonas é um homem bom, vive sossegado junto de sua fiel esposa Terezinha numa pacata fazenda. Certo dia ele notou a falta de sua novilha Esqueleta e prometeu às almas dos vaqueiros uma caixa de velas em troca de sua vaquinha. Devido ao esquecimento e por não pagar a promessa pelo milagre alcançado, as almas aparecem pra ele cobrando as tão benditas velas, pois elas vivem nas trevas e precisam de luz.

BRASIL: UMA CULTURA FEITA DE CULTURAS


Os processos de transformação cultural dentro da formação identitária do Brasil, segundo Darcy Ribeiro: desde o início, somos impositores da lei que nos oprime.

A cultura está em constante mudança, basta olharmos para o passado, mesmo que por um breve momento, para encontrarmos diferenças culturais entre as gerações mais antigas e as que viveram posteriormente. Bauman (2012) acredita que a cultura pode ser herdada ou incorporada, como um produto a ser consumido por cada ser humano que nasce, e sendo uma propriedade, é passível de ser “adquirida, dissipada, manipulada, transformada, moldada e adaptada.”

Laraia (2009) afirma que a cultura é dinamica na medida que os homens “têm a capacidade de questionar seus próprios hábitos e modificá-los” (p.95). O autor discorre sobre dois processos de mudança cultural: o primeiro diz respeito à mudança que ocorre intrinsecamente em um sistema, resultado da reavaliação das interações sociais e produto das forças de protesto e das lutas de um determinado grupo social.
O segundo processo ocorre através do choque entre culturas diferentes, situação na qual pode haver uma aculturação civilizatória brutal e impositiva ou branda e sutil. Seja qual for a natureza da influencia de uma cultura sobre a outra, o autor defende que esse processo de transfiguração cultural existe em praticamente qualquer cultura: o encontro entre sociedades difirentes sempre resultará em algum tipo de intercâmbio cultural.
Durante toda a história da humanidade observamos como o confrontamento entre culturas resulta em uma luta de poder pela conquista não só de capital e recursos, mas também da supremacia ideológica, o que se configura em vários aspectos sociais e áreas do conhecimento. Poucas foram as culturas que, havendo dominado outra militarmente, respeitaram-na e permitiram que os derrotados mantivessem suas crenças, costumes e valores, enfim, sua cultura.
O Brasil não foi uma exceção, porém, aqui, diferentemente da maior parte dos outros lugares do mundo, houve uma intensa mistura entre culturas advindas de continentes diversos. Tal mistura gerou as sementes que, nesta terra, dariam início ao povo brasileiro. Desde então, nossa população se tornou cada mais um produto hibrido que carrega não só os genes de índios, africanos e europeus, mas também a bagagem histórica de supremacia e sofrimento vivida por eles ao chocarem-se em si. Nas palavras de Darcy Ribeiro (2006):
“Todos nós, brasileiros, somos carne da carne dos pretos indios supliciados. Todos nós brasileiros somos, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos.” (p.108)
No momento em que a cultura brasileira passou a se consolidar e os integrantes das três matrizes culturais que a compunham começaram a efetivamente se ver como brasileiros, um novo processo foi criado: o processo de mudança interna do recém-construído povo brasileiro. Foi quando os primeiros brasileiros, diferentes em suas raízes, mas majoritariamente uniformes em sua condição como oprimidos, “se configura como um povo em si, que luta desde então para tomar consciencia de si mesmo e realizar suas potencialidades” (RIBEIRO).

Nos séculos seguintes, o povo nascente construiu e incorporou as características que hoje o definem, agregou um pouco de cada matriz que o originou e, por isso, se tornou único.
A duplicidade moral defendida por Darcy Ribeiro tornou-se parte do que é a cultura brasileira, carregada de estereótipos que buscam uniformizar uma gente tão complexa que dá a impressão de unir vários mundos em um só país.
Com ideais de igualdade e união, esperamos que o processo de endo-transformação cultural aflore cada vez mais o lado humano e resiliente que nos faz ter orgulho da terra onde nascemos.
Referências:
BAUMAN, Zygmunt. Ensaio sobre o conceito de cultura. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Fábio Fernandes pelas lentes de Everton Fernandez

Por: Fábio Fernandes
Imagens: Everton Fernandez
 O artista Everton Fernandez imprimiu em sua essência óptica e fotográfica, a sutileza de poder experimentar as possibilidades de transpor a imagem de um ator que vive a metamorfose cotidiana de maneira impar e singela. Permitiu despir-me da imagem "formada" pra suprir algumas necessidades imagéticas para a sociedade em detrimento dos padrões impostos para as formalidades cabíveis e pertinentes ao nicho social. O que se "esconde" pela imagem singela e invisibilizada talvez seja a ocupação de uma possível rebeldia natural. 
Brincar com os signos sociais modifica uma certa expectativa imagética que o "outro" obrigatoriamente espera de si. Mas afinal, qual é o formato ideal, qual o perfil, qual a personificação que se encaixa com a comunidade? São divagações assim que estreitam as relações de autonomia das pessoas nos seus espaços de atuações. 








