No referente texto, procuro relatar a importância da instituição Familia para minha formação na área teatral:
Por: Fábio Fernandes
O alcance
da qualidade acadêmica na formação docente em Teatro vem sendo um ponto de
reflexão de grande importância na minha experiência na relação arte-escola. Por
meio de uma vivencia completamente diversificada ao longo de meu percurso vital,
busco evidenciar essa trajetória de vida e suas consequentes experiências no referido texto.
Nesse espaço virtual, vejo a oportunidade de poder-me autoavaliar enquanto corpo ativo em
meio aos processos artísticos, em especial o teatro como campo de investigação,
uma vez que minha graduação corresponde as perspectivas teatrais como fonte de
conhecimento. Em diversas etapas da vida, a informação pertinente ao que seria
teatral se mostra diversificada, dependendo de cada perspectiva na qual a
informação me é fornecida.
No meio
familiar, posso detectar as primeiras manifestações teatrais que me foram
apresentadas, primeiro 1) através da
observação constante dos membros de minha família. Nesse processo, detecto as primeiras
influencias que moldam as características corporais do sujeito, são estas a)
forma de falar (comunicação oral) b)movimentação corporal (níveis de
energia) C) cognição (percepções
figurativas) D) e por fim o lugar da
criação a partir da imaginação.
Ao
observar os membros de minha família, torna-se claro as diferenças que cada
sujeito apresenta, uma vez que a divergência de informações de cada indivíduo é
fundamental no processo de construção de mim enquanto sujeito. Levanto aqui a
ideia de que somos seres influenciáveis pelo meio em que vivemos, e o primeiro
espaço para esta troca de experiência é no eixo familiar.
Ao
observar meu pai falando, noto uma similaridade. Do mesmo modo se faz com os
outros membros da família. Ao tornar a imagem do meu pai num eixo paradigmático
no qual este se torna a figura de um líder que está no controle da família, o
que chamo de o “cabeça” do grupo... Atribuo, portanto, um valor hierárquico a
figura paterna, este que se encontra no topo da pirâmide de valores, este sempre
ficou no ápice, consecutivamente surge, a figura materna e logo após os irmãos
por ordem de nascimento.
Seguindo
essas informações naturais e culturais próprias daquela realidade, ao notar as
similaridades individuais, percebo que sou parecido com meu pai, este que
sempre vive a representar, mesmo sem intenção de mostrar que é um fenômeno
artístico. Também pela proximidade com a figura paterna vou adquirindo os
mesmos trejeitos do que se configura como “superior” no eixo paradigmático na
instituição família, por esse motivo passo a adquirir seus gestos cotidianos.
Chegará um momento em que vou ter essas matrizes no meu processo pedagógico.
Ligando
esta convivência de família ao contexto teatral, percebo que a construção de um
personagem está agregada a muitos valores do cotidiano, e que temos a pesquisa
em laboratório no intuito de moldar a personagem ao que mais se torna
característico da persona, até que este se torne físico (visível).
Os
aspectos teatrais que surgem, portanto neste contexto é a livre expressão de
personalidade pela qual se cofigura a mim, no aspecto ligado ao imaginário,
vejo que tais influencias surgem das contações de historias mostradas pela
minha mãe antes de dormir, por exemplo. Nesse aspecto passo a agregar outros
valores em minha construção individual.
Com
relação ao conhecimento de aprendizagem, assumo como ponto importante e crucial
o fato de meu pai ter me ensinado a ler e a escrever, mesmo tendo estudado até
o 5º ano do ensino fundamental. O método pedagógico de ele me instruir começa
com os textos que este me sugeria ler, neste ponto, detecto que nas histórias
existiam fatos em que não condiziam com a “realidade”, por exemplo, numa
história em que um animal falava, no meu cotidiano não consigo entender esse
fato como real, porem acredito que o animal fala o mesmo idioma que eu na
história. Esta, portanto, é uma ação teatral. Esta informação me faz aflorar
para a possibilidade de um animal falar, desta forma passo a querer me comunicar com estes seres, mesmo
sabendo que eles não se comunicarão comigo no mesmo fluxo. Isto é absolutamente
teatral.
O que se
faz possível em meu processo criativo na arte através do contexto familiar,
também é corporal, pelo fato de eu poder correr, pular, andar, falar, ver TV e
reproduzir os gestos que os personagens dos desenhos animados faziam, as
brincadeiras também contribuem para esse corpo que aos poucos ia ganhando forma
própria. Construía-se então o sujeito que mais tarde seria um pesquisador da
arte teatral.
Circo
Outro
ponto de grande importância no meu processo formativo como sujeito inserido na
arte, foi o fato de ter contato direto com o mundo circense, essa aproximação
que era pratica frequente tornou ponto crucial na construção de minha personalidade,
tanto que a prática do circo se fazia presente em nossa família. Refiro-me as
nossas “brincadeiras” cotidianas que consistiam em fazer uma mimese do mundo
circense, para todos os membros de minha família era destinada uma ação e um
personagem, assim como no circo que frequentávamos. As personagens se dividiam
em quadros específicos, ou seja, éramos palhaços, malabaristas, trapezistas,
apresentadores, enfim, fazíamos uma espécie de cópia circense de todas essas
figuras do circo, por conseguinte representávamos e/ou reproduzíamos as ações
afins.
Detendo-se
individualmente a mim, pude ficar com a mimese do palhaço, creio que este foi o
primeiro personagem que interpretei. Ao me transformar em um palhaço, me detive
a observar o que as figuras (matrizes) apresentavam em relação as ações
corporais, a fala, aos textos prontos pelos quais reproduzíamos em nosso
picadeiro. A dramaturgia de nosso espetáculo era voltada a cópia do circo, não
exigia uma qualidade rebuscada, uma vez que a principio esta experiência estava
mais para o eixo lúdico.
Enfim, em
meio a estes acontecimentos, passo a analisar o contexto de uma infância
repleta de experiências artísticas, sem dúvida essas brincadeiras influenciaram
bastante o que havia de teatral em meu processo criativo permanente. Não
estávamos preocupados em saber o porquê reproduzíamos o fenômeno artístico do
circo nem ao menos em tentar entender o fato determinada linguagem existir, nos
preocupávamos apenas em brincar, buscar uma diversão e ocupar nossas horas de folga.
Chamo
este fenômeno de ação primitiva, uma vez que fazemos por instinto, no simples
fato de sentir prazer, talvez pra tentarmos
nos ver livres de obrigações cotidianas
que nos causam peso na consciência de obrigações reais para com a instituição família. Esta, portanto, foi a
visão teatral que se mostrou a priori em minha vivencia enquanto sujeito em
processo de aprendizado vital, desta forma fui me construindo em relação ao
fazer teatral, mesmo desconhecendo que território seria este que inevitavelmente
viria a transitar nos primeiros passos de minha vida artística.
...
No próximo artigo, investigarei os áspectos teatrais no contexto escolar.
Até.
Até.
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