terça-feira, 3 de julho de 2012

Vamos pensar um pouco. # Assu-RN e sua homenagem ao rei do baião.


Por Fábio Fernandes.

Morei 18 anos em Assu, uma cidade do interior do Rio Grande do Norte. Esta, sempre sustentou a fama de “cidade dos poetas “ ou de ser rotulada de “terra da poesia”. Pode parecer paradoxal, mas não consigo atribuir nenhum dos títulos em questão.

O que me faz pensar desta forma é a falta de investimento no setor cultural. Noto que os lideres desta cidade nem se quer atentam para a valorização dos nossos poetas, músicos locais, atores entre outros seguimentos da arte que vivem numa espécie de “ócio cultural”, no entanto, estes ícones (obsoletos) culturais transitam num espaço esquecido, sem evidencia e na constante falta de apoio.

A cidade vive pautada em títulos fantasiosos, utópicos; persiste viver numa eterna quimera. Até quando vou testemunhar isso? Até quando irei falar às pessoas que a cidade na qual vivi 18 anos não é a cidade dos poetas? Até quando terei que dizer a meus colegas que temos que sair de nosso ninho, abdicar de nossas amizades e de nossos valores para emigrar a outras cidades em busca de um valor pelo qual, seria nosso por direito?

Essas inúmeras questões sobre nosso valor cultural persiste e creio que poderia ser diferente se tivéssemos desde o berço, acostumados com peças teatrais, músicas de bom gosto e de qualidade como critério primordial, recitais de poesias em nossas escolas e o incentivo a leitura de bom grado pelos nossos tão ilustres professores. Hoje percebo minha dificuldade de escrever, isso porque tive um ensino básico de baixa qualidade, é uma pena me usar como objeto base para reflexão tão necessária. Mas esse não é o foco desta dissertação, uma vez que os valores culturais intrínsecos em nossa bagagem de vida englobam todos os aspectos pedagógicos do sujeito.

Retorno a falar sobre nossa cidade, aquela tão conhecida e aclamada como terra dos poetas (mortos), esta pela qual sempre nego quando alguém faz alusão a nossa poesia constante. Neste ano fui ao município conferir as festividades juninas, crente que iria presenciar uma grandiosa homenagem ao nosso eterno Luiz Gonzaga, o precursor de um estilo musical que é referencia em nosso querido nordeste, quiçá no país como um todo. Este artista reconhecido internacionalmente merecia no mínimo uma homenagem de peso, assim como seu nome.

Infelizmente presencio uma espécie de “forró” medíocre, sem qualidade, com a falta da grandeza das letras que gerem uma leve reflexão, que tem por excelência falar de bebedeira, farra, prostituição, cabaré entre outras coisas fúteis do gênero, o pior não é isso, entendo como mais brutal e indelicado a forma pela qual esses “forrós” modernos tratam a figura da mulher. Estas “musicas” a rebaixam, subestimam e tratam com desdém uma figura tão linda e poética; que é este feminino que contem na imagem da mulher.

Portanto, chego a me perguntar se o nosso querido rei do baião está feliz com essa homenagem, se vai ser preciso usar até o nome do saudoso Luiz como título para continuar nessa politica ridícula de “pão e circo”, assim como fizeram com os nossos eternos e ilustríssimos poetas. Nesta hora, creio que o eterno Renato Caldas curtiria essa crônica, caso ele tivesse uma conta no facebook.

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