Existe mesmo um tabu a ser quebrado em meio as formalidades? Será mesmo que é necessário ser cortês sem  expressar o seu desafeto? Não sei, nem sabemos se essas divagações podem nos mover a formula da boa relação de si com o outro, ou outros ou até mesmo nós mesmos. 
 Sabemos, no entanto que no fim...
  Tudo se perde na fumaça vital. 

Expande-se. Some.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Lendas de Pedra Episodio 1

Quem não conferiu os episodio de Lendas de Pedra no facebook da Eloy CIA Teatral. Eis que  está disponível no YoyTube. Confira o episódio 1.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Projeto 4 Cantos - Sino de Belem

Como definir essa obra de arte?
"Simplesmente a perfeição".Saber retratar a diversidade cultural brasileira de forma sutil e rica, sintetiza o poder da arte representado pelo artista que pesquisa, discute, faz, refaz e finaliza com um tratamento desses. Parabens aos artistas e em especial ao diretor desse clipe Betão Aguiar. Este que realmente evidenciou a riquíssima cultura diversificada do nosso Brasil. Obrigado por mostrar que é possível fazer poesia em tempos difíceis. Obrigado! Estamos carentes de obras assim. Aguardo outros e outros trabalhos como esses!

Música gravada com músicos dos 4 cantos do país, integrante do DVD exclusivo da Luigi Bertolli, 4 Cantos.

Autor da obra original "Sino de Belém": Ewaldo Ruy 
Direção: Betão Aguiar
Produção Musical: Betão Aguiar e Chico Salem
Direção de Fotografia e Câmera: Arthur Roessle e Carina Zaratin Direção de Produção: Mara Zeyn
Roteiro e Montagem: Haná Vaisman
Assistente de Montagem: Cristian Bueno
3ª Câmera e Still: Samuel Macedo
Técnico de som Direto: Felipe Magalhães
Músicas Mixadas por: Gustavo Lenza no Estúdio Navegantes / SP Masterizado por: Carlinhos Freitas no Classic Master / SP
Gravado por: Felipe Magalhães e Chico Salem - Unidade Móvel Nagoma
Assistente de gravação: Silvio Carreira
Correção de Cor: Marco Del Fiol
Coordenação de Finalização: Milena Machado

