sexta-feira, 4 de março de 2016

O Abissal Natural de Rogrigo Braga

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Nascido em Manaus em 1976, mudou-se prontamente para Recife, onde graduou-se em Artes Plásticas pela UFPE (2002). Em 2012 recebeu o Prêmio Pipa/MAM-RJ Voto Popular e em 2013 o Prêmio MASP Talento Emergente. Possui obras em acervos particulares e institucionais no Brasil e no exterior, como MAM-SP, MAM-RJ e Maison Européene de La Photographie – Paris. Atualmente vive no Rio de Janeiro.

É na fotografia que Rodrigo Braga encontra a mídia que consegue transfigurar suas ideias, seu mundo imaginário interior em objeto plástico com transparência. Seu contato quase brutal com a natureza, do homem e do ambiente, expõe sua intimidade abissal. Seu repertório de signos grotescos transpassa a inerente característica viceral da própria natureza humana. Suas 'instalações' desnudam a conexão homem-natureza, trazendo para a superfície dos sentidos a intensidade desta integração, vital para a sobrevivência e para o autoconhecimento do homem. A plasticidade que o artista consegue mostrar é nua, crua e viceral assim como a própria natureza em si e a essência humana na sua forma mais pura. Seu trabalho em vídeo é uma extensão de seu repertório plástico e coloca em movimento sua relação com a natureza.
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Na série 'Comunhão', Rodrigo Braga mostra sua conexão com a natureza de um bode. Retrata de forma explícita, quase sensual, a relação que falta aos humanos 'modernos', entre o ser e seu relativo, neste caso em específico o bode. A tecnologia de hoje permite que nos conectemos com muita facilidade mas a relação entre homem-natureza se perde cada vez mais a medida que nossa interação com a tecnologia aumenta.
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A parte mais interessante do trabalho de Rodrigo Braga é mostrar, cruamente, de uma forma quase explícita, a relação que vem se deteriorando em consequência do mal uso que fazemos da tecnologia hoje em dia como substituta da própria realidade. O artista nos lembra, grita para quem quiser escutar, que a natureza do homem não pode ser concebida sem a relação homem-ambiente, e que esta junção nunca poderá ser desfeita. Sua obra é infinita e sua plasticidade pitoresca é única e individual, sua impressão digital.
ilhario.jpg Numa sociedade que preza pelo irreal, que vê o mundo através da tela de um aparelho que cabe na palma da mão ou numa tela situada num móvel de um lugar seguro e confortável, Rodrigo Braga nos alerta para esta questão de sobrevivência como espécie humana que não pode ser concebida sem a integração com a nossa natureza animal.
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