BERLIM - As esculturas de Wolfgang von Schwarzenfeld em um parque de Berlim foram feitas para promover a paz mundial, mas o alemão de 79 anos agora se encontra em guerra com uma tribo venezuelana, que o acusa de roubar uma pedra rosa sagrada conhecida como "Avó". De um lado, o governo venezuelano defende os índios Pemon da região Gran Sabana, exigindo a devolução da pedra polida do parque Tiergarten de Berlim. De outro, o escultor argumenta que a pedra foi um presente legal. O ministro da Cultura venezuelano, Pedro Calzadilla, disse à televisão estatal que a doação era "ilegítima" porque a pedra era parte do patrimônio cultural da comunidade (Pemon). - Promotores estão investigando a remoção da pedra porque quem autorizou a retirada da Avó cometeu um crime. O presidente do Instituto de Patrimônio Cultural, Raul Grioni, está reunido com a Unesco, em São Petersburgo (Rússia), tratando do tema patrimonial - disse à TV. Sem consciência do cabo-de-guerra diplomático, Robert, um jardineiro berlinense, salta de sua bicicleta para acender incensos entre as pedras de cinco continentes, que formam o "Projeto Pedra Global", esperando amigos para um ritual de xamanismo ao entardecer. Já os turistas venezuelanos Grecia Melendez e Juan Carlos Brozoski suspeitavam que houvesse motivos políticos por trás dos protestos. - Chávez quer sempre um conflito com alguém - disse Melendez, de 32 anos, tirando fotografias da pedra de 12 metros cúbicos, que foi entalhada com a palavra "amor" em várias línguas - e pichações com nomes de casais e corações. Na semana passada, membros da tribo Pemon protestaram diante da embaixada da Alemanha com lanças, cocares e cartazes que diziam que "o povo Pemon quer nossa sábia avó de volta". O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Alemanha, Andreas Peschke, afirmou que Berlim queria a melhor solução para todos os lados - Venezuela, os grupos indígenas, o artista e a cidade de Berlim. Com documentos que autorizam a retirada da pedra do Parque Nacional Canaima em 1998, Von Schwarzenfeld desafiou o presidente venezuelano a pegar de volta o que ele chamou de um presente do ex-presidente Rafael Caldera. O projeto foi inaugurado em 1999 perto dos monumentos berlinenses da Praça Potsdamer e do Portão de Brandemburgo. - A paz para mim não significa a ausência do conflito - afirmou o artista, sem se deixar desanimar pelo que ele também suspeita serem "motivações políticas" por trás da briga pela pedra. Foto: O escultor Wolfgang von Schwarzenfeld ao lado da pedra que seria sagrada para tribos venezuelanas
Fonte: Globo http://www.catalogodasartes.com.br/Detalhar_Noticias.asp?id=7098 |
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