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A ROSA DO POVO E O POETA

 POR 

A construção do sujeito poético em A Rosa do Povo, de Drummond.
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A Rosa do Povo foi publicada por Carlos Drummond de Andrade. Esse ano foi, para o Brasil, muito movimentado no âmbito político, pois o Presidente Getúlio Vargas assinou um decreto que declarava guerra ao Império do Japão e, um pouco antes de Vargas renunciar ao cargo, em outubro, em setembro o Partido de Representação Popular foi fundado por Plínio Salgado.
Sob a ótica da história, podemos apreender que 1945 foi um ano que trouxe à tona muitas questões que mudaram o panorama político do Brasil, pois, para além dessas informações, era o momento em que estavam reestabelecendo-se relações diplomáticas entre a União Soviética e o Brasil.
Getúlio Dornelles Vargas (1882–1954) era o presidente neste período, aliás, foi presidente do Brasil em dois períodos. A primeira parte de seu mandato teve duração de quinze anos, configurados entre 1930 e 1945. Depois foi eleito por voto direto e governou o Brasil, como presidente da república, por três anos e meio, de 1951 a 1954, cometendo suicídio nesse mesmo ano.
Durante a primeira parte de seu mandato, período conhecido como Estado Novo (1937-1945), instaurou-se uma ditadura influenciada pelo movimento nazifascista que era representado por Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália. O resultado disso foi sentido no Brasil através da Ação Integralista Brasileira, organização fascista liderada por Plínio Salgado.
É de extrema importância que se compreenda o panorama mundial de 45 para chegarmos a entender o porquê de A Rosa do Povo ser considerada, apesar de ser um livro de poesia, um dos maiores escritos de Carlos Drummond de Andrade, e que deve ser estudada não só a partir da ótica histórica, mas também da social.
Para Rabello e Rodrigues (2013 p. 129), Carlos Drummond de Andrade, em A Rosa do Povo, articula, por meio da palavra e da criação de um eu lírico habitante de um mundo em guerra, a construção de uma imagem do Brasil imbuída de teor histórico, dos anos finais da Segunda Guerra Mundial. O poeta descreve de forma melancólica a degeneração das coisas e dos homens em meio à consciência paralisante e à falta de perspectivas. Do chão forrado de cadáveres emerge uma rosa, numa representação da resistência humana.
Sabemos que Drummond era um questionador das coisas mundanas, conhecido como o poeta do “eu e o mundo”. Seu olhar e sua visão sobre as coisas eram inquietantes e ele escrevia muito sobre a sua família mineira, e sobre as relações políticas e pessoais como as que estabeleceu com Gustavo Capanema Filho (199-1985), ministro da educação e saúde pública do Brasil.
Seu pai montava à cavalo, cuidava da terra e ia para o Banco; enquanto a mãe ficava sentada cozendo. Drummond tinha um irmão, Altino, mas não podia brincar com ele. A mãe dizia para não acordá-lo, pois uma mosca havia pousado no berço do menino. Nosso autor, então, sozinho, começa a brincar e a ficar entre mangueiras, além de ler. De família vinda de fazendeiros, e sob o contexto social da época, a família de Drummond tinha influência na cidade, mas isso, para nosso autor, era de relativa importância.
A partir de frases como: "Por isso sou triste, orgulhoso, de ferro. 90% ferro nas calçadas e 80% ferro nas almas’’ ou ainda “(...) Alheamento do que na vida é porosidade e o que é comunicação”, podemos começar a entender o que Drummond tanto questionava e, principalmente, os motivos. Nosso autor, até onde sabemos, não teve amigos na infância e a família não ligava muito para ele, afinal, eram tempos nos quais a mulher ficava em casa cuidando dos filhos, e os homens saiam para trabalhar.
A família de Drummond tinha uma fazenda em Itabira do Mato Dentro (MG), o que era motivo para que pessoas observassem-nos com certo destaque. Durante sua passagem pela Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, conhece, no Grande Hotel de Belo Horizonte, aqueles que, alguns anos depois, viriam a ser seus colegas na área da Literatura Brasileira: Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.
Drummond estabeleceu poucas relações afetivas e profissionais, porém, formou uma família com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos, Carlos Flávio, que morreu meia hora depois de vir ao mundo, e Maria Julieta, que morreu em 5 de Agosto de 1987, vítima de câncer. Drummond, muito fragilizado com a morte de sua filha, falece em 17 de Agosto do mesmo ano. Estes dados foram pontuais para compreendermos o poeta e o homem.
O poeta também se aproximou de Luís Carlos Prestes (1898-1990), militar e político brasileiro. Drummond tinha um apreço muito forte com o comunismo, sendo A Rosa do Povo considerada uma de suas obras mais politicamente engajada. Nessa obra, assim como em tantas outras, Drummond não se prende somente aos questionamentos sobre seu mundo particular e não se limita também ao Brasil e à sua cidade natal. Para além disso, Drummond sempre questionou os fatos mundiais, políticos e principalmente sociais, como faz seu poema “Operário do Mar”, publicado na obra anterior à Rosa do Povo, Sentimento do Mundo, publicação de 1940.
Referência: RABELLO, Ivana Ferrante. & RODRIGUES, Valéria Daiane Soares. E uma rosa se abre: a guerra e a flor na poesia de Drummond.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Estas obras eróticas foram censuradas pela ditadura militar por ferirem a moral e os bons costumes

