O teatro nordestino se movimenta, viaja, troca referências, experiências e, sobretudo, plateias. A "liga" entre a dramaturgia regional está sendo feita através do Festival das Artes Cênicas do BNB, um projeto itinerante em celebração aos 60 anos do Banco do Nordeste e suas atividades culturais. Após passar por Aracaju e Salvador, a programação chega a Natal de 26 a 29 de julho, com apresentações gratuitas realizadas entre a Casa da Ribeira, Barracão dos Clowns e no largo Dom Bosco/Praça Augusto Severo, na Ribeira. O objetivo é promover o intercâmbio entre os grupos teatrais nordestinos.
Divulgação
Grupo Parque apresenta Engenharia Erótica no Barracão dos Clowns
O BNB programou dois festivais comemorativos para distribuir entre os Estados: um de música e outro de teatro. Natal ficou com o de artes cênicas, "pelo bom entrosamento de suas atividades ligadas ao teatro", segundo Tibico Brasil, gerente do ambiente de gestão da cultura do Banco do Nordeste. "Já contávamos com um histórico de bons contatos entre grupos locais, como o Pessoal do Tarará, Clowns de Shakespeare e Casa da Ribeira, portanto, foi óbvio concluir que o teatro possui uma boa organização, de trabalhos e de público, por aqui", afirma.
A programação foi definida por uma curadoria própria do BNB, com a ajuda de grupos locais que, de certa forma, também são parceiros do projeto. "Boa parte dos grupos teatrais já se apresentou em outros eventos do BNB, portanto, já conhecemos as qualidades do que está sendo mostrado", afirma Tibico Brasil. Ele ressalta que é de suma importância o apoio dos parceiros para a realização do festival, que atuam no apoio logístico e na divulgação do evento. Por sinal, o elogiado "Sua Incelença, Ricardo III", dos Clowns, foi apresentado em Sousa (PB), Cariri (CE) e Fortaleza (CE).
Espetáculos
O festival traz cinco peças de cinco estados (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte), a serem apresentadas de quinta a domingo, em diferentes lugares. A peça "Engenharia erótica" abre a programação nesta quinta, às 20h, no Barracão dos Clowns. O Grupo Parque de Teatro (CE) mostra a história de vida de quatro travestis. Baseado no livro "Engenharia erótica: travestis do Rio de Janeiro", do fotógrafo e psicanalista Hugo Denizart, a peça une realidade e ficção ao propor para o público tornar-se parte de um encontro que desvenda questões humanas para além de estereótipos e preconceitos.
Na sexta, em pleno ar livre na Ribeira, será apresentada a releitura de "Romeu e Julieta" pelo Grupo Garajal (CE), no largo Dom Bosco, às 17h. A conhecida história de amor escrita por William Shakespeare ganha aspectos populares. O espetáculo confere ao espaço público dimensões de terreiros de reisado e picadeiro, mesclando jaraguá, príncipes, guerreiros, Montecchios, Capuletos, maracatu, pau de fita e rituais.
O grupo paraibano Bigorna apresentará na sexta à noite o espetáculo "Esparrela", às 20h, no Barracão dos Clowns. Com texto, direção e atuação solo de Fernando Teixeira, a peça mostra a relação de um urubu, Arquimedes, e seu adestrador, Manoel. Para entrar na cidade da qual foi expulso, o adestrador resolve ensinar a ave a dançar. Sua intenção é impressionar as pessoas do lugar através da surpreendente habilidade do urubu.
O Barracão dos Clowns receberá no sábado, às 18h, a peça "Incelença", da Cia. do Rosário (PB). O espetáculo narra a história de Seu Olimpo, artista popular que vem apresentar seu show de variedades. Junto a um elenco de bonecas, o protagonista relembra números de circo, dança, cordel, música e drama, revelando a beleza do sonho para jamais esquecer. A peça une a linguagem da máscara e do cômico com a cultura popular nordestina, fazendo uma reflexão sobre a solidão.
A pernambucana Cia Animé apresentará "As Levianas - Em pocket show", às 20h, na Casa da Ribeira. A peça mostra quatro palhaças num irreverente show inspirado em pérolas da música brasileira e internacional. Com canções que vão do blues ao brega cult, "As Levianas" recriam não somente composições, mas também tipos de cantoras e cantores que através de suas personalidades, vozes e melodias marcam a história da música.
No domingo, um velho conhecido volta à Casa da Ribeira, às 17h: "O Ratinho Teobaldo" (RN). O espetáculo infantil conta a história de um pequenino e talentoso roedor que tenta, com sua música, semear a paz e a tolerância entre as pessoas. A peça enfatiza que o respeito à diferença e a força da sensibilidade podem tornar a vida mais leve e feliz.
Para o público adulto, virá o espetáculo "Seu Bonfim", do grupo baiano Território Sirius, às 20h, na Casa da Ribeira. A peça é livremente inspirada no conto "A terceira margem do rio", de Guimarães Rosa. Mostra um velho contador de histórias do sertão que, a partir de um episódio narrado por ele, começa a contar acontecimentos do seu passado, onde rememora pessoas e locais, expondo pensamentos sobre tempo, vida e loucura.
Serviço: Festival das Artes Cênicas do BNB. De quinta a domingo, entre o Barracão dos Clowns, Largo Dom Bosco e Casa da Ribeira. Acesso gratuito. Ingressos devem ser retirados uma hora antes do início de cada sessão. Tel.: 3133-3226.
Bate-papo
Tibico Brasil, gerente de gestão e cultura
O Rio Grande do Norte está em alta junto ao BNB: neste mês foi anunciada a aprovação de 64 projetos culturais potiguares junto ao Programa de Cultura Banco do Nordeste/BNDES, com patrocínio de R$1,5 milhão. Mesmo assim, ainda não será desta vez que o Estado receberá um dos Centros Culturais do banco - havia uma intenção local de se fazer um centro no antigo prédio da Cidade Alta. O gerente de gestão da cultura da instituição, Tibico Brasil, falou sobre o assunto:
Há alguns anos o BNB sinalizou a criação de um Centro Cultural em Natal. Esse plano está em andamento?
Não em Natal. No momento não há previsão de um novo Centro Cultural além daqueles que estamos finalizando no momento, que são os de Teresina (PI) e Vitória da Conquista (BA).
Quantos centros culturais o BNB têm no Nordeste?
Até o momento, três: em Fortaleza (CE), Cariri (CE) e Sousa (PB). Além dos outros dois que estão em processo de instalação.
Qual o critério da instituição para para montar um Centro Cultural?
Geralmente, nós procuramos lugares que tenham condições de receber um Centro, reforçar a cadeia produtiva de cultural local, e ainda tenham uma certa carência no segmento, por isso não estendemos esse tipo de projeto a capitais como Recife e Salvador, que já possuem grandes atividades na área. O Centro atua como um formador de plateias e espaço de difusão e promoção da cultura nordestina. Há uma programação diária relativa à música, cinema, museus, artes visuais, teatro e literatura, habituando o público a conviver com artistas e obras de qualidade.
Outros festivais ainda virão para o Rio Grande Norte este ano?
Não, por enquanto, as ações para 2012 em Natal estão restritas ao Festival de Artes Cênicas.
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