sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Grinaldas no dia de finados = Ovos de chocolate na páscoa.

Por: Fábio Fernandes

Hoje no calendário do país se configura dia de finados, aquele  que consiste numa homenagem simbólica a nossos queridos companheiros que (jás) se foram pra outra dimensão, pro céu, pro inferno, purgatório ou outro lugar que somente a fé de alguém é capaz de crer. 
Na minha limitada visão, vejo esse dia como pretexto para mais um feriado no país, sem dúvida algo que é de referencia e origem cristã. Sem falar que o mercado também intervem nesse dia dos mortos, uma vez que grinaldas são vendidas a esmo e em grande proporção. Vejo essas auréolas de flores similares à ovos de chocolate na páscoa e máscaras e farinha de mingau em período de carnaval. 
Ainda no meu singelo raciocínio  não vejo esse dia de finados como alguma prova de amor ao companheiro-irmão que morreu, consigo também ver que é de inteira importância valorizar as pessoas enquanto estão do nosso lado, seja ela parentes próximos ou não, seja ela rica ou pobre e assim por diante.
 Posso, no entanto, estar parecendo ser o "Do contra" da história, pois creio que quando não seguimos os padrões sócio-religiosos em nosso país (laico) somos tidos como rebeldes, descompromissados, fúteis, alem de não sermos nada éticos e transparecermos imorais perante a sociedade (burguesa) conservadora, pois bem se é pra ser assim; que seja. 
Na boa caros amigos, deixemos de acreditar que o dia de finados vai fazer a memória do defunto mais viva - isso é até louvável.  Espero que ao invés de visitarmos cemitérios por modismo cristão, venhamos realmente a nos importar com as pessoas ainda em vida.

Não é porque boicoto o dia de finados que não homenageio (com arte) quem acredita nessa simbologia e atribui importância considerável a esse acontecimento. LID GALVÃO expressa em sua poesia algo semelhante a esse momento de separação da vida para a morte.




Velório



...Choravam cúpulas de vidro,
Debruçadas, por vezes,
Em meio a olhares compreensivos.
E por vezes, deixavam escapar uma só lágrima
Que jurei já ter se esgotado antes.
Olhei velas e um corpo imóvel,
Enquanto alguém falara suas últimas palavras.
O que arrancara mais comoção,
Ainda mais que o possível.
Não pensei na morte como aquele alívio,
E sim, como a verdadeira solidão.
Lembrei-me de abraçar um ser sem combate,
E nada dizer, a não ser...
Dando um pouco de calor de minhas mãos,
As suas palmas frias e covardes.
Imaginei a mim mesma,
Deitada em sono profundo;
Sem cor e com algo como um véu
Impedindo que moscas me sentissem antes do tempo.
Confesso, perturbei a mim mesma.
Não desejo ir!
Não espero que deixe-me ir...
Tão incompreendida... E tão só!

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