Em muitos contextos em que a realidade se torna insuportável, a única saída para o artista é a ficção, a imaginação, a criação de uma outra verdade. As vezes, porém, essa dura realidade é tão devastadora, que não permite sequer que a imaginação – do artista e do público – possa correr livremente. E, no Brasil, a censura imperou pela maior parte do tempo, mas especialmente durante o regime militar que se impôs sobre o país a partir de 1964 até a redemocratização.
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Engana-se quem pensa que os artistas eram perseguidos somente por serem de esquerda ou por combaterem diretamente o governo: a defesa das tais “morais e bons costumes” também levou muito artista a ter sua voz calada. Menções sexuais, eróticas, à homossexualidade ou a tudo que fosse considerado “devassidão” fazia levantar todas as sobrancelhas da censura, sempre pronta a riscar furiosamente uma cena, uma página, um desenho ou uma letra de música que pudesse lembrar o público de que eles possuem desejos e impulsos sexuais.
Uma das artistas mais censuradas do Brasil, com 33 de seus 36 livros proibidos na década de 70, Cassandra Rios ainda assim conseguiu se tornar a primeira mulher a atingir a marca de 1 milhão de exemplares vendidos. Títulos como “O Prazer de Pecar”, “Tessa, a Gata”, “Carne em Delírio” e “A Paranóica” tratavam, a partir do suspense e do mistério, do universo erótico e principalmente da homossexualidade feminina. O pioneirismo da autora nos temas, hoje praticamente esquecida, fez com que Cassandra fosse taxada como comunista, obscena e sem qualidade, apesar de seu enorme sucesso comercial.
Alguns dos títulos de Cassandra RiosAlguns dos títulos de Cassandra Rios
Sendo um pouco a manifestação artística essencial do Brasil, naturalmente a música foi muito vitimada pela censura. Das capas dos discos, passando pela atitude dos artistas, até chegar às letras das canções, tudo podia ser motivo de desconfiança e proibição de incitar a perversão e a pouca vergonha.
O disco Jóia, de Caetano Veloso. À esquerda, a capa original; à direita, a censuradaO disco Jóia, de Caetano Veloso. À esquerda, a capa original; à direita, a censurada
A capa do disco Índia, de Gal Costa, assim como de Jóia, de Caetano Veloso, foram proibidas pela “nudez” apresentada – ainda que, no caso de Caetano, se tratasse de um desenho, e que as “vergonhas” do cantor, de sua mulher e seu filho estivessem cobertas por pombas. No fim, só restou as pombas, e o disco de Gal teve que ser vendida com uma capa plástica cobrindo a capa original.
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Em cima, a capa do disco de Gal; embaixo, o disco cobertoEm cima, a capa do disco de Gal; embaixo, o disco coberto
Similar ao caso de Cassandra, alguns dos compositores mais perseguidos da ditadura sequer são identificados como ligados à resistência ou à esquerda. Mais ainda, são artistas ligados ao que ficou conhecido como Brega, rejeitado pela crítica e pela inteligência – mas consumidos fortemente pelo público, e censurados justamente por insinuações eróticas.
Odair José teve diversas canções proibidas pela censura, e sua “Em qualquer lugar” teve a letra inteira riscada como imoral, por exaltar o amor livre. Versos como “se você quiser/ a gente pode amar/ no meio dessa gente/ em qualquer lugar/ Dentro do meu carro/ ou mesmo no jardim/ debaixo do chuveiro/ você sorri pra mim” só puderam ser gravados pelo compositor doze anos depois, já na década de 1980 e com outro título.
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O mesmo aconteceu com a canção “Bárbara” e de todo o espetáculo no qual ela estava inserida, o musical Calabar, de Chico Buarque e Ruy Guerra. A peça foi proibida, e a canção, lançada em disco, teve um trecho subtraído, por deixar claro se tratar de um amor homossexual entre as personagens Ana de Amsterdam e Bárbara: “Vamos ceder enfim à tentação/ das nossas bocas cruas/ E mergulhar no poço escuro de nós duas/”. No disco, a palavra “duas” foi simplesmente apagada.
O compositor Chico BuarqueO compositor Chico Buarque
Na mesma medida, a banda Secos & Molhados não precisava sequer cantar para ser um afronte aos bons costumes: bastava a maquiagem, o rebolado, os dorsos nus e o jeito de serpara que a censura os quisesse perseguir.
Quando a música começava a coisa piorava: Ney Matogrosso cantava com a voz fina e feminina, propositalmente provocando o público e maravilhosamente tencionando as identidades de gênero. Foi censurado e não pôde sequer ser filmado em close em apresentações na TV.
A banda Secos & MolhadosA banda Secos & Molhados
O cinema também esteve intensamente sujeito à censura, especialmente por seu potencial visual explícito. Desde clássicos do cinema nacional, como Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade (que teve 16 cenas de nudez mencionadas pela censura, tendo 3 cenas de fato retiradas do filme) até Os Homens Que eu Tive, com Darlene Glória, que precisou de poucas exibições para que sua história de amor livre, e liturgia “paz e amor” fosse retirada de cartaz.
O clássico “Como Era Gostoso o meu Francês”, de Nelson Pereira dos Santos, também foi inicialmente censurado por nudez, mas por ser uma história passada no Brasil indígena, a nudez do índio não foi mais considerada pornográfica, e o filme foi liberado para maiores de 18 anos.
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Se os tempos de censura eram difíceis para a alta produção cultural, imagine para uma cena marginal de cinema? A Boca do Lixo, região do centro de São Paulo da onde emergiu o que ficou conhecido como Pornochanchada, teve também sua produção pautada pelos calafrios da moralidade que a nudez e o erotismo provocavam nos censores.
Uma filmagem da Boca do Lixo, na década de 1970 Uma filmagem da Boca do Lixo, na década de 1970
Essa história é retratada na série Magnifica 70, da HBO, que mostra justamente a transformação vivida por um censor durante a década de 1970 chamado Vicente (interpretado por Marcos Winter) que, ao proibir o filme A Devassa da Estudante, feito na Boca do Lixo, se vê deslumbrado pela personagem Dora Dumar (Simone Spoladore). Vicente então acaba se aproximando do universo da Boca do Lixo, e trabalhando como roteirista para a produção, e vive um triangulo amoroso envolvendo Dora.
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A segunda temporada da série segue se aprofundando no confronto entre o desejado e o proibido, a vontade e a repressão, a liberdade e o preconceito. Sua trama girará ao redor de um esquema de corrupção envolvendo a chefe da censura (que será a grande vilã dessa temporada) e a Embrafilmes, através do qual Vicente será chantageado. Drogada e confusa, Dora (a estrela do filme que apaixonou Vicente) também estará em profundo dilema, sobre se deve ou não entregar seus colegas para salvar a própria pele.
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Tudo isso se intensifica ainda mais em seu mistério e tensão (e ilustra o tipo de efeito que a censura poderia provocar) quando Vicente começa a enxergar o fantasma de Inácio, um diretor que se suicidou por justamente ter tido seu filme proibido por Vicente enquanto era censor.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Walt Disney & Salvador Dali - Destino

