domingo, 30 de agosto de 2009

Aurora Numbora (Ato 3- Cena 10)

“O Final Sempre Desfecha”
(Dãããããã)

SEBIM – Pois é isso ai que aconteceu, não me tornei barão... Martinha se casou com Lucílio...

MARTINHA --- Meu amor por favor me dá um celular, um vestido de 500 reais,um salto de 600,uma TV de plasma, quero grana pra ir ao cabeleireiro e quero ir pro forró do Dagô com a roupa mais elegante e cara que tem aqui nessa cidadezinha ralé.

SEBIM – Claro que boa mentira tem perna curta...

LUCILIO --- Quer saber sua mocréia, eu não gosto de mulher, tu é chata pra caramba! me casei contigo pra fazer os gostos de mamãe e pra provar que nenhum tal de Sebim seria capaz de me desafiar...

MARTINHA – Azar o seu, se gostar ou não gostar não faz diferença, eu não gosto de você mesmo, sempre soube que sua praia era o Tonhão , e só casei contigo porque é rico e não queria passar a vida toda sendo sustentada com o amor de um pobre roceiro...(Fica como estátua)

SEBIM – É claro que ela não esperava ouvir da boca do Lucilio, que ele era uma bixa pobre...(risos)

MARTINHA --- Nãããããããããããõ!

SEBIM – Claro que o jeito foi ficar sozinha e procurar Artênio pra trocar figurinhas, porque através da chantagem que kakinha deu em Mãezona , a mãe de Artênio se curou com o dinheiro da propina, e Artênio nunca ficou sabendo que Kakinha também sabia da farsa do Lucílio... O velho Leopoldo perdeu suas ovelhas e agora recebe em dia sua pobre aposentadoria, e claro que se juntou com Mãezona e parou de beber...

LEOPOLDO --- (Cantando) Garçom, aqui nessa mesa de baaaaaaaaaaaaaar! (Desmaia bêbado)

SEBIM – Pelo menos até onde sei... (Risos)

(Entra Artênio abraçado com Kakinha, e é abordado por Martinha toda maltrapilha)

MARTINHA – Por favor Artênio , precisamos conversar...

ARTÊNIO — Nossa , eu não acredito que ela pronunciou meu nome! Ta doente é?

KAKINHA - Azar o d’ela vamos embora d’aqui, que eu sou uma ex-drogada e posso contagiá-la.

ARTÊNIO — Não Kakinha, deixa eu trocar algumas idéias com ela...

MARTINHA - Que bom que você me deu essa chance.

ARTÊNIO — Pois fale logo, que tenho o resto do domingo pra curtir minha folga com minha noiva e futura esposa .

MARTINHA - Você ainda vai continuar nessa farsa? Você não ama a minha prima, eu sou o grande amor de sua vida, você vivia dizendo isso pra todo mundo...

ARTÊNIO — Pois é , agora você tem razão, eu ainda à amo, mas tu só quer saber dos bens que comprei com o suor do meu trabalho... e esquece que sou uma criatura que também tem sentimento. Tudo que você queria era casar com um cara rico, pois bem , você conseguiu.

MARTINHA - Você não pode fazer isso comigo, eu te amo Artênio.

ARTÊNIO — Posso sim, sei que você sempre me quis e que me ignorava por eu ser um pobre pastor de ovelhas, hoje por me ver um pouco bem financeiramente, viu a burrada que fez em não confiar em mim.

MARTINHA --- Não é isso, me perdoe, ainda há tempo pra sermos felizes.

ARTÊNIO — Esse tempo já acabou faz exatamente dois anos, tempo em que você ficou casada com um charlatão e que estava simplesmente nas mãos de Sebim, durante esse tempo trabalhei, estudei e agora sou respeitado, tenho a força do trabalho e nunca precisei usar os outros como escudo.

MARTINHA -- Me da uma chance pra eu provar que mudei.

ARTÊNIO — Não, você plantou o erro agora colha seus frutos.

MARTINHA– (Chorando) Por favor não faça isso comigo, você não ama minha prima, por favor!

ARTÊNIO — você tem razão , e como você mesma falou “nunca é tarde pra ser feliz”.
Espero que encontre alguém que te complete. Passar bem.(sai de cena com Kakinha)


(Martinha fica a se lamentar e cai no choro profundo)

SEBIM – Pois é Martinha, olhe só o que você conseguiu com tanta ambição, Nada!
Vai ficar pra titia, ao contrário de sua prima Kakinha.

(Pausa em cena, Martinha olha bem nos olhos de Sebim, e o observa dos pés à cabeça e de repente fala)

MARTINHA --- Ficar pra titia... é o que você pensa.

(Avança pra cima de Sebim e tasca um beijo suculento).


*(Caem as cortinas)


NARRADOR --- Moral da história: uma andorinha só não faz verão.

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