Escondido nos Arquivos dos Estúdios Disney, estava um projeto de um curta com a arte de Waltey Elias Disney com Salvador Dali. Em meados dos anos 40, Disney esquematizou com Dali para promoverem um curta baseado em suas artes surrealistas. Porém Disney não tinha dinheiro o suficiente para continuar, então só foram produzidos 17 segundos do curta original.


Fábio Fernandes canta Renato Russo

Foi muito bom poder cantar uma musica com a alma!

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Androide Sem Par e o clipe "Besteira"



Trilha Oficial do filme FOME
Direção: Cristiano Burlan
Atores: Juão Nin e Jean Claud Bernadet
Letra: Juão Nin
Música: Juão Nin/Diego Bezerra
Arranjo/Produção Musical: Emerson Martins
Produtora: Bela Filmes
Distribuidora: Vitrine Filnes

DISPONIVEL EM:
https://androidesempar.com/home8697044

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Eloy CIA Teatral continua gravando cenas do filme "Lendas de Pedra"



Próximo a estrear, o filme "Lendas de Pedra" vai concluindo seu processo de filmagens, desta vez tivemos a participação de nosso ex-integrante Thomas Erick Salvador, que na trama vive o padre Vicentino. Somos gratos pela colaboração e apoio mutuo. 

O Diretor Fábio Fernandes busca em sua proposta cinematográfica, elementos do teatro de rua que dão aos personagens em suas ações cênicas, o tom de ironia e comicidade. "Aliar elementos do teatro pode fazer do filme um marco na produção áudio-visual contemporânea dentro da trajetória de nossa Cia teatral" - Afirma o diretor.


Cenas do processo criativo do filme "Lendas de Pedra".
Saiba mais em nossa fan page:
https://www.facebook.com/eloyciateatralinformativo/

Eloy Cia Teatral & ARTEMANHA estreiaram suas peças.


Imagens : Washington Fernandes

Na ultima Sexta feira (22/07/16) As companhias teatrais da Escola Municipal Dr. Eloy de Souza estrearam suas montagens. Na casa de cultura popular, a população pode conferir as peças "La trupe del A.S Egypcio & La Moskytta" e a "Lenda de Chorosa", ambas, produções coletivas.
 O teatro ARTEMANHA apresentou "A Lenda de Chorosa", uma história fictícia que mistura personagens imaginários. A peça se passa numa noite tenebrosa onde várias criaturas do além surgem numa próximo a uma casa abandonada, na qual vive vagando uma alma chamada Luana Assombrosa, ela procura por sua boneca Chorosa que na verdade é uma menina enfeitiçada. A história mescla humos e drama, e rebusca o imaginário popular dos misteriosos personagens mal assombrados. 


 Por sua vez a Eloy CIA Teatral, apresentou "La trupe del A.S Egypcio & La Moskytta". Uma comédia musical politicamente incorreta que aborda temas como a dengue e suas mazelas em meio ao cenário político atual do Brasil.
 Os espetáculos entraram em cartaz e agora se preparam pra turnês pelo estado. Viva o Teatro!

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Artista potiguar Alexandre Muniz é o Melhor Ator do Festival Internacional de Teatro em Blumenau

Alexandre Muniz e o Prêmio de Melhor Ator 


O Espetáculo P's da Cia. Trapiá de Caicó foi ao palco do Teatro Carlos Gomes, dia 10 de julho, no 29º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau - FITUB, em Santa Catarina, com o teatro lotado, com 900 pessoas, do Brasil, Argentina e Chile.

O resultado de P'S em Blumenau tem nome: Sucesso! O espetáculo recebeu Prêmio de Melhor Ator para Alexandre Muniz e duas Menções Honrosas da Comissão Julgadora: pela Pesquisa da Linguagem e pela Dramaturgia de Gregory Haertel, autor do texto com base na obra de Focault.

Inspirado em “Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão”, de Michel Foucault, o espetáculo provoca a reflexão e o debate em torno da memória, psiquiatria, justiça e amor desmedido.
P'S: Aglailson França ( trilha sonora), Custódio ( cenário e
figurino), Gregory (texto), Emanuel Bonequeiro (sonoplasta),
Alexandre (ator) e Lourival ( diretor)

Também estão em Blumenau, o professor Dr. Lourival Andrade, diretor do espetáculo; o maestro Aglailson França responsável pela concepção da trilha sonora; Emanuel Bonequeiro responsável pela execução da trilha sonora e Custódio Jacinto, do cenário, figurino e execução de Iluminação.

O texto é do dramaturgo Gregory Haertel de Blumenau, SC, e a concepção da iluminação é de Adriano Nunes, de Currais Novos, RN.

O espetáculo também foi um dos selecionados para o 8º Festival Nacional de Teatro de Jales no interior de São Paulo, ocorrido em maio deste ano.


Anna Jailma - jornalista e blogueira

DISPONIVEL EM
http://aflordaterra.blogspot.com.br/2016/07/alexandre-muniz-e-o-melhor-ator-do.html?spref=fb

Sobre meu reflexo. - Fábio Fernandes


Sei que muito se fala "o que vale é o caráter".
Pois bem, o caráter é algo que subsiste de si mesmo, ou seja, se tem ou não. Porém atinge-se um determinado momento em que chegamos a cair no senso comum de acreditar que precisamos ser narcisistas, se amar acima de tudo e não ver nossos defeitos e imperfeições físicas, externas e  socializadas; tanto, que exageramos nessa divagação adoradora de nós mesmos. Vale a pena vivermos o que somos, nossa essência, bla, bla, bla e muitos textos prontinhos... Mas e se nossa essência “apenas” não preencher nosso ego? Não há como negar que nos achamos sempre especiais nesse território vitalício, que atribuímos valores a nossas ações, que gostamos de elogios a uma crítica perversa e necessária, mesmo que essa venha ser de natureza produtiva. Nos escondemos muitas vezes em sorrisos amarelados, mecânicos e hipocritamente afirmamos uma real felicidade.

Será mesmo que estamos satisfeitos com nosso corpo, nossa aparência exteriorizada? Porventura não seria melhor emergir das nossas zonas de conforto e tentar reagir ao descaso e ao suvenir sedentário? Será mesmo que se nos despirmos dos nossos egos infláveis vamos ser mesmo felizes e realizados apenas por sermos portadores de caráter incontestável?  Será que nossa autoestima está em alta? Será que cultuar nossas carcaças nos torna fúteis? São dilemas que queremos de certo modo ignorar.


Creio que se soubermos dosar nosso intelecto e externar um contentamento de nós mesmos, sem estar sendo artificiais pode nos ajudar a afirmar nossas incapacidades e dificuldades de aceitar o plano mutável. Eu não penso estar bem por certos momentos, a imagem relaxada e de certo modo esquecida torna-me um ser pensante e que aceita o conceito de “beleza” apenas teoria filosófica e como uma forma emergente de consolo. Até onde devemos buscar o caráter da beleza? Será mesmo que somos seres felizes? Enquanto isso, seguimos a